(…)
Três
das crianças sofreram acidentes laborais, uma com queimaduras com produtos
químicos.
(…)
Há
miúdos de 14 anos a trabalhar na construção civil e adolescentes com 15 a fazer
turnos de 14 horas ou horários de 12 horas diárias.
(…)
O
número de crianças empregadas nos EUA, em violação da lei, aumentou 37% só no
último ano e 69% desde 2018.
(…)
Em
dois anos, dez estados introduziram ou aprovaram legislação para aumentar o
horário de trabalho das crianças.
(…)
O
discurso para rasgar legislação de proteção infantil de 1938 vem da cartilha
trumpista.
(…)
Só que
esta libertação do jugo estatal cai sempre (…) nas costas de crianças
negras e hispânicas dos estados do Sul.
(…)
A
campanha pelo trabalho infantil, promovida por republicanos, seus financiadores
e grupos ligados à indústria, não vem do nada.
(…)
Para
manter os salários baixos é preciso manter a imigração ilegal (sem direitos) e
empregar crianças.
(…)
Para
as famílias aceitarem o regresso ao passado têm de viver num limiar abaixo dos
mínimos de sobrevivência. A fome é um regulador de mercado.
(…)
Cá,
para obrigar desempregados a aceitarem trabalhar pelo mínimo.
(…)
Nos
EUA, que vão sempre à frente, para obrigar a prole dos mais pobres a produzir.
(…)
Como
há menos de 6 milhões de desempregados [nos EUA] e 42 milhões só conseguem uma
alimentação condigna com estes cupões [de apoio do Estado], a maioria são
trabalhadores para quem o salário não chega nem para comer.
(…)
Lá,
como cá, faz-se o discurso da fraude. Mas a percentagem que não chega aos
destinatários ou é alvo de fraude está nos 1,5%, uma das taxas mais baixas
envolvendo dinheiros públicos.
(…)
Ao
mesmo tempo que tememos pelos empregos que a inteligência artificial roubará, o
trabalho infantil regressa a uma das economias mais prósperas do mundo.
(…)
Entre
1929 e 2000, o PIB per capita no Ocidente multiplicou-se entre quatro a seis
vezes, mas o número de horas de trabalho semanal caiu apenas de 47 para 42 para
os homens e para 39 para as mulheres.
(…)
Quando
o medo desaparece, não há imperativo moral que ponha travão à exploração.
(…)
Não há
capitalismo generoso, há capitalismo temeroso.
(…)
[O fim
da crueldade humana] nasce dos limites ao poder do mais forte.
(…)
Tirámos
os limites ao capitalismo. Esperemos a barbárie.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Tenho um considerável mal-estar com o vezo autoritário,
liberticida e controlador da vida individual que ela [nova legislação sobre o
consumo de tabaco] revela.
(…)
Se o
“tabaco mata”, mais valia então proibi-lo, do que ter um pé na liberdade de
fumar e outro na prevenção dos malefícios do tabaco.
(…)
O
grande argumento que se pode aceitar como socialmente útil e necessário é a
protecção do fumador passivo, que não escolhe fumar, mas que os outros obrigam
a fumar.
(…)
Compreendo
que se possa considerar que, por exemplo, o SNS não tenha que suportar os
custos dos vícios que “matam”, embora esses vícios vão muito para além do
tabaco e haja sobre essa matéria muita hipocrisia.
(…)
Mas ir
para além disso [encontrar equilíbrios, sempre protegendo os mais fracos] é “fascismo higiénico”, que é muito pouco
higiénico, mas é “fascismo” para as sociedades democráticas e liberais.
(…)
Existe
acaso algum dado científico que mostre que numa esplanada coberta exista algum
risco efectivo de se ser um fumador passivo com impacto na saúde?
(…)
O que esta nova legislação pretende é moldar os
comportamentos através de proibições muito para além da sua utilidade médica.
(…)
O
Estado é bastante tolerante com muitos vícios e muito hipócrita face a vários
deles. O exemplo mais flagrante é o álcool.
(…)
Ou, pior ainda, o jogo, que sob directo patrocínio do Estado
tem crescido exponencialmente.
(…)
As sociedades perfeitas não são livres.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Os trabalhadores e o povo português estão prisioneiros de mecanismos de exploração
que agravam a pobreza, enfraquecem o país no plano demográfico e inviabilizam o
desenvolvimento.
(…)
Estamos a ser explorados por perda
do valor real dos salários, pelo agravamento das taxas de juros e baixa
remuneração de depósitos e, ainda, porque os lucros obtidos com essas
explorações não ficam no país.
(…)
Poderá dizer-se que o setor privado está
a propiciar, apenas por efeitos de mercado, uma ligeira melhoria salarial em
termos médios.
(…)
O perfil da nossa economia não está a
melhorar.
(…)
Ora, quanto mais frágeis são os serviços
públicos [por via da imposição de baixos salários] mais se recorre aos
privados, agravando a exploração a que ficamos sujeitos.
(…)
Quem centra as suas esperanças no impacto
do crescimento económico que se vai registando esquece-se de que sem melhoria
na distribuição da riqueza os resultados do crescimento não chegam às pessoas.
(…)
No novo cenário, os bancos obtêm chorudos
lucros à custa de taxas de juros elevadas sobre créditos à habitação e outros.
(…)
Temos a segunda taxa de remuneração [de
depósitos] mais baixa de toda a Zona Euro.
(…)
E, como a banca pertence em cerca de 80%
ao capital estrangeiro, os "muito bons resultados" do setor nem
sequer ficam em Portugal.
Todos
os anos, pelo menos, 55 milhões de crianças na Europa sofrem alguma forma de
violência física, sexual, emocional ou psicológica, diz-nos a OMS.
(…)
Quanto
mais conscientizarmos os nossos
filhos de que o abusador pode ser qualquer um, mais os
salvaguardamos para que possam livrar-se com unhas e dentes.
(…)
Hoje escrevo como alerta. Um toque indiscreto é invasão. Não
descrevo o horror, a dor que as vítimas sentem.
(…)
Precisamos
de todos, de um povo que se ergue para cessar o abuso, um povo que denuncia;
chega de fazer das crianças objectos e fonte de prazer.
(…)
Filhos, contem o que se passa e não tenham vergonha.
Escrevem, desenhem, se não conseguirem falar. Até serem escutados.
(…)
Ajudemos as crianças a estar atentas, a perceber os lugares
de abuso.
(…)
Note-se
que o fim do abuso, exploração,
tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças
também faz parte dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Andrea Ramos, “Público” (sem link)
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