quarta-feira, 1 de novembro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (75)

 
[Há um governo] que manda evacuar todos os hospitais do norte do país que está a bombardear.

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Que anuncia a toda a gente que vive na zona do seu ataque mais intenso que serão tratados como terroristas, ou seja, mortos.

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Que se refere aos seus inimigos como animais a liquidar.

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Que assassinou mais de três mil crianças, 40% das vítimas dos seus ataques, e assim continuará.

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Que condena atos terroristas contra vítimas civis ou a tomada de reféns e responde aumentando a escalada desses crimes.

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Que faz depender a segurança do seu povo do sucesso de um genocídio.

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Que foi previamente informado do ataque do Hamas e que não agiu.

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Que denuncia o secretário-geral da ONU como “amigo dos terroristas” por ter querido comida e água às populações cercadas.

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Que recusa o direito internacional, incluindo o dever de assistência a populações civis em perigo, porque são o inimigo.

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Que nunca aplicou as resoluções do Conselho de Segurança ou da Assembleia Geral da ONU sobre o território que ocupa ilegalmente.

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Que autoriza que cidadãos israelitas em colonatos ilegais ataquem aldeias vizinhas cujas terras estão a ocupar, porque querem exterminar os sobreviventes dos ataques anteriores.

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Nem é preciso perguntar, sabe qual é este governo e que nenhum outro se atreveria a estas formas de ação com a certeza da impunidade.

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Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Há neste momento milhares de famílias a enfrentar a violência do despejo, desesperadas porque não encontram soluções alternativas de habitação nem no mercado privado, nem no sistema público.

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Enquanto o Estado continuar sem conseguir tomar medidas que solucionem a crise de habitação deve ser adotada uma verdadeira solução de emergência: parem-se todos os despejos!

Ana Gago, Ativista na Associação Habita, “Público” (sem link)

 

O genocídio do povo palestiniano prossegue. O Estado de Israel já matou mais de oito mil civis e cerca de metade são crianças.

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Enquanto isso, ainda se ouve o coro daqueles que advogam o direito de Israel a defender-se, ignorando que os limites desse direito legítimo à defesa já foram ultrapassados.

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E, claro, é um coro que ficou cristalizado no sofrimento das vítimas dos ataques do Hamas e que não valoriza tanto o sofrimento dos palestinianos.

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Eu não acredito que a maioria dos portugueses confunda este massacre com o exercício de um direito de defesa e sobretudo não acredito que essa maioria se reveja no apoio à atuação de Israel.

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Nunca a falta de coerência das lideranças ocidentais esteve tão à vista. Desta vez, só não vê quem não quer.

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Ocupa terras que não lhe pertencem e oprime o povo palestiniano.

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É absolutamente vergonhoso como a situação se manteve ao longo de décadas com a tolerância da comunidade internacional.

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É verdade que nada disso justifica os ataques de 7 de outubro e ainda bem que todos concordámos nisso.

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Matar civis não é legítimo e isto tem de valer para os dois lados.

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Ao apoiarem um país que está a cometer um genocídio, as democracias do ocidente põem em causa o seu próprio posicionamento em toda a linha.

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Esses valores [ocidentais] já foram usados para justificar toda a espécie de intromissões na governação de outros países.

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Há um momento em que as nossas opiniões deixam de ser sobre política ou ideologia e passam a ser sobre humanidade.

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Ninguém estava preparado para tanto sangue e serão muitos os que não querem ficar com ele nas mãos.

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É neste contexto que Portugal tem mesmo muito a agradecer a António Guterres.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Vivemos dia a dia consequências muito mais violentas induzidas pelas alterações climáticas do que as bolas de tinta ou similares.

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Há estimativas que apontam para mil milhões de mortos induzidos pelas alterações climáticas durante este século. Isso, sim, é violento.

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A sociedade tem de integrar que precisamos de um modo de emergência. Mas mudar atitudes à escala planetária é difícil.

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As táticas antigas, inventadas por tabaqueiras, para criar dúvidas sobre os malefícios do tabaco, foram depois adaptadas para criar dúvidas sobre temas tão díspares como os benefícios das vacinas ou a emergência climática.

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Existem factos mais ou menos consensuais do ponto de vista científico sobre alterações climáticas e aquecimento global.

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Estimativas recentes sugerem que 99% dos estudos publicados o assumam. Cerca de um milhão de espécies pode desaparecer em consequência destas alterações.

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Há ainda vários pontos de equilíbrio instável, conhecidos como tipping points, que se ultrapassados terão consequências graves [algumas catastróficas, mas nenhumas inócuas] mas altamente imprevisíveis à escala global.

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Ou seja, as consequências podem ser piores do que as previstas.

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O que nos espera é drástico e, se soubéssemos quais e conseguíssemos pensar para além do amanhã, estaríamos todos a mandar bolas de tinta a decisores políticos.

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Se ensinássemos aos alunos o estado em que o planeta estará quando tiverem filhos, certamente veríamos mais ações de protesto. E mais violentas do que bolas de tinta.

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Porque é que não estamos todos na rua a protestar, todos os dias, porque os nossos filhos não vão ter uma vida tão boa como a nossa?

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É muito difícil transmitir ao público a noção de emergência num contexto de incerteza, em que as consequências surgirão seguramente, mas não amanhã.

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Não é catastrofismo, é realismo. Não é fatalista, sabemos o que fazer.

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Não podemos iludir-nos.

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No que diz respeito a fontes de informação (e desinformação), é importante perceber quem são, e que motivos tem para dizerem o que dizem.

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Há discursos de atraso climático bem montados.

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Seria importante criar mecanismos legais para punir aqueles que, tendo acesso a informação científica, a negam ou deturpam, para atingir objetivos irresponsáveis.

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Vivemos um momento crucial da história da humanidade, e não podemos continuar a viver em business as usual.

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Por isso vemos cada vez mais ativistas e cientistas a pôr em risco a sua vida e a sua liberdade para nos alertar.

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Eles estão do lado certo da história.

Tiago A. Marques, “Público” (sem link)


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