(…)
Até a NATO e a UE, que foram argumentos de Cavaco contra a
‘geringonça’, voltaram à baila.
(…)
A estabilidade de quatro anos no Governo com maior taxa de
aprovação deste século e a instabilidade de dois anos de maioria absoluta, onde
o PS se afundou nas sondagens, parecem ter provado que os problemas do PS estão
no PS.
(…)
Não foram os anos de ‘geringonça’ bem mais produtivos e
reformistas do que os que se seguiram?
(…)
Na realidade, BE e PCP não conseguiram mais do que o mínimo,
sempre nos apertados limites europeus.
(…)
Sozinho em casa, percebeu-se que o problema do PS não é nem
excesso nem falta de radicalismo.
(…)
É não saber o que quer fazer com as maiorias que pede.
(…)
O discurso está de tal forma desequilibrado (…) que qualquer
intervenção do Estado na economia, com propostas que até liberais do Norte da
Europa aceitam, é meio caminho para Caracas.
(…)
[Na moderação] não cabe um social-democrata que milita no PS desde
os 14 anos.
(…)
Chamar radical à reconstrução de uma esquerda reformista tem como
objetivo a destruição de todo o campo ideológico da esquerda, da mais radical à
mais moderada.
(…)
Ainda a procissão vai no adro e já são socialistas a reabilitar
Passos Coelho e a fragilizar o seu mais provável candidato a primeiro-ministro,
dando valiosas munições à direita.
(…)
Partindo para este combate mais ferido do que esperava e com o PS
muito desgastado, Pedro Nuno Santos sente-se
obrigado a moderar a sua social-democracia.
(…)
Claro que a sua liderança pode representar uma clarificação,
apenas porque ele é realmente socialista.
(…)
As ideias movem o mundo, mas nunca tanto como a força de quem tem
essas ideias.
(…)
Porque não são as lideranças que mudam a história. Elas apenas
aproveitam as condições que existam para a mudar.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Ao
longo de milénios, a mulher tem sido o maior álibi para a violência, ainda que
esta seja muito mais sobre o género feminino, e pelo género masculino, do que
de género feminino.
(…)
Se
tudo se baseasse na lógica da constituição, o sexo com mais força seria o mais
apto para transportar mais peso durante nove meses. Não o é.
(…)
Se tudo fosse uma questão de resistência física
os homens viveriam mais do que as mulheres. Não acontece.
(…)
Matar
mulheres é das tradições mais perpetuadas pelos homens e, no entanto, o
feminicídio continua sem legislação na maioria dos países, nomeadamente
Portugal.
(…)
Matar
mulheres é das tradições mais perpetuadas pelos homens e, no entanto, o feminicídio
continua sem legislação na maioria dos países, nomeadamente Portugal.
(…)
Não há outra forma de tratar a paz e a não
violência que não seja pelo feminismo.
(…)
O
homem é o ser que mais uso faz da violência, aquele que impõe o seu domínio
sobre a natureza, os animais e, insistentemente, sobre as mulheres.
(…)
Em
Portugal, não podia deixar de citar o episódio de violência policial sofrido
pela cidadã Cláudia Simões e que o PÚBLICO tem vindo a acompanhar.
(…)
Certo,
certo é que, não se podendo afirmar que todos os homens, pelo simples facto de
serem homens, matam, observa-se que a masculinidade antecipa a violência.
(…)
Renegociar o modelo de organização
política que queremos só tem uma via: o feminismo.
Ulika da Paixão Franco,
“Público” (sem
link)
As
“cunhas”, os favores, ou melhor, o sistema de favores, o tráfico de
influências, associado ou não a corrupção, não são problemas conjunturais ou
pontuais na vida portuguesa, mas sim estruturais.
(…)
O
escrutínio é grande no poder político, e bem, mas é escasso noutras áreas como,
por exemplo, a cultura, uma das áreas mais obscuras no sistema de favores.
(…)
Outra
área crucial em democracia cujo escrutínio é escasso é a comunicação social,
porque isso significaria defrontar o poder dos donos dos órgãos de comunicação
social.
(…)
A área mais típica deste tipo de indiferença
colectiva [à corrupção, ao nepotismo] é o desporto, ou melhor, o
futebol.
(…)
O que
escrevi sobre quem manda em Portugal, que, contrariamente à percepção pública,
é essencialmente discreto e move-se nos corredores do poder político, na
promiscuidade com a política.
(…)
Há
anos que reclamo de governos sem qualquer resposta o esclarecimento documental
sobre muito aspectos da negociação com a troika, que permitiram saber que
medidas são de autoria da troika ou dos governos Sócrates e Passos-Portas-troika.
(…)
Duvido que haja sequer um registo fiável desses
contactos.
(…)
[Sabia-se] que um ministro português usava um
computador de um membro da troika para enviar correspondência.
(…)
O mito
de que um deputado tem qualquer poder comparável a muitos assessores e chefes
de gabinete, e aos intermediários pagos a peso de ouro à elite das consultoras
e escritórios de advogados, ou aos “melhores amigos”, é bom para alimentar o
chamado “jornalismo de investigação”, mas serve como distracção para o
exercício efectivo de poder
(…)
Um dos principais poderes destes poderes
fácticos é um direito de veto informal para muitos lugares, carreiras, ou
outros poderes.
(…)
Como é
que funciona esse direito de veto na política? O ataque, com relevo para a
comunicação social ligada à direita radical, contra actores políticos que
mostram “ideologia”, coisa que como é evidente só tem um lado.
(…)
Lendo
o que escrevi percebe-se muito bem o caso actual dos “influenciadores”, e por
que razão digo que o mesmo é prática habitual em todos os governos desde o 25
de Abril, sem querer diminuir o actual.
(…)
Não
porque a democracia tenha mais tráfico de influências e corrupção do que a
ditadura do Estado Novo, que escondeu milhares de casos debaixo da censura e da
repressão.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Os resultados das eleições presidenciais na Argentina e
parlamentares nos Países Baixos são duas vitórias da extrema-direita na sua
perigosa cavalgada.
(…)
Os sacripantas da nossa extrema-direita conduzem, há muito
tempo, um processo de manipulação de informações e de factos políticos, de
calúnias, de julgamentos de diverso tipo na praça pública, ou até no seio da
Assembleia da República.
(…)
O Chega, partido inimigo da Constituição da República,
apresenta-se perante a sociedade como grande defensor do Ministério Público
(MP).
(…)
Infelizmente, há quem, de forma leviana [como Carlos Moedas],
alimente a ação da extrema-direita.
(…)
O 25 de Abril foi único, foi o dia primeiro, “inteiro e limpo”,
da esperança partilhada de mais justiça, igualdade e desenvolvimento.
(…)
Precisamos de exercício pleno da democracia, não de barrelas
manipuladas pelos seus inimigos.
Sem comentários:
Enviar um comentário