(…)
Culminando 75 anos, Israel massacra os hospitais da
Palestina, arrasa o Norte de Gaza e torna o Sul inabitável.
(…)
Tudo com a colaboração dos EUA, mais um bloqueio sem
precedentes à imprensa livre.
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Mais
mortos civis do que em toda a guerra da Ucrânia. Mais crianças mortas do que em
todos os conflitos desde 2019. Muito mais ruínas do que alguma vez foi possível
numa faixa de 2,3 milhões de pessoas.
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[Hospitais]
onde Israel continua a não provar que o Hamas tem um quartel-general, além de
umas armas e uns restos, que podem lá ter sido plantados.
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Que
outra “democracia” pode destruir um hospital, matar bebés, crianças e adultos,
torturar incontáveis mais, deixando agora 7000 pessoas à fome, ao frio, à vista
de toda a gente, sem apresentar provas, e não ter o mundo a impedir?
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Que
outra democracia, senão os EUA, pode ajudar a armar esta limpeza étnica, a
razia de todas as estruturas do Norte, empurrando os vivos para um sul onde não
poderão ficar?
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Nunca o racismo de Israel e aliados ficou tão exposto. Nunca
as vidas palestinianas importaram tão pouco para os poderes.
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Anteontem,
em Washington, a polícia de choque atirou manifestantes judeus e aliados pelas
escadas, arrastou-os pelos cabelos, gás de pimenta na cara, sem aviso de
dispersão, porque exigiam um cessar-fogo.
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Israel manda calar os regimes árabes, e eles obedecem,
com poucas excepções.
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Como a
União Europeia continua a ser incapaz [de exigir um cessar-fogo], apesar da
brava Irlanda, a que se juntam sinais de Espanha, da Bélgica.
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Israel empurrou um milhão para Sul mas também bombardeia o
Sul.
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Anda a
diplomacia mundial há 42 dias encravada nas diferenças entre estas palavras [pausa, cessar-fogo, trégua], e Cravinho
não consegue escolher uma com clareza no momento destas mortes.
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[Marcelo]
destratou o representante da Autoridade Palestiniana como não se imagina que
fizesse com um diplomata ocidental, de Israel, ou qualquer Estado poderoso. Uma
displicência primária.
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Quantas crianças desfeitas são precisas? Quando é que o
Presidente falará da ocupação de décadas? Da lei internacional?
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[Lula disse que] se o Hamas foi terrorista, a resposta de
Israel o é igualmente.
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Esse direito [de autodefesa] só se aplica ao ataque de outro
Estado.
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Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)
Os grandes
investidores costumam procurar escritórios de advogados para fazerem tudo menos
advocacia.
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Fora
ou dentro desses escritórios, selecionam quem funcione como interlocutor para
lidar com o poder político.
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Num
sistema em que as redes informais de poder garantem a desigualdade de acesso ao
Estado, os interlocutores são, geralmente, pessoas com proximidade política ao
poder.
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Por
isso, grandes escritórios contratam advogados com peso político e até mediático
que dominem esta rede.
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Foi o
processo criminal, não a avaliação política, que fez o Governo cair.
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O
recurso sistemático a atalhos, mesmo que sejam legais, é sintoma de bloqueios
burocráticos, que os poderes fácticos até apreciam, porque, ao contrário de
outros, têm formas mais expeditas de lá chegar.
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Da
mesma forma que empresários e políticos saltam barreiras institucionais para
ver um negócio andar para a frente, procuradores buscam a condenação mediática
para aplicarem uma perversa forma de justiça.
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O
poder judiciário assume o abuso como cultura, enfiando cidadãos numa cela
durante seis dias, sem que nada justifique essa opção, para os humilhar e criar
uma perceção de culpa.
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E quem
constrói estes megaprocessos, impossíveis de chegar a bom porto, não procura a
eficácia formal, mas o impacto social, em sua substituição.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Claro
que as “cunhas” e os favores, são como tudo numa sociedade em que alguns mandam
e outros são desprovidos de qualquer poder, desiguais e muito injustos.
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O que faz o sucesso dos grandes escritórios de advogados,
sempre os mesmos, é o acesso ao poder.
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Num
certo sentido, eles são os “melhores amigos” de ministérios, secretarias de
Estado, autarquias, chefes de gabinete, directores-gerais, entidades reguladoras,
toda a gente que conta.
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Quando uma grande empresa internacional quer fazer um
vultuoso investimento em Portugal, sabe também com que escritórios de negócios
falar.
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Esses
escritórios e consultoras são constituídos por bons juristas e consultores,
gente profissionalmente capaz, sem dúvida, mas o que atrai muitos dos seus
grandes clientes, individuais e empresariais, é esse acesso privilegiado.
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Como
acontece com muitas “cunhas”, elas são muitas vezes a única forma de
ultrapassar uma burocracia complicada e pouco eficiente, assente em muitos
interesses.
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[As
cunhas de cima] são em si mesmas o prolongamento dos grandes negócios, custam
caro e inserem-se num sistema de favores que garante muito dinheiro, bons
empregos e influência.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
A resposta às justas aspirações dos nossos jovens e o
aproveitamento das suas capacidades a favor dos interesses de toda a sociedade
exigem a criação de emprego mais qualificado e valorizado.
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Parece projetar-se para o futuro a via alternativa: o modelo
dos baixos salários alimentado por contingentes massivos de imigrantes, cujas
dependências os colocam em condições de sujeição a salários baixos.
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Muitas vezes,
patrões e governantes que nos dizem andar à procura de “talento” andam somente
à pesca de quem tem qualificações, mas não pode fugir à sujeição ao baixo
salário.
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A
relação entre o perfil de especialização da economia e a qualidade do emprego e
das profissões é total e recíproca.
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A
persistência de setores de atividade de baixo valor acrescentado não potencia a
criação de emprego de qualidade nem gera (com exceção de pequenos nichos)
profissões valorizadas.
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O
discurso empresarial dominante deixou de se referir a trabalhadores e também,
em grande medida, a profissões concretas. Reclamam “colaboradores” o mais
polivalentes possível e de preferência, precários.
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