sexta-feira, 3 de novembro de 2023

CITAÇÕES

 
A comédia em que se transformou o encerramento do debate orçamental pelo Governo está pela certa bem cotada no índice de galhofa nas sedes do PS. 

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A questão é que escolher Galamba (…) é a expressão quimicamente pura da maioria absoluta.

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O stand-up de Ventura é ato de reles amador comparado com o que Costa fez neste debate.

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Galamba foi mantido no Governo pela única razão de que é preciso alguém totalmente desprovido de autoridade para concluir a misteriosa privatização da TAP.

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Já com dois fracassos monumentais [na questão da venda da TAP] (…) agora que a empresa começa a dar lucro, permitindo devolver o esforço financeiro que a resgatou e assegurar tanto objetivos estratégicos quanto uma renda para o Estado, a privatização em curso tornou-se uma corrida de favores.

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O Governo parece não ter a menor ideia sobre as condições. 

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A bofetada de Marcelo (…) é mais do que certeira e, vinda de alguém que pugna pela privatização.

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Faz a pergunta evidente: o que é que estão a fazer?

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Creio, no entanto, que esta encenação tinha um objetivo colateral importante para o Governo: afogar a perceção do problema do SNS num mar de banalidades noticiosas.

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O que era preciso era distrair a opinião pública para o irritante maior, o descarrilar do plano de desmantelamento do SNS.

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Ora, se há algo a que o Governo é sensível, é ao voto dos idosos, o sector da população que mais se preo­cupa com a fila no centro de saúde e com o caos das urgências. 

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E como há uma negociação sobre as carreiras de profissionais de saúde e os problemas só se agravam, o Governo montou uma farsa.

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Os reformados olham agora para os serviços de saúde como o défice que mais ameaça [as pensões].

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O seu projeto é arriscado: obrigar a massa de profissionais de saúde, ganhando pouco, a acumularem horas extra para arredondarem o ordenado. 

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Os profissionais têm sido forçados a trabalhar mais centenas de horas por ano.

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O esquema tinha duas vantagens para o Governo, degradava o SNS, empurrando os utentes para o privado, e é barato.

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É indiscutível que faltam profissionais, caso contrário não fechavam urgências.

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Os profissionais não aguentam mais.

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O hospital só funciona com uma enorme sobrecarga horária.

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As 35 horas por semana [como condição para um acordo] dependem de haver menos afluência às consultas e urgências e de que se façam centenas de horas extra por ano.

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[Percebe-se] a razão da insistência dos profissionais de saúde em recuperarem a qualidade do SNS com carreiras que lhes permitam viver.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

Vivemos algo sem precedentes. A morte em Gaza é aqui, somos nós.

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A Europa disse: nunca mais. E era mentira.

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Estamos a ver o genocídio ao minuto num campo de concentração. Milhões pelo mundo, incluindo milhares de judeus, manifestam-se pelo cessar-fogo.

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A UE ignora-os: só uma “pausa humanitária”.

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Há 27 dias consecutivos que 2,3 milhões de pessoas sem saída são bombardeadas em directo nos nossos telemóveis.

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O cessar-fogo é urgente. Mas mais. Uma força internacional de interposição em Gaza. E um boicote global ao governo de Israel.

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Muitos judeus pelo mundo percebem isso com clareza, e no último shabat milhares ocuparam a Grand Central Station de Nova Iorque com t-shirts Não Em Nosso Nome, cartazes Nunca Mais É Para Todos.

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Noutro lugar, uma rabina levanta-se, interrompendo Biden, para apelar ao cessar-fogo.

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Judeus que estão a descolar o judaísmo da barbárie. A libertar as pessoas para o protesto sem serem acusadas de anti-semitismo

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Foi Israel quem colou o judaísmo à barbárie. Ao massacrar os palestinianos, Israel é o pior inimigo dos judeus, além do pior inimigo de si próprio.

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O sionismo, claro, é muito anterior à fundação de Israel. O seu texto-marco é de 1896.

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Nunca foi tão urgente distinguir judaísmo e sionismo, antisemitismo e antisionismo.

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Os judeus de Nova Iorque que se descolam da barbárie também se descolam do sionismo em muitos casos.

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Não Dois Estados. Um Estado para toda a gente, sem supremacia étnica ou religiosa.

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O horror sem precedentes do Holocausto ficou inscrito na própria Declaração de Independência de Israel.

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[Israel] foi usando o Holocausto como arma. Enquanto tirava cada vez mais direitos aos israelitas não-judeus. Racismo de Estado.

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E qualquer europeu sabe como a culpa do Holocausto tem paralisado a Europa.

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Em Gaza, Israel está a bombardear o próprio argumento da sua existência: proteger um conjunto de pessoas de serem perseguidas.

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Ao massacrar o povo que ocupou, Israel leva-se a si mesmo para um abismo irreversível.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

[Na lógica do indesmentível murro no estômago] é assim que assistimos às imagens do brutal ataque do Hamas a 7 de Outubro ou das inqualificáveis respostas de Israel, das quais o ataque ao campo de refugiados em Jabalia.

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Considerar que o Hamas usa os civis como escudo e aceitar/ignorar que assim seja, bombardeando campos de refugiados com centenas de crianças, destruindo hospitais ou igrejas, eis a confirmação da equivalência.

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Não se exige só sangue-frio ao atacante, exige-se que não se confunda com o agressor a não ser que queira assumir a sua pele. 

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A pretensiosa superioridade moral do Ocidente esvai-se assim.

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Depois da percepção da brutalidade abjecta do Hamas, a forma como Israel está a desbaratar a percepção das suas razões é preocupante mesmo para os seus mais férreos aliados.

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Toda a razoabilidade esbarra num sentimento de vingança que Israel não consegue conter.

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O cessar-fogo é o único lugar de civilização que poderá fazer algo pela identidade das partes.

Miguel Guedes, JN

 

É pela educação e pela difusão do saber que os males serão progressivamente eliminados.

Cristina Robalo Cordeiro, “Diário de Coimbra” (sem link)


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