sábado, 11 de novembro de 2023

MAIS CITAÇÕES (257)

 
Foi António Costa que decidiu amarrar a sua credibilidade a um ministro fragilizado.

(…)

[Depois de Galamba ser arguido e de Escária e Lacerda] serem detidos, a margem de manobra para Costa ficar no lugar era baixíssima.

(…)

Para ser benevolente, foi, no mínimo, negligência consciente.

(…)

O parágrafo que termina o comunicado da PGR fechou qualquer decisão.

(…)

A PGR disse ao País que as suspeitas diretas sobre o primeiro-ministro eram suficientemente graves e sólidas para serem públicas.

(…)

É uma suspeita expressa pela PGR sobre um primeiro-ministro em funções.

(…)

No dia em que a frase de um procurador torna inevitável a queda de um governo sem que corresponda uma enorme solidez nos indícios entregamos o poder político a quem não o pode ter.

(…)

A PGR tem de esclarecer, com bases factuais e antes das eleições, de forma oficial (…)  a relação direta do primeiro-ministro com este caso.

(…)

Se uma frase vaga e sem sustentação conhecida torna inevitável a queda de um governo de maioria absoluta, ela tem de deixar de ser vaga e ganhar sustentação.

(…)

Não ponho as mãos no fogo por vários intervenientes. Por alguns, nem o dedo mindinho. 

(…)

Assusta-me estar a assistir ao padrão judicial e mediático de quase tudo o que acabou em pouco.

(…)

Na relação do poder político com o poder económico há linhas vermelhas e zonas cinzentas. 

(…)

Quando os maiores escritórios usam a advocacia para o tráfico de influências, quando os interessados cumprem o papel do legislador e quando a amizade com o primeiro-ministro é carreira, controlando o acesso a ele, temos um problema.

(…)

Previ, há umas semanas, um embate entre Pedro Nuno Santos, que sucederia a Costa no fim deste ciclo, e Pedro Passos Coelho, que substituiria Montenegro depois das europeias. Avisei que as previsões eram inúteis.

(…)

O que teremos é uma fraca liderança à direita, pressionada pelo crescimento do Chega, que está exultante com a lama, e um PS acossado por mais um caso judicial.

(…)

Em vez da clarificação e do debate sobre o futuro do país, que engradece a democracia, teremos a degradação da democracia.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A demissão de António Costa tem traços contraditórios. 

(…)

Por um lado, revela uma hipersensibilidade em relação às palavras de um comunicado da Procuradoria-Geral da República.

(…)

No sentido oposto, por outro lado, merece nota a total insensibilidade, diria mesmo astenia, do ex-PM perante os precedentes e os problemas com a Justiça de alguns dos envolvidos neste caso, mais próximos de si.

(...)

O mais preocupante, contudo, é verificar como a III República vai minguando à medida que nos aproximamos do meio-século da sua fundação. 

(…)

É verdade que a democracia representativa tem pouco mais de dois séculos.

(…)

Hoje, a democracia norte-americana suscitaria angústia, e não esperança, aos Pais Fundadores dos EUA.

(…)

O Congresso transformou-se num leilão legislativo entre tribos, todas elas vinculadas a poderosos interesses económicos, que funcionam como a fonte do poder real, que só ritualmente reside no voto popular.

(…)

A arcaica corrupção transformou-se numa subordinação sistémica dos Estados aos negócios, ao Big Money

(…)

Por isso, cada vez mais as políticas públicas são míopes, ignorantes, contraditórias e hipócritas. 

(…)

No caso português, as decisões onde o voto dos cidadãos ainda conta um pouco são cada vez mais exíguas. 

(…)

Na política monetária, financeira, agrícola, de pescas, transferimos soberania total para Bruxelas e Frankfurt. Em todas as outras, a transferência é parcial, mas crítica. 

(…)

Sempre houve gente nos governos capaz de trocar o interesse público por 30 dinheiros. 

(…)

No passado, o poder de interesses influentes arruinou a ferrovia, plantou autoestradas para ninguém, e pontes nos sítios errados. 

(…)

Agora querem fazer de Portugal o Congo europeu do lítio e do hidrogénio. Não é só mais uma crise do regime. O país está cada vez mais vulnerável.

Viriato Soromenho-Marques, DN

 

[Gonçalo Ribeiro Teles] demonstrou ser obrigatório, indispensável, um Ordenamento do Território (OT) como processo de base técnico-científica para a organização do espaço biofísico em que vivemos.

(…)

Com o OT [ordenamento do território]​ apoiado em bases fornecidas pela análise das potencialidades e capacidades do território, a actividade humana enquadra-se nos limites da Natureza.

(…)

Assim CN [conservação da natureza] e OT passaram a ser, depois de Gonçalo Ribeiro Telles, os alicerces fundamentais de uma política ambiental eficaz e actuante.

(…)

Nas últimas décadas foi seguida uma deriva neoliberal impulsionada pela União Europeia, e vimos isso quer de governos ditos social-democratas (…) quer de governos ditos socialistas

(…)

Porquê? Porque assim se diminui a presença do Estado e se deixa terreno livre para os privados das agro-indústrias.

(…)

A CN deixou de ser suporte basilar das decisões sobre o Ambiente, privilegiando-se agora os atentados à biodiversidade em nome duma alegada e pusilânime “imprescindibilidade do interesse público”.

(…)

Tudo isto, toda esta perda da noção de equilíbrio da governação e do respeito pelos valores fundamentais do nosso território (…) passa infelizmente ao lado da maioria da nossa população.

Fernando Santos Pessoa, “Público” (sem link)

 

O regime democrático poderá não estar em causa, contudo, não se pode cair na ilusão de que a democracia está salvaguardada pelo “dar a palavra ao povo sem temores”.

(…)

No nosso país, como na generalidade dos países da União Europeia, há um crescendo de desconfiança na democracia face à execução de políticas que se distanciam das respostas aos problemas concretos das pessoas. 

(…)

[Muitos dos que mais gritam contra a corrupção] querem, sim, gerar a perceção da generalização da corrupção para abrir espaço a regimes autoritários e retrógrados.

(…)

Existe uma postura de embasbacamento, de parte de quadros e dirigentes do Partido Socialista, perante relações e negócios com grandes interesses privados.

(…)

O Ministério Público, cujo papel e funções atribuídas pela Constituição da República devem ser valorizados e defendidos, evidenciou perigosas lacunas procedimentais.

(…)

Estamos em tempo de luta redobrada pela democracia. A extrema- -direita não respeita as instituições e valores democráticos.

(…)

É preciso retomar com força, ou implementar, negociações laborais e profissionais em todos os setores e áreas em que há problemas acumulados.

(…)

À Esquerda parece mais claro que nunca não existir espaço para o Partido Socialista vir com a demagogia de que o seu reforço é a barreira à extrema-direita. 

Carvalho da Silva, JN


Sem comentários:

Enviar um comentário