(…)
Se a abertura à sociedade é o destaque que a AD dá, nas suas
listas, a um ex-bastonário que usou uma ordem profissional para fazer guerrilha
partidária durante a pandemia, enquanto o PSD se comportava com exemplar
patriotismo, a política não ganhará grande coisa.
(…)
[José Luís Carneiro] não ganhou um peso próprio depois das
diretas [do PS].
(…)
O problema das listas do PS também não são as habituais
barganhas das clientelas. Isso não tem nada de novo.
(…)
O problema das listas do PS é a falta de renovação política –
não apenas de rostos. Há círculos com as mesmíssimas listas de 2022,
aliás.
(…)
A verdade é que não há sinais de mudança em relação a António
Costa. Nem Costa faria uma lista tão costista.
(…)
[Fernando Medina] presenta a escolha de continuar a sufocar
os serviços públicos em nome de um brilharete ortodoxo em Bruxelas.
(…)
Pedro Nuno Santos não pode dizer que não quer parquear o
excedente enquanto as funções do Estado perdem força e dar centralidade ao
ministro que manteve essa escolha.
(…)
O que é estranho é as listas não terem a marca de Pedro Nuno
Santos.
(…)
Costa teria a preocupação em dar maior destaque à ala
esquerda do PS do que teve o novo líder.
(…)
Porque Pedro Nuno Santos está com medo que digam que ele é
radical?
(…)
O programa de Pedro Nuno Santos é, do que se vai sabendo,
social-democrata (no verdadeiro sentido da palavra) e de esquerda.
(…)
[As escolhas] dão sinais, até porque as políticas só podem
ser implementadas por quem acredita nelas.
(…)
Os problemas que Pedro Nuno Santos sentiu ao fazer estas
listas não vão desaparecer se tiver de formar um governo.
(…)
É bom recordar que são os mais conotados com a esquerda a ter
de dar provas de bom comportamento, quando chegam à liderança de partidos de
poder.
(…)
E se há coisa que estas listas revelam é a falta de força com
que Pedro Nuno Santos se sente, quando talvez até tenha mais do que julga.
(…)
Talvez Pedro Nuno Santos ainda não acredite que venceu as
diretas no Partido Socialista.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
O PS, com 26,4% das intenções de voto, surge à frente da AD,
que tem 20,8% das intenções de voto [na recente sondagem que veio ao
conhecimento público].
(…)
Desenganem-se os que anunciam que a coligação de direita tem
aura de vitória.
(…)
Luís Montenegro tinha afirmado que só será primeiro-ministro
se ganhar as eleições. Ora, a confirmarem-se estas previsões, isto
deveria encerrar o caso.
(…)
Mas, por alguma razão, ninguém confia nas palavras de Montenegro.
(…)
A razão parece-me simples: ninguém é parvo.
(…)
É
relativamente óbvio que a direita não vai perder a oportunidade de formar
Governo se os resultados eleitorais assim o proporcionarem.
(…)
[Se forem estes os resultados] estaremos embarcados numa
triste viagem no tempo que nos levará a 24 de abril de 1974.
(…)
Este cenário está na calha e é obrigatório que o encaremos.
(…)
A batalha da esquerda contra o Chega tem valor. Só que todos
sabemos que só uma batalha da direita contra o Chega poderia ser
realmente eficaz.
(…)
A
batalha da esquerda contra o Chega traz benefícios à própria esquerda, mas não
tem qualquer impacto junto dos eleitores que ponderam votar no partido de
extrema-direita.
(…)
É verdade que apenas a direita poderia travar esse combate
político com sucesso.
(…)
A
direita não se atreve a fazer uma crítica declarada e veemente àquele partido
pelo simples facto de que assumir essa postura impediria que, a seguir,
chegassem a entendimento para formar Governo.
(…)
Serão as últimas eleições em que compararemos os resultados
do PS com os do PSD ou os da AD.
(…)
Uma
coisa é insistir que não farão acordo e outra é denunciarem que se trata de um
partido antidemocrático e um perigo efetivo para a vida em sociedade.
(…)
Com
este pesadelo no horizonte, apenas à esquerda existem boas notícias. Os
dirigentes de todos os partidos já anunciaram que estão disponíveis para um
entendimento pós-eleitoral que impeça a formação de um Governo com a
extrema-direita.
(…)
Os
portugueses merecem ser tratados com este respeito e merecem saber exatamente
aquilo com que podem contar. Isto é uma coisa que a direita não oferece aos
seus eleitores.
(…)
É assim: nenhum voto à esquerda é um voto perdido.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Vivemos tempos perigosos em muitas dimensões da nossa vida
coletiva.
(…)
Sendo um cidadão atento à realidade económica, social,
cultural, ambiental e política que me rodeia, estou bem ciente dos riscos que
enfrentamos.
(…)
E também sei que as eleições de 10 de março serão
especialmente importantes para a definição da qualidade das respostas que lhes
daremos
(…)
Desejo que,
a partir de março, exista na Assembleia da República uma maioria capaz de
responder aos problemas do país com políticas de esquerda verdadeiramente
focadas na necessidade de transformação das realidades sociais, económicas,
ambientais e culturais duríssimas que diariamente nos entram pela casa dentro
através dos telejornais.
(…)
Na última legislatura, fez muita falta ao Algarve a sua
representação parlamentar do Bloco de Esquerda.
(…)
Todos os estudos de opinião mostram que o Bloco está em
condições de recuperar essa representação.
(…)
Sigo, há anos, a ação de José Gusmão, sendo testemunha da sua
elevada dedicação à causa pública, da paixão informada com que defende as suas
convicções políticas, associando essas qualidades de intervenção a uma notória
capacidade intelectual.
(…)
Para além disso, a presença da independente Guadalupe Simões
num lugar destacado da lista sinaliza a abertura do Bloco de Esquerda à
sociedade civil e aos ativistas que tanto têm pugnado pelos serviços públicos
de qualidade.
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