(…)
Quem se queixa de oito anos de um partido à frente do país deve
imaginar o que são 50 anos numa ilha.
(…)
Não há como Montenegro se pôr ao largo, depois da colagem
descarada e trapalhona à vitória do PSD na Madeira.
(…)
A convicção é que, se não passa na televisão, a justiça não se
faz. Sobretudo a eleitoral.
(…)
Se isto se traduzisse em condenações, ainda se tolerava. Assim,
serve para desgastar a democracia.
(…)
Desde José Sócrates que a direita, para não se concentrar nas suas
propostas antipopulares, adotou a superioridade ética face ao PS como o
principal substrato do seu discurso.
(…)
E há uma década que a direita se alimenta do exibicionismo da
Justiça.
(…)
Uma coisa é a Justiça investigar crimes, como deve acontecer no
Estado de Direito, outra é o aproveitamento partidário.
(…)
O PSD tornou-se, subitamente, amante da presunção de inocência.
(…)
Miguel Albuquerque explicou, em novembro, que era impossível
António Costa continuar a governar.
(…)
[Montenegro] tratou este episódio como uma mera “perturbação na
atenção política dos portugueses”.
(…)
Em novembro [Montenegro] disse que o Governo não tinha “nenhuma
condição para continuar”.
(…)
Agora diz que “as diferenças são mais que muitas” nas duas
histórias.
(…)
Conheço a Madeira e sei o que a casa gasta. Até por isso me
espanta a pontaria de, em meio século de uso do Estado para proveito privado e
condicionamento da comunicação social, esta investigação cair em vésperas de
eleições.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Em
2018, o Governo cessante garantiu que em 2024, 50 anos depois da Revolução de
Abril, teríamos o problema de habitação resolvido.
(…)
Voltou
a reforçar esse anúncio em 2021. Porém, chegados aqui, temos de voltar a lutar
pela habitação e por muito mais.
(…)
O acesso à habitação está em retrocesso acelerado.
(…)
Os
jovens, com o avançar na idade, não conseguem resolver a sua vida e sair de
casa dos pais, saindo, em vez disso, do país.
(…)
Desde o referido anúncio, vários pacotes de
políticas para a habitação têm sido anunciados.
(…)
Todos falharam, porque não vão ao essencial:
não têm a coragem política de confrontar os interesses imobiliários e turísticos.
(…)
A
única forma de resolver a crise na habitação será através da continuidade da
organização, da pressão e da mobilização popular nas ruas.
(…)
A
plataforma Casa para Viver, que desde 1 de Abril tem convocado manifestações
amplas, junta uma centena de organizações com experiência e conhecimento, ancoradas
na realidade concreta.
(…)
Foi graças a estas manifestações que se
conseguiu, por exemplo, o fim dos
"vistos gold" associados ao imobiliário (…) que se
conseguiu que o Governo subsidiasse parte das famílias inquilinas, aliviando o
seu orçamento (…) ou o anúncio, dois dias depois da manifestação
de 30 de Setembro, do fim do regime fiscal dos residentes não habituais, com grande
impacto na inflação do valor das casas.
(…)
Se há
algo que o 25 de Abril nos ensinou foi que é preciso organizarmo-nos,
mobilizarmo-nos, lutarmos para conquistar os nossos direitos.
Rita Silva, “Público” (sem link)
Depois
de uma mudança de regime [em 25 de Abril de 1974] feita sem sangue eis-nos presos
a uma estratégia de desenvolvimento pouco ambiciosa, a políticas públicas
teimosamente redistributivas, e a uma classe política com evidentes
fragilidades.
(…)
Nesta
fase de pré-campanha eleitoral o cruzamento da política com a justiça
arrisca-se a fazer implodir o centro político em Portugal.
(…)
nunca
como agora enfrentamos uma formação partidária de direita populista que promete
soluções radicalmente simples, rápidas e falsas.
(…)
Porque
chegámos até aqui é uma pergunta que temos de tentar responder com seriedade e
funda intenção de melhoria.
(…)
Que os
50 anos do 25 de Abril nos encham de vergonha coletiva e nos motivem ao
obrigatório ato de contrição.
Cristina Azevedo, “diário as beiras” (sem link)
Entre
outras medidas a AfD [Alternativa para a Alemanha] propõe-se combater a
imigração e sair da zona do euro impondo ainda uma acentuada política de “germanização”
do país e de aproximação à Rússia.
(…)
Ao
mesmo tempo esteve há pouco envolvida num plano destinado, se chegar ao poder,
a expatriar para um país africano não especificado um número indefinido de
cidadãos não “assimilados”.
(…)
O
Parlamento de Estrasburgo [estima que] dentro de pouco tempo, cerca de um terço
dos seus deputados vinculados a esta área extremista [extrema-direita].
(…)
O que
pretende a nova extrema-direita? Desde logo uma mistura das velhas receitas do
nacionalismo e de manipulação da história que antes da Segunda Guerra Mundial
aumentaram a ascensão dos fascismos.
(…)
falta
aqui, na aparência a componente totalitária e genocida que caracterizou o
nazismo. mas este será o passo seguinte a dar.
(…)
Estas
forças aproveitam os descontentamentos e os medos de um numero crescente de
cidadãos perante as incertezas do seu destino, recorrendo à pior demagogia, à
mentira e à manipulação da informação.
(…)
[O
adormecimento da Europa] existe em larga medida porque um número crescente de
cidadãos ignora as lições da história.
(…)
Mas
acontece também porque um número crescente de forças políticas democráticas
tende, também como ocorreu num passado, entretanto esquecido, a subvalorizar o
perigo.
(…)
[Não
se mostram capazes] de tomar medidas efetivas, se necessário recorrendo para a
força da lei, contra os partidos e as organizações que todos os dias se preparam
para [destruir o sistema democrático].
Rui Bebiano, “diário as beiras” (sem link)
Quando
lemos os textos do Papa Francisco, o sonho é uma palavra recorrente nas suas
intervenções.
(…)
Neste
tempo de conflitos, sem horizonte de paz, só temos o Sonho da Paz.
(…)
Se olharmos
para o panorama do mundo percebemos que estamos numa sociedade onde o culto da
violência se vai manifestando em locais improváveis: família, escolas, ruas das
nossas cidades, estrada… mas também, e sobretudo, numa economia geradora de
injustiças. E a injustiça é o caldo apropriado para a cultura da violência…
Idalino Simões, “Diário de Coimbra” (sem link)
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