sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

CITAÇÕES

 
Passou-se cerca de um mês desde a COP28. Um mês desde que os interesses do capital e do fóssil ganharam e que no texto final incluíram a palavra “transição”, achando que íamos celebrar migalhas.

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Parece que a cimeira acabou por ser de facto um marco: daqui em diante, teremos cimeiras da indústria fóssil, não do clima.

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Mais uma vez, um país produtor de petróleo e gás [o Azerbeijão] será o anfitrião de uma cimeira [a COP29] que (teoricamente) visa negociar a redução dos combustíveis fósseis.

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Um país que planeia expandir a produção destes combustíveis em um terço durante a próxima década.

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Um país cuja economia depende largamente dos combustíveis fósseis, que correspondem a cerca de 50% do seu PIB e que, no ano passado, representaram 92,5% das suas exportações.

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Mas não ficamos por aqui: o ano novo começou com a notícia de que a cimeira será presidida por um antigo empresário da indústria petrolífera [Mukhtar Babayev]

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É a terceira vez consecutiva em que se escolhe um país exportador de combustíveis para acolher as negociações climáticas e o segundo empresário petroquímico consecutivo a ocupar o cargo de presidente da cimeira.

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As empresas fósseis, principais responsáveis pela crise climática, sabem o que estão a fazer há pelo menos cinco décadas.

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E mesmo sabendo do perigo e do efeito catastrófico da sua actividade, escolheram continuar, investir cada vez mais, espalhar desinformação e, consequentemente, trazer-nos ao ponto de abismo em que nos encontramos.

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Mas há mais, como seria de esperar. Foi entretanto anunciado o comité organizador da COP29: a equipa conta com 28 homens e zero mulheres.

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Não só o comité é constituído maioritariamente por ministros ou funcionários governamentais, como também inclui o chefe da rede estatal de distribuição de gás — um combustível que contribui 86 vezes mais do que o CO2 para as alterações climáticas.

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2023 foi o ano mais quente desde que há registos.

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Torna-se claro que não é das cimeiras fósseis que a mudança que precisamos virá.

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Construir um mundo que coloque realmente as pessoas e a vida no centro é tanto possível como inegociável.

Bianca Castro, “Público” (sem link)

 

A ONG britânica Oxfam foi mais uma vez fazer ver aos líderes mundiais [em Davos] que é preciso taxar as grandes fortunas ao mostrar que os cinco mais ricos do mundo mais do que duplicaram a sua fortuna desde 2020.

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O estudo do UBS afirma que, ao contrário dos pais, os herdeiros das fortunas são menos dados à filantropia que os pais.

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No domingo, em Davos, [Marlene Engelhorn, jovem herdeira da família fundadora do grupo químico alemão BASF] juntou-se com outros donos de fortunas e activistas de esquerda para exigir um sistema fiscal mais justo.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A covid-19, tal como hoje a encaramos, foi um salto no vazio que se controlou a custo e contra muitas marés que, ainda hoje, contam com acérrimos defensores do pouco que se passou ou do puro negacionismo.

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A fraude de alguns que matou milhões em todo o Mundo deixou saudades a quem descobriu afectos escondidos nas ruas vazias e na sensação de que havia um ideal colectivo em reconstrução.

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Se nem tudo é perfeito numa altura em que se enfrenta o desconhecido, é alarmante perceber que numa comparação com França, Alemanha, Áustria, Grécia, Bélgica, Chéquia e Estónia, o preço inicialmente definido por Portugal era o mais alto. 

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A forma como encontramos legenda sobre o nosso passado recente diz mais sobre o apuro da nossa memória do que todo um passado histórico em retrospectiva.

Miguel Guedes, JN

 

O jornalista do Expresso Tiago Soares foi agredido quando fazia a cobertura da iniciativa “Encontros Parlamentares”, organizada por alunos da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

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Nessa altura, tentou que os assessores do Chega esclarecessem a situação e ainda chamou pelo próprio André Ventura. 

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Tiago Soares identificou-se como jornalista à entrada do evento e deixaram-no entrar. Fez o mesmo antes de ter sido retirado da sala à força. De nada lhe valeu.

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Não passa pela cabeça de ninguém no seu perfeito juízo fazer uma ação direta deste tipo, sobretudo visando um jornalista no exercício das suas funções.

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Antes de mais, existiu uma comunicação do Chega, cujo conteúdo constava também na agenda divulgada pela Lusa, que dava conta da realização do evento e que dava conta de duas situações: por um lado, que André Ventura falaria aos jornalistas à entrada do evento; por outro, que não seriam admitidas câmaras lá dentro. Ora, isto não significa, nem poderia ser assim interpretado, que não pudessem entrar jornalistas.

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Qual o interesse do Chega em induzir jornalistas em erro? O interesse de sempre –​ atrair jornalistas às iniciativas em que Ventura participa.

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É incompreensível que o modelo de evento que [os estudantes da UCP] conceberam exclua a assistência ou participação de quem tem a missão de partilhar a informação com o público.

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Mas não, aqueles estudantes entendem que os seus eventos não devem ser e estar acessíveis. Há aqui uma lógica de “isto não é para todos”.

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Dessa lógica até à que lhes permitiu sentirem-se no direito de usar a força para expulsar um jornalista da sala foi um saltinho. Nem os seguranças de uma discoteca nos anos 80 fariam melhor.

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Foi neste contexto que Miguel Morgado, no Linhas Vermelhas da SIC Notícias, saiu em defesa dos estudantes, digo do Chega, digo, na verdade, que não se percebeu bem quem queria defender.

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Também se estranha que Miguel Morgado não tenha uma palavra a dizer sobre a ação direta e violenta que exerceram sobre o jornalista.

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Também se estranha que Miguel Morgado não tenha uma palavra a dizer sobre a ação direta e violenta que exerceram sobre o jornalista.

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Mais ainda se estranha que Miguel Morgado tenha tido a preocupação de dizer, repetir e insistir que não foram os seguranças do Chega que expulsaram o jornalista.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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