sábado, 13 de janeiro de 2024

MAIS CITAÇÕES (265)

 Se [a problemática que se vive na comunicação social] fosse mais um sector vítima de mudanças tecnológicas, era um problema de empresários e trabalhadores.

(…)

Mas a democracia não pode viver sem jornalismo.

(…)

Com mais ou menos incompetência, a crise na Global Media resulta de um problema global.

(…)

Depois da entrada de empresários sem conhecimento do sector, a Global Media foi comprada por um fundo com sede nas Bahamas que até há uns dias ninguém sabia a quem pertencia.

(…)

Sabemos [da fragilidade do setor], porque vendas e audiências são públicas, que há títulos que não vendem há anos.

(…)

[Há] puro mecenato ideológico para moldar as opiniões públicas.

(…)

Num sector cada vez mais desqualificado, a proletarização dos jornalistas tem sido uma forma eficaz de corroer a liberdade de imprensa.

(…)

O antigo diretor da TSF, Domingos Andrade, disse, no Parlamento, que a administração da Global está a partir a espinha das redações pela fome.

(…)

É o que está a acontecer à liberdade de imprensa: a ser domada pela penúria.

(…)

Claro que houve empresas que se adaptaram e outras que não o fizeram. Quem inovasse e quem ficasse na mesma. E haverá quem sobreviva.

(…)

Mas a concentração que este processo de adaptação provoca (…) é perigosa para a democracia. 

(…)

O investimento privado no jornalismo só é desinteressado se procurar o lucro. Quem não o procura, procura poder. E isso é incompatível com a autonomia editorial dos jornalistas. 

(…)

Os órgãos de comunicação social eram plataformas eficazes para publicitarem produtos e serviços, e essa era a principal sustentação do negócio.

(…)

Quem queira substituir isto por “filantropia” (…) está a propor o fim do jornalismo livre.

(…)

O sindicato já defendeu um crédito para cada cidadão usar para assinar o jornal que prefere, deixando aos leitores a escolha.

(…)

Uma coisa é certa: se a liberdade de imprensa deixa de ser rentável, a alternativa ao apoio público é a sua destruição.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

É relevante que os atores políticos e os órgãos de soberania sejam obrigados a discutir a importância e o estado atual da informação, incluindo os seus meios e as formas como, em vários planos, vai estando organizada. 

(…)

O desrespeito pelo emprego e pelo pagamento regular do salário é sempre não apenas incumprimento de direitos laborais e sociais fundamentais e de compromissos democráticos, mas também a violação de direitos inscritos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

(…)

Há no país vários casos de salários em atraso e a situação pode agravar-se. Exige-se uma ação atenta por parte dos governantes e do sistema de justiça.

(…)

O FGS [Fundo de Garantia Salarial] só pode ser acionado em situações de insolvência ou grave crise desencadeadas judicialmente, logo, não resolve o problema dos salários em atraso.

(…)

Não há robustez numa lei que, perante remunerações em atraso, permite que os trabalhadores fiquem bastante tempo sem remuneração e distantes da vida das empresas.

(…)

É grande a dimensão política das questões que se levantam em torno do Grupo Global Media e daquilo que vai sendo exposto quanto à sua atuação e agenda. 

(…)

Hoje, a liberdade de imprensa tem um valor social e um papel na defesa da democracia absolutamente determinantes.

(…)

Do Governo e dos órgãos de soberania reclama-se atuação sem complexos ideológicos, forçando soluções para o imediato e contribuindo para as de médio e longo prazo.

(…)

E os jornalistas, enquanto classe profissional, foram sendo enfraquecidos pela desvalorização da profissão, pela precariedade e baixas condições de trabalho dos jovens, por atropelos vindos das redes sociais. 

Carvalho da Silva, JN

 

Há alguns anos, quando falava do meu receio em relação ao crescimento da extrema-direita recebia muitas vezes comentários dubitativos ou mesmo jocosos.

(…)

Em Portugal havia a convicção, que se veio a revelar ser um mito, de que a nossa Constituição nos preservaria da extrema-direita.

(…)

 [Em França] a direita adota agora sem qualquer embaraço o mesmo discurso e o Governo de centro-direita vota leis, como a nova lei de imigração, que seriam impensáveis há muito pouco tempo.

(…)

Mas não devemos dar todo o crédito do sucesso da extrema-direita à direita, ela tem mérito próprio. Tem conseguido, de forma sistemática, fazer um trabalho de desdiabolização eficaz.

(…)

Pela primeira vez, em França, a extrema-direita foi bem acolhida numa manifestação contra o antissemitismo, fazendo de conta já não ser o que era.

(…)

Na extrema-direita portuguesa, também se tenta esconder ligações com figuras do movimento neonazi.

(…)

A extrema-direita continua a ser o que era, a ponto de utilizar, como explica o sociólogo Ugo Palheta, muitos dos mesmos mecanismos de retórica racista que já havia utilizado contra judeus para atacar muçulmanos.

(…)

Consegue normalizar-se, diabolizar adversários políticos (reduzindo a crítica a Israel e a defesa da Palestina a uma posição antissemita), atacar minorias, defender ideias como a supremacia étnica, racial ou religiosa, a legitimidade colonial.

(…)

A extrema-direita tem nova maquilhagem, mas ainda é o que era.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)

 

Desde que a taxa de criminalidade atingiu o seu ponto mais alto em 2005, com 1007 crimes por 10 mil habitantes, a Escócia tem assistido a um substancial decréscimo que levou a taxa a atingir o seu nível mais baixo em 2022 (523).

(…)

Quando um político propõe mão dura para lidar com o crime, é sabido que o argumento tem propensão a granjear-lhe votos.

(…)

Mesmo que numerosos exemplos demonstrem que a violência de Estado para combater a violência seja mais contraproducente do que efectiva.

(…)

Niven Rennie, que foi um dos mais influentes polícias na Escócia, aprendeu que para lutar contra o crime é preciso combater as suas causas, a pobreza e a desigualdade.

(…)

“Quando falo de violência, também falo de vício, pobreza, sem-abrigo e trauma”, escreve o antigo director da SVRU (…) apostando na prevenção, ou seja, tentando atacar os problemas que levam ao crime, ao invés de centrar todos os esforços na repressão do que já aconteceu.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

Sem comentários:

Enviar um comentário