(…)
A contradição entre ciclo político e económico é uma das
razões para a atual indefinição.
(…)
Os problemas que enfrentamos, além das limitações do euro,
são os custos da escolha orçamental feita por Costa: a degradação dos serviços
públicos e a desqualificação dos trabalhadores do Estado.
(…)
E, já agora, a impossibilidade de travar um processo migratório
de jovens qualificados que teve o seu pico no tempo de Passos.
(…)
Quem vier herda um enorme desafio na qualificação do Estado e
dos seus funcionários (e na crise da habitação, como governos de todas as cores
em toda a Europa)
(…)
Mesmo não sendo maioritário, não será fácil fazê-lo cair sem
que se vitimize e se reforce em novas eleições. É por isso que estas eleições
parecem ser as do tudo ou nada.
(…)
[A direita] stá com pressa para deitar a mão à “pesada
herança” de que se queixa. Ela não é boa nos serviços públicos, e essa também é
a questão.
(…)
A AD pretende usar a folga orçamental para um choque fiscal
que, por ser cego, terá como principais beneficiários a banca e grandes
distribuidoras.
(…)
Mesmo em sectores produtivos em crise, como a agricultora, lá
está o antigo líder da CAP a representar a resistência à mudança.
(…)
Se juntarmos o antigo bastonário dos médicos, verificamos que
a “mudança” representa as corporações de sempre.
(…)
Privatizar serviços públicos sem resistência custa dinheiro,
e este casamento entre folga orçamental e crise dos serviços públicos dá à
direita uma oportunidade histórica.
(…)
A direita sabe que esta é a oportunidade para distribuir a
herança pelos interesses que sempre representou em vez de resolver a degradação
dos serviços públicos que esta herança também custou.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem
link)
Celebramos hoje o Dia Internacional da Mulher e as conquistas
que a luta feminista pela igualdade já alcançou.
(…)
As mulheres continuam a assumir a maior parte das tarefas
domésticas e uma responsabilidade acrescida na educação dos filhos.
(…)
No trabalho, continuam a ganhar menos, muitas vezes com mais
qualificações.
(…)
E
os números da violência doméstica são dilacerantes; as mulheres continuam a ser
agredidas e assassinadas pelos seus companheiros.
(…)
Foi um longo caminho que fizemos até aqui. Nada foi fácil.
(…)
E poderiam algumas de nós ter a tentação de pensar que o
trabalho está feito.
(…)
O trabalho vai a meio e a parte que parece estar feita não
está de todo segura.
(…)
Neste
dia, de todas as mulheres e de todos os que apoiam a sua luta, são sobretudo as
mulheres que têm nas suas mãos o poder de decidir o futuro do país.
(…)
Alguns
deles [que agora se apresentam às eleições] são verdadeiros cromos de coleção
daqueles tão raros que se poderia pensar que já não existem ou que não teriam
lugar como candidatos a eleições.
(…)
Paulo
Núncio declarou querer dificultar o acesso ao aborto e querer referendar outra
vez a lei, não obstante estar aprovada e em vigor há muitos anos.
(…)
O Chega que já teve um candidato condenado por violência
doméstica.
(…)
[As
mulheres] sabem bem quais as forças políticas que defendem os seus direitos e
quais as que fazem de conta que as mulheres não existem.
(…)
Temos
o poder de escolher o que não é bom para nós e que não representa os nossos
direitos e interesses. Foi também essa liberdade que Abril nos trouxe.
(…)
Talvez nunca tenhamos passado por uma experiência política em
que tão evidentemente estivéssemos nas mãos da decisão das mulheres portuguesas.
Carmo Afonso, “Público” (sem
link)
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