(…)
Houve exagero no espaço concedido aos inimigos da democracia
e uma presença desproporcionada da Direita nos grandes espaços de comunicação
“tradicional”.
(…)
Os nossos governantes hão de invocar amiúde a situação
internacional e as políticas da União Europeia (UE) para justificarem as suas
opções de políticas.
(…)
Estamos preparados para redobrarmos a nossa luta (é isso que
vai ter de acontecer) pelo direito a um Estado social que garanta vida digna a
todos que vivem em Portugal, e contra a intensificação da exploração no
trabalho?
(…)
A guerra torna-se inevitável quando imperam a sobranceria, a
ganância, o egoísmo, a irracionalidade humana.
(…)
A guerra, que é a crise das crises, gera condições brutais de
subjugação e exploração.
(…)
Na Europa, a “austeridade”, a desvalorização salarial e de
rendimentos dos trabalhadores (ativos ou reformados), e a falta de habitação
foram as grandes causas do avanço da extrema-direita e de ideais fascistas.
(…)
A extrema- -direita colocou os imigrantes - a componente mais
frágil da sociedade - como os primeiros responsáveis das incomodidades das
“pessoas de bem”.
(…)
Quando lá chega [ao poder], coloca o Estado em guerra com
todo o povo.
(…)
Precisamos de uma consciência coletiva preparada para sermos
uma sociedade multicultural e multiétnica,
(…)
No tema Educação esteve [na campanha eleitoral] a situação
dos professores que, sendo importante, é apenas uma parte. Não se debateu a
Escola para as novas gerações.
(…)
Como ajudar os jovens a saber o que são profissões e
qualificações e a como se prepararem para elas?
De 32
países europeus (os 27 da UE mais Albânia, Macedónia, Montenegro, Sérvia e
Turquia), apenas quatro oferecem boas condições aos jornalistas: Alemanha,
Dinamarca, Irlanda e Suécia.
(…)
Num
continente europeu que se vangloria da sua liberdade de expressão e de imprensa
ter somente quatro países que dão boas condições aos jornalistas demonstra que
muitos governos não aliam as palavras aos actos.
(…)
A
representante dos jornalistas [europeus, Renate Schroeder] defende uma aliança alargada de
“leitores, ouvintes, organizações e sindicatos de jornais e académicos” que
convença os decisores políticos a agir e ligar a acção às palavras bonitas, de
modo a garantir a sobrevivência dos media
e à sua manutenção como um verdadeiro contrapoder e não o actual modelo
erodido.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
O
declínio da imprensa local nos EUA foi tão grande em 2023 que é provável que no
final deste ano o país tenha perdido um terço dos jornais existentes em 2005,
passando de 8891 para cerca de 6000.
(…)
Para
os autores [realizado no ano passado], estamos perante “uma crise de grande
alcance” para a democracia americana, que “se debate simultaneamente com a
polarização política, a falta de participação cívica e a proliferação de
desinformação e informação online”.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Para a
extrema-direita, o jornalismo ou é propaganda ou inimigo. A ideia de uma
imprensa livre com capacidade crítica e liberdade de expressão choca com a sua
percepção da sociedade.
(…)
Só na
Argentina, a Telam [mandada encerrar pelo Governo de Javier Milei] servia cerca de meio milhar
de notícias diárias aos 803 órgãos do país que assinavam o seu serviço.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Se
para um jornalista com todas as condições de trabalho asseguradas e total
liberdade já seria uma batalha difícil lutar contra a disseminação da
falsidade, nas condições precárias em que a maioria dos media vivem hoje, é uma luta
quase inglória.
(…)
Afirma a directora do jornal online Rappler [que] “segundo a V-Dem, uma ONG sueca, 72%
da população mundial vive baixo um regime autoritário. Portanto, voltámos ao
ponto em que estávamos em 1986.”
(…)
Com as
redes sociais transformadas nos maiores distribuidores de informação do mundo e
as mentiras, o ódio e o medo a espalharem-se a velocidade vertiginosa, como
pode o jornalismo com os pés assentes no chão fazer voar a sua informação
assente em factos à mesma velocidade?
(…)
Como pode a democracia sobreviver se a nossa
vontade como cidadãos está a ser condicionada por essa disseminação de
falsidade?
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Em primeiro, [o voto] sendo individual, ele não
deve ser individualista, ou egoísta, mas solidário e vinculado ao que
acreditamos ser o bem comum.
(…)
Em segundo, [o voto] apesar de depender de um
gesto pessoal, sempre falível porque humano, ele não pode ser irrefletido,
resultando de um capricho momentâneo.
(…)
Em terceiro lugar, [o voto] deve articular-se
com uma apreciação pessoal, o mais informada possível, dos diferentes modelos
de governação e desenvolvimento em presença, não dependendo da fácil adesão a
um rol de promessas irrealizáveis.
(…)
E em quarto, [o voto] precisa articular-se com
uma disposição subjetiva que seja construtiva e solidária, jamais resultante de
um momento de aversão ou de rancor.
(…)
Se desta forma orientarmos a reflexão e o
sentido do voto, não cairemos na tendência, hoje com lugar nas democracias
representativas, para ceder aos imperativos egoístas e aos apelos primários,
orientados no sentido da divisão, de um “nós contra eles” que jamais trará algo
de positivo.
Rui Bebiano, “diário as beiras”
Este não é um país pensado para os jovens.
(…)
Responsabilizam-se os jovens até por debelar as
contradições do mundo que o tornaram insustentável. No entanto, paradoxalmente,
retira-se-lhes o terreno para agir.
(…)
Os jovens são incentivados a sonhar com um
mundo melhor, mas simultaneamente são-lhes cerceadas as oportunidades de tornar
esses sonhos realidade.
(…)
Este cenário é particularmente frustrante
quando estas gerações de jovens, se veem aprisionadas numa teia de expectativas
contraditórias.
(…)
São forçados a procurar vidas viáveis fora do
país. Que futuro para Portugal?
(…)
A emigração dos jovens sublinha a falha dos
nossos sistemas políticos e económicos em oferecer-lhes oportunidades de vida
dignas e significativas.
(…)
É essencial que se comprometam com uma
visão de futuro que englobe todas as gerações, criando uma sociedade justa,
equitativa e próspera, onde os jovens tenham verdadeiras razões para ficar e
contribuir, e onde os mais velhos desfrutem da dignidade e do respeito que
merecem.
Fátima Alves, “diário as beiras”
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