terça-feira, 12 de março de 2024

O DIA SEGUINTE

 
10 de março de 2024 deve ser recordado por todos os democratas, como aquele dia em que a esquerda portuguesa sofreu a maior derrota de sempre, em regime democrático. Não há que escondê-lo, seja de que forma for.

Se é certo que há responsabilidades recentes e outras antigas, o mais importante é que não sejam cometidos novos erros que favoreçam os inimigos da democracia. Eles estão alerta e vão aproveitar todas as ocasiões para lançarem as suas farpas envenenadas sobre tantas conquistas, só possíveis em regime de liberdade, após abril de 1974.

Este domingo, mais de 1 milhão de eleitores portugueses votou num partido de extrema-direita que não esconde a sua vontade de, sob os mais diversos pretextos, subverter o regime democrático em que vivemos, há perto de 50 anos. Na realidade, estamos em crer que, não há em Portugal 1 milhão de simpatizantes de ideias fascistas, mas, a verdade, é que passaram um cheque em branco a uma organização sem escrúpulos que não olha a meios para atingir os seus perversos fins.

É hora de todos os democratas de sempre, com todas as diferenças que os caracterizam, darem as mãos para impedirem que a liberdade, tão arduamente conquistada, seja banida ou amordaçada na sociedade portuguesa.

Está em vias de acontecer que, no ano em que se comemora o 50º aniversário da revolução que nos restituiu a liberdade, vejamos instalados no poder aqueles que de lá foram expulsos pelo povo, na sequencia do dia 25 de abril de 1974. Seria uma tragédia, mas bem passível de se converter em realidade.

A recente campanha eleitoral pode ter-nos fornecido uma amostra daquilo que, num futuro, mais ou menos próximo, pode vir a acontecer. É bom que tenhamos em atenção que os inimigos da democracia, no seu significado mais amplo, se sirvam dela, para a subverterem sem apelo nem agravo. Aí chegados, não haverá mais hipóteses de retorno.

Este ano, em particular, as comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974 devem estar muito mais centradas do que é costume, no alarme que soou este domingo, porque já andámos distraídos demasiado tempo.

Luís Moleiro Santos

P.S. O texto acima, apesar de publicado neste blog, é da exclusiva responsabilidade de quem o assina.


Sem comentários:

Enviar um comentário