(…)
Quando
falou, Montenegro tinha duas coisas para dizer: que o festival de promessas e o
seu fantasioso cenário macroeconómico não eram para levar a sério e que
pretendia governar como se tivesse maioria absoluta.
(…)
Se a
AD quer governar com o programa da AD, tem apenas os deputados da AD. Se quer
mais, aproxima posições às dos deputados de que precisa.
(…)
Nas
questões económicas e sociais, onde existe, de facto, um bloco de direita, não faz
sentido exigir o voto do PS.
(…)
basta
conhecer as posições do Chega sobre SNS, leis laborais ou política fiscal para
perceber que a AD está muito mais próxima dele do que do PS.
(…)
Este
governo não foi construído para pensar em convergências programáticas com o PS.
(…)
Se um
governo de direita tem um programa de direita e há uma maioria de direita, que
sentido faz ser sustentado pela esquerda?
(…)
Depois
de Pedro Nuno Santos ter assumido que não inviabilizaria a entrada em funções
do Governo, Montenegro defendeu que isso implicava viabilizar Orçamentos.
(…)
Cada
sinal de boa vontade do PS é transformado numa armadilha para o neutralizar e
entrgar a oposição ao Chega.
(…)
Na posse, Montenegro disse que tem um programa e exige os
deputados que lhe faltam para o aplicar.
(…)
Montenegro quer ter, com a vitória mais curta da democracia,
uma maioria parlamentar que não lhe pertence, uma oposição neutralizada e um
Governo que não tem de lidar com limites parlamentares.
(…)
Com apenas 29%, quer cumprir o sonho de Sá Carneiro, mas aditivado:
um Presidente do seu campo político, uma maioria que não tem, um Governo que
não negoceia e uma oposição que não se opõe.
(…)
Se a única consequência óbvia do chumbo do OE forem eleições
antecipadas, a AD não tem incentivos para negociar.
(…)
Não haverá responsabilidade, mas vitimização. Não haverá
diálogo, mas chantagem.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Os riscos climáticos e o impacto das alterações climáticas
(AC) não podem ser abordados como uma coleção de episódios, mas, pelo
contrário, impõem a consideração integrada de todos os aspetos da vida, da
natureza e das sociedades.
(…)
Os riscos já atingiram níveis críticos e podem tornar-se
catastróficos se não implementarmos políticas de adaptação integradas.
(…)
A Europa do Sul será afetada por riscos múltiplos, com
destaque para os incêndios florestais, as ondas de calor. a escassez de água
para a produção agrícola, as inundações das zonas costeiras, incluindo várias
cidades, e a saúde humana.
(…)
A lei [Lei de bases do Clima] explicita os direitos e deveres
climáticos, a participação e a mobilização públicas para a ação climática e as
políticas nacionais, regionais e locais em todos os setores face à condição
climática presente e futura.
(…)
Contudo, ao cabo de dois anos a aplicação da Lei do Clima
anda a passo de caracol e tardam medidas básicas essenciais.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
A primeira certeza [que saiu o comunicado do primeiro
Conselho de Ministros do novo governo] é que vamos regressar ao
carrossel dos debates da criminalização do enriquecimento ilícito, que consta
do programa da AD e que os deputados da AR andam a mastigar há muitos anos.
(…)
Sobre transparência e confiança nas instituições, é bom notar
que o governo criou um enorme problema para si mesmo.
(…)
Esse problema chama-se Miguel Pinto Luz, o novo ministro das
infraestruturas que ficou agora encarregado dos dossiers da TAP e do novo
aeroporto.
(…)
[Pinto Luz] teve responsabilidades políticas diretas na
privatização da TAP. Um processo que primou pela opacidade e por decisões que,
objetivamente, prejudicaram o Estado.
(…)
Enquanto governante assinou uma “carta de conforto” aos
credores da TAP em que o Estado Português garantia o pagamento da dívida em
caso de incumprimento, mesmo depois da privatização.
(…)
Ela estabelecia que se a atividade da TAP corresse bem, todo
o lucro seria para o privado; se corresse mal, todo o risco era assumido
pelo Estado
(…)
Pinto Luz fez com Neelman um negócio inexplicável: sem riscos
para o comprador; sem necessidade de investimento próprio; e com todo o risco a
ser assumido pelo Estado português.
(…)
Agora, Pinto Luz vai ter de decidir sobre a localização do
novo aeroporto de Lisboa, numa negociação com a VINCI, cuja concessão resultou
de um negócio do governo de Passos Coelho que foi arrasado na recente auditoria
do Tribunal de Contas.
(…)
Acresce que a representar o concessionário privado no
processo do novo aeroporto temos, curiosamente, um ex-ministro do PSD – José
Luís Arnaut – notório apoiante de Luís Montenegro.
(…)
Podemos ter agora o acalento da esfera armilar, das quinas e
castelos, mas sinto que a pátria não está segura.
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