(…)
Todo o julgamento foi uma sucessão de horrores,
humilhações, preconceitos, desumanização, achincalhamento e violências por
parte da juíza sobre a vítima das agressões.
(…)
Agora, o desfecho foi uma condenação da vítima e
a ilibação do agressor, que foi apenas condenado por ter espancado outros dois
cidadãos, também eles negros, testemunhas do caso
(…)
O que aconteceu é muito mau. Primeiro,
pela desproporção do uso da força por parte da polícia, responsável pela nossa
segurança.
(…)
[Quem tem o poder do uso legítimo da força] está
obrigado, em suma, a conhecer e respeitar a lei, em vez de a violar
grosseiramente.
(…)
O que aconteceu naquele dia na paragem foi
exatamente o oposto.
(…)
O caso é grave pelo racismo estrutural que revela
e confirma.
(…)
Se não fosse uma mulher negra, se não fosse numa
carreira na Amadora, se não fosse uma mulher pobre, obviamente que Cláudia
Simões não teria sido tratada como foi.
(…)
Em terceiro lugar, este desfecho é grave pela
evidente injustiça da Justiça.
(…)
Sobre o trauma da criança que viu a sua mãe ser
espancada, declarou a juíza: “o choro da sua filha é à mãe que se deve".
(…)
A sentença de Catarina Pires sancionou práticas
de violência por parte das forças policiais, ignorou insultos racistas, acusou
a vítima de má-fé, deslegitimou o movimento anti-racista e amplificou a
violência racial.
(…)
Onde Claúdia Simões devia ter encontrado
proteção, recebeu mais um conjunto de ofensas.
(…)
Claúdia Simões anunciou que vai recorrer desta
sentença, que vai “nem que seja ao fim do mundo”.
José Soeiro, “Expresso” online
É mais urgente do que nunca falar de vida, de
construção, de esperança num mundo equilibrado em sintonia com a Natureza.
(…)
A aprovação pela UE da Lei do Restauro da
Natureza, com o contributo do voto de Portugal, parecendo extemporâneo, poderá
ser precursor se assim o quisermos.
(…)
Corremos agora o risco de sermos vítimas da
sobreposição de várias guerras.
(…)
[Da Lei do Restauro da Natureza] também depende
o restauro de outras coisas urgentes, como é o equilíbrio entre economia e
ecologia.
(…)
Em Portugal esta lei reflete-se de imediato na
arrastada disfunção do nosso sistema de áreas protegidas.
(…)
São três grandes domínios que esta lei aponta:
solos, rios e mares — três grandes valores que sustentam a biodiversidade.
(…)
Como conservar e restaurar o mar quando o
olhamos apenas como o baú líquido de riquezas por extrair?
(…)
É toda a charada que traduz estas contradições
que tem de ser resolvida, e tal começa logo pelas áreas protegidas e parques
naturais.
(…)
A Lei do Restauro da Natureza teve um conjunto
alargado de especialistas a requerê-la.
(…)
São tempos assustadores e tenebrosos os que
vivemos, mas se houver futuro, e tem de haver, é por aqui que ele dará sinal de
nascer. O nosso papel hoje é merecê-lo.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
A segmentação divisionista do mundo sindical
acentua-se à medida que crescem os sindicatos-cogumelo, forças de truculência
que representam facções em nome do mesmo suposto interesse.
(…)
A “doença infantil do sindicalismo” veio para
ficar e é um sinal precoce do fim.
(…)
Do combate político passou-se, agora, à
instrumentalização.
(…)
A forma como a luta dos polícias se deixa
instrumentalizar pela extrema-direita não é de agora e até já está bem
documentada.
(…)
O convite de André Ventura para que os
manifestantes irrompessem pelo Parlamento, somando vozes ao protesto que se
preparava no exterior, é mais um acto de irresponsabilidade gratuita que em
tudo prejudica a luta e a razão de ser dos protestos.
(…)
A visão do gesto supremacista branco que
Ventura usou na convocatória à acção avançada policial não é irrelevante.
(…)
Ao Chega interessa a preservação dos
instrumentos que possibilitem a manutenção da neblina de que tanto precisam
para continuar a promover a mentira, a insídia e a demagogia.
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