Tendo como pano de fundo o futuro da RTP, o primeiro-ministro declarou hoje em Londres que nada está ainda decidido sobre o “processo de alienação” da estação pública de televisão. Tudo isto acontece depois da entrevista que o não-ministro testa de ferro, António Borges, deu à TVI na semana passada, em que abriu a porta à concessão da RTP1 a investidores privados (provavelmente estrangeiros) e ao encerramento definitivo da RTP2. Dada a prática a que este Governo nos habituou e à situação de degradação ética a que o ”Dr.” Relvas chegou, ninguém com um mínimo de discernimento, deixará de imaginar que: 1) esta entrevista foi encomendada; 2) as principais linhas do seu conteúdo são do total conhecimento do primeiro-ministro senão mesmo combinadas com ele; 3) convinha ao Governo sentir a reacção da opinião pública sem que nenhum dos seus membros tomasse uma posição definitiva.
Partindo da situação criada pela entrevista de António Borges à TVI, Batista Bastos tece, na crónica que hoje assina no DN, uma crítica contundente à forma de actuação do Governo Passos/Portas. Vale a pena lê-la:
O país que pensa assistiu, entre o perplexo e o estarrecido, às declarações do sr. António Borges a Judite Sousa, na TVI. Perplexo porque viu um assessor substituir o Governo numa entrevista importante. Estarrecido pela frieza gélida com que o senhorito falou no extermínio do serviço público de informação, em troca de coisa alguma. A certa altura da extraordinária conversa, o sr. Borges, impávido e sereno, disse que a questão dos despedimentos previsíveis diria respeito ao novo "operador" logo que a RTP e a RDP fossem desmanteladas. O Governo lavava dali as mãos. Só um tolo admitiria que o preopinante falava com voz própria. Ele mais não era do que o eco, à sorrelfa, de Miguel Relvas, dissimulado nos bastidores pelas públicas razões conhecidas.
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