sexta-feira, 28 de março de 2014

REESTRUTURAÇÃO DA DÍVIDA É O CAMINHO


É muito importante que cada vez mais portugueses reflictam sobre a impossibilidade de Portugal pagar a dívida e a necessidade de se proceder a uma reestruturação da mesma, independentemente da designação que essa acção tiver.
Acontece muitas vezes as forças progressistas terem razão antes do tempo e verem as suas propostas apelidadas de irrealistas e utópicas. Na situação em apreço, há anos que o Bloco de Esquerda vem apelando a uma reestruturação da dívida portuguesa, pela simples razão de ela ser impagável. O crescimento da economia tinha de ser da ordem dos 4% ou 5%, vários anos seguidos, uma completa impossibilidade entre nós. É, pois, determinante que a pressão da opinião pública se faça sentir nas cabeças duras dos nossos governantes para que se quebre o fanatismo ideológico que os domina.
O texto (*) que apresentamos a seguir, é mais uma contribuição nesse sentido, e foi transcrito do “Diário as beiras” de ontem.
Recentemente surgiram dois manifestos, um nacional e outro internacional, a favor da reestruturação da dívida. É verdade que há cerca de dois anos a prática governativa e os discursos de alguns dos subscritores nacionais eram contrários à reestruturação, numa altura apenas defendida pelo Bloco de Esquerda. Mas os motivos pelos quais é fundamental reestruturar a dívida são muito objetivos.
Portugal paga juros elevadíssimos, da ordem dos cinco por cento ou mais, mas nenhum serviço que nos é prestado pelos mercados financeiros justifica juros desta ordem. Basta o leitor pensar quantos são os negócios que dão lucros de cinco por cento ao ano.
Ademais, sabemos que os maiores crimes cometidos nos últimos anos ao nível mundial e nacional foram cometidos pelas próprias instituições financeiras, provocando desemprego em massa, pobreza e tragédias humanas que terminaram em mortes. Logo, parte dessa dívida é ilegítima, correspondendo em grande medida a lucros virtuais e especultivos e moralmente não deveria ser paga.
Só para pagar os juros, sem entrar em conta com a dívida em si, Portugal deveria crescer anos a fio acima dos quatro ou cinco por cento ao ano e o mesmo deveria ocorrer nos países para onde mais exportamos, alguns deles também com dificuldades financeiras. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que isto é ficção científica. Mas ficção científica é algo que facilmente passa por realidade à dupla de sumidades académicas Passos Coelho-Portas que governa o país.
(*) Rui Curado Silva, Investigador

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