domingo, 30 de março de 2014

UMA QUESTÃO DE TEMPO


A reestruturação da dívida pública portuguesa está a fazer o seu caminho pelo que, tarde ou cedo vai ter lugar ainda que com outra designação qualquer para que a maioria de direita não perca a face. A coligação PSD/CDS tenta, a todo o custo, desvalorizar o impacto do Manifesto dos 70, tanto o que é constituído por personalidades portuguesas como o seu congénere internacional.
Sexta-feira à noite (28/3/2014) surgiu uma petição, promovida pelos autores do manifesto, que, em menos de 48 horas já recolheu mais de 10 mil assinaturas, o que significa estarem reunidas as condições para ser discutida em plenário da Assembleia da República.
“Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”, a proposta do Manifesto dos 70 está, assim, a ter uma repercussão na sociedade portuguesa, muito maior que o Governo jamais imaginou e que os seus propagandistas não são capazes de contrariar, tão óbvios são os factos. Por assim dizer, todos os dias a ideia da necessidade imperiosa de reestruturar a dívida pública portuguesa ganha novos adeptos, como refere Nicolau Santos no seguinte texto que transcrevemos do Expresso Economia.
Portugal vai ter de reestruturar a dívida. Terá de pedir desculpa aos credores e dizer que não consegue pagar nos prazos combinados. E pedir um prazo mais longo e uma taxa de juro mais baixa. Esse dia chegará”. A frase é de Daniel Bessa, ex-ministro da Economia. Na mesma edição da revista “Visão”, Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças, insiste no tema: “A nossa dívida pública deve ser cumprida. Costumo usar a expressão ‘honrar a dívida pública’, mas também digo que é preciso fazer a renegociação honrada da dívida pública. Dizemos que pagamos o capital, mas os juros têm de ser mais baixos e o tempo tem de ser mais longo. A renegociação honrada é uma proposta que já faço há uns tempos”. Bessa e Cadilhe não assinaram o Manifesto dos 70, que pedia a reestruturação da dívida pública portuguesa. São duas vozes independentes e não conotadas com a oposição a este Governo. Eles, como os 70 economistas estrangeiros que também subscreveram o documento, sabem que é só uma questão de tempo.

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