quarta-feira, 22 de maio de 2019

22 MAIO, DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE



A propósito da passagem do Dia Internacional da Biodiversidade, deixamos aqui um excerto de um artigo de opinião que a bióloga e presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia, Maria Amélia Martins-Loução, assina no “Público” de hoje.

Mas afinal o que é a biodiversidade e por que é tão importante? Biodiversidade pode referir-se a qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e ecossistemas. Ou seja, não basta termos uma monocultura, herbácea ou florestal, para maximizar a produção onde não há diversidade genética, para termos biodiversidade. Pelo contrário, este “tipo” de diversidade pode implicar o aparecimento de pragas ou doenças ficando a produção globalmente afectada. O mesmo se passa com ecossistemas idênticos e contíguos. Não existindo variabilidade, a capacidade de resistência é praticamente nula. E isto explica o alastramento de incêndios porque as paisagens continuamente uniformes são ecossistemas de produção pouco complexos e/ou altamente explorados pelo homem. Surgem as tais “catástrofes” que requerem ajuda imediata.
Quando há diversidade genética dentro de espécies, em espécies e ecossistemas diferentes, a biodiversidade aumenta e a sua capacidade de resiliência a fogos e tempestades é maior. Nos ecossistemas naturais estabelece-se uma teia de dependências complexas que as torna intimamente ligadas e resilientes. São estes sistemas, que para além do alimento e da fibra, providenciam a regulação hídrica, a reciclagem de nutrientes, a purificação do ar, a regulação térmica, e ainda o lazer e deleite cultural. Serviços de que o homem tira partido sem nada dar em troca. Em áreas de reserva natural, mesmo que confiram um equilíbrio global e sustentável, se não são rentáveis, como podem ser garante da qualidade de vida?

Sem comentários:

Enviar um comentário