A propósito da passagem do
Dia Internacional da Biodiversidade, deixamos aqui um excerto de um artigo de
opinião que a bióloga e presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia, Maria
Amélia Martins-Loução, assina no “Público” de hoje.
Mas afinal o que é a
biodiversidade e por que é tão importante? Biodiversidade pode referir-se a
qualquer nível de variabilidade existente entre seres vivos, incluindo a
diversidade genética dentro da mesma espécie, em espécies diferentes e
ecossistemas. Ou seja, não basta termos uma monocultura, herbácea ou florestal,
para maximizar a produção onde não há diversidade genética, para termos
biodiversidade. Pelo contrário, este “tipo” de diversidade pode implicar o
aparecimento de pragas ou doenças ficando a produção globalmente afectada. O
mesmo se passa com ecossistemas idênticos e contíguos. Não existindo
variabilidade, a capacidade de resistência é praticamente nula. E isto explica
o alastramento de incêndios porque as paisagens continuamente uniformes são
ecossistemas de produção pouco complexos e/ou altamente explorados pelo homem.
Surgem as tais “catástrofes” que requerem ajuda imediata.
Quando há
diversidade genética dentro de espécies, em espécies e ecossistemas diferentes,
a biodiversidade aumenta e a sua capacidade de resiliência a fogos e
tempestades é maior. Nos ecossistemas naturais estabelece-se uma teia de
dependências complexas que as torna intimamente ligadas e resilientes. São
estes sistemas, que para além do alimento e da fibra, providenciam a regulação
hídrica, a reciclagem de nutrientes, a purificação do ar, a regulação térmica,
e ainda o lazer e deleite cultural. Serviços de que o homem tira partido sem
nada dar em troca. Em áreas de reserva natural, mesmo que confiram um
equilíbrio global e sustentável, se não são rentáveis, como podem ser garante
da qualidade de vida?
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