quarta-feira, 15 de maio de 2019

EM DEFESA DE UMA DECLARAÇÃO DE EMERGÊNCIA CLIMÁTICA



O Prof. Boaventura Sousa Santos (BSS) define capitalismo, no “Dicionário das crises e das alternativas”, como “um modo de produção de mercadorias (bens e serviços) que assenta na separação entre o capital, que detém a propriedade dos meios de produção (máquinas, sistemas de gestão e informação, tecnologias e matérias primas), e a força de trabalho, que mobiliza esses meios para produzir riqueza”. Acrescenta BSS, mais à frente, que, “para além da contradição entre o capital e o trabalho, o capitalismo gera uma contradição entre o capital e a natureza. A natureza é concebida pelo capital como uma fonte potencialmente inesgotável de matérias-primas, um tipo, entre outros, de mercadorias. Acontece que as matérias-primas são uma falsa mercadoria, já que não foram produzidas pelo trabalho humano, os recursos naturais não são inesgotáveis e a sua exploração acarreta consequências sociais e ambientais extremamente gravosas para as populações e para a natureza”. Ora, é exactamente deste ponto que o planeta em que vivemos está a aproximar-se, numa situação em que a sobrevivência da espécie humana começa a ficar em risco. Urge arrepiar caminho, antes que seja demasiado tarde, e têm de ser as populações e os seus legítimos representantes a tomar a iniciativa pois não se pode esperar que o sistema capitalista, agora hegemónico em todo o mundo, e cuja principal finalidade é o lucro, venha a desenvolver quaisquer diligências que possam colocar em causa o seu objectivo fundamental.
Quer isto dizer que faz todo o sentido a interpelação do Bloco de Esquerda ao Governo, sobre emergência climática, que hoje está a ter lugar na Assembleia da República. O objectivo é que, no mais curto prazo, Portugal, tal como já aconteceu com o Reino Unido e com a Irlanda, apresente no Parlamento uma declaração de Estado de Emergência Climática.
Tem todo o cabimento que o nosso país se encontre na vanguarda da luta contra as alterações climáticas, uma vez que nos encontramos na linha das catástrofes causadas pelos transtornos que o clima está a sofrer e poderemos ser um alvo a curto/médio prazo.

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