Quando se ouve falar na situação de emergência
climática que atualmente se vive à escala do planeta, começa a sentir-se que,
para um número cada vez maior de especialistas nesta área, embora eles não o
digam diretamente, há casos em que o mal que foi feito já não é possível
remediar. No entanto, o que se entende com facilidade é que no sistema
capitalista, cujo objetivo é a obtenção do lucro máximo a qualquer preço, não iremos
encontrar uma porta de saída para salvar as espécies vivas que ainda coabitam
neste planeta. E o tempo vai ser cada vez mais curto para se atingir esse
objetivo pois, como afirma João Camargo no “Público” de hoje, “Só
uma modificação fundamental no sistema económico pode travar uma degradação
ainda maior”. Nesta afirmação transparece um certo desânimo em relação ao nosso
futuro climático por parte daquele investigador em alterações climáticas, que
não devemos deixar de ter em conta. Os interesses poderosíssimos, que têm todos
os trunfos na mão ainda que não tenham a razão, podem travar todas as decisões
políticas que acudissem à emergência climática. O que se vislumbra neste
momento é a necessidade de uma mobilização maciça das populações, à escala
mundial, com o objetivo de travar a catástrofe que já se vislumbra no
horizonte.
Dada
a extensão do artigo de João Camargo, aqui ficam alguns excertos do texto que
assina no “Público” de hoje.
Não há
resposta à crise climática de mão dada com o capitalismo extractivista que só
procura oportunidades para fazer mais dinheiro.
(…)
Só uma
modificação fundamental no sistema económico pode travar uma degradação ainda
maior [da atual realidade climática].
(…)
Os actuais
incêndios têm tanto calor e tanto vento que toda a matéria orgânica arde,
atravessando as paisagens quer tenha ou não havido acções como fogos
controlados, quer haja espécies mais combustíveis quer não.
(…)
Em Portugal, a
influência que as celuloses continuam a exercer manieta a possibilidade de se
travar a desertificação do nosso país.
(…)
Apesar das
várias opções técnicas e políticas questionáveis, como escolher uma vez mais
alguém das celuloses para controlar a política florestal, a verdadeira política
pública é observável a olho nu.
(…)
Percorrendo as
estradas e auto-estradas do país, caminhando pelas serras e montes, vemos um
barril de pólvora, uma densidade arbórea multiplicada várias vezes e uma
expansão invasiva de eucalipto até nos terrenos mais secos.
(…)
Nas escolas
primárias, as celuloses distribuem gratuitamente livros a dizer que “Juntos
vamos parar o aquecimento global”, plantando eucaliptos, “uma árvore cheirosa e
que ajuda a combater o aquecimento global”. Não há limites para a desfaçatez da
Navigator Company.
(…)
Quando há
estabilidade do clima, as florestas regeneram e reabsorvem carbono, mas quando
há incêndios catastróficos há libertação massiva de gases com efeito de estufa.
(…)
Já vivemos num
novo clima em que os incêndios catastróficos não podem ser evitados.
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