sábado, 21 de março de 2020

CITAÇÕES


Em Portugal, como nos restantes países da União Europeia, vivemos a consequência da desistência da luta pelos direitos do trabalho, do combate à pobreza e às desigualdades e da defesa do Estado social.
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Nestes dias, é impossível não pensar nas pessoas que vivem sozinhas, nas pessoas com deficiência, nas pessoas sem abrigo, nos refugiados, nos cuidadores informais, enfim, em tanta gente a quem as medidas de contingência não chegam ou nem sequer têm condições para pô-las em prática.
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As crises tornam ainda mais visíveis as desigualdades e a injustiça.
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O reforço dos serviços públicos, dos direitos laborais e da proteção social são mesmo os instrumentos fundamentais para sairmos mais fortes e mais humanos de tudo isto.

Como alguém escreveu num lençol pendurado na fachada de um prédio madrileno, “a romantização da quarentena é um privilégio de classe”.
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Para as pessoas em situação de sem-abrigo ou para os migrantes a viver em contentores nas explorações agrícolas do Alentejo, o slogan “Fica em Casa” pode soar como uma mera piada de mau gosto.
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Em tempos de confinamento e de crise pandémica, todas as desigualdades – de género, de classe, de idade,... – se amplificam.
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A “quarentena” é, para muita gente, um momento de desespero.
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Os tempos da pandemia já soltaram também outras epidemias sociais.
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Neste momento, estamos a assistir a milhares de despedimentos, muitos deles selvagens.

Ninguém duvida das boas intenções mas todos nos questionamos sobre se os recursos e capacidade instalada serão suficientes para fazer face aos picos de Abril e Maio.
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Sente-se o desespero dos cidadãos britânicos, num ensaio sobre a perplexidade, a questionarem se as medidas e o caminho tomado pelo Governo têm, pelo menos, alguma base científica.
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Temos condições para evitar o pelotão da frente dos números de mortalidade na Europa, caso saibamos olhar para os exemplos de Itália e Espanha, China e Macau, e aprender com isso.

Temos a obrigação de tudo fazer para que a crise pandémica não se transforme numa crise social sem precedente.
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Será uma violência contra quem trabalha e contra o desenvolvimento da sociedade, o trabalho e o emprego ficarem entregues às regras vigentes do "mercado de trabalho" e a decisões discricionárias de empregadores.
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Os apoios públicos (às empresas) - dinheiro de todos - não devem ser concedidos sem a contrapartida de salvaguarda dos postos de trabalho.
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É imperioso um apelo a todos os empregadores, desde os grandes grupos económicos até aos empregadores domésticos: resistam à tentação de despedir aqueles de que momentaneamente não precisam.
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A excecionalidade que estamos a viver apela a que se adote legislação e todas as medidas possíveis e imaginárias que travem os despedimentos.

O temor fará agora com que as nossas vidas passem para um outro patamar de organização, cuidado e reserva.

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