O que aconteceu [com os precários da
Casa da Música] é gravíssimo e envergonha a cidade, a cultura e o país.
(…)
A gestão da Casa da Música é um espelho
de como muitas destas instituições (Serralves é outro exemplo, e parece que fez
o mesmo com 21 precários do Serviço Educativo) são dirigidas.
(…)
Quem decidiu e apoia estas práticas, tem
a obrigação de ser demitido por quem tem o poder de fazê-lo.
Inúmeros estudos apontam para as
mudanças que [fruto da crise pandémica] ocorreram nas relações laborais e
sociais num curto espaço de tempo.
(…)
Há uma área tecnológica que tem sido
protagonista e cujas implicações estão muito além das promessas vendidas.
Refiro-me às chamadas aplicações de rastreio.
(…)
As aplicações de rastreio
têm sido apresentadas por vários governos como uma espécie de magia: com a sua
introdução consolida-se a perceção de que se está a fazer alguma coisa, mesmo
que não seja o caso.
(…)
Um exemplo claro dos
problemas associados ao recurso às aplicações é o que se passa nos Estados
Unidos, onde a aceitação de partilha de dados vem com o prémio de se ter
vantagem nos tratamentos médicos.
(…)
Especialistas de vários
quadrantes apelam aos riscos associados a estas tecnologias. Vigilância em
massa, numa espécie de big
brother em versão sanitária.
(…)
Acresce ainda o dado que
nos chega dos países que já têm aplicações em funcionamento, que é o da
sobreconfiança dos utilizadores.
(…)
Parece cada vez mais
evidente que [estas aplicações] não só não são necessárias como não substituem
as reais respostas à crise pandémica.
A qualificação do racismo como desumano
e como pecado diz que ele é História e não frivolidade momentânea, mostra como
ele é estrutura e não só atitude, evidencia como ele é conformador de
hierarquias e de políticas de exclusão e não apenas estupidez de uns quantos.
(…)
Mas dizer que o racismo é esse momento
de violência espetacular é o mesmo que reduzir o movimento das placas
tectónicas à irrupção vulcânica que ele provoca.
(…)
A morte por asfixia de George Floyd por um polícia branco foi um vulcão de enorme intensidade.
A morte por asfixia de George Floyd por um polícia branco foi um vulcão de enorme intensidade.
(…)
O “I can’t breath” de Floyd foi a voz do
sufoco a que gerações sucessivas de afrodescendentes norte-americanas foram
sendo sujeitas no dia a dia do emprego, do hospital, da escola, do tribunal, da
prisão, do espaço público.
(…)
A discriminação racial tem um avesso e
esse é o de um contrato social amplo que inclua, pelas políticas concretas,
quem dele tem estado excluído pelo preconceito.
A interdependência
internacional, quando levada para além do limite, tende a reduzir a capacidade
de resposta aos riscos sistémicos por parte dos estados.
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Só o Estado tem o poder de
reunir recursos financeiros, por emissão de dívida ou financiamento monetário,
num quadro de crise de liquidez.
(…)
Os espartilhos e práticas
da União Europeia colocam o Estado português, como outros, sem saber com o que
pode contar e, portanto, sem saber o que pode fazer.
(…)
Está prometida uma chuva
de euros de que não se sabe, com rigor, qual o montante ou quando e em que
condições virá.
(…)
Fora do Estado,
manifestaram-se algumas ausências ruidosas. Na saúde, onde esteve o
"pujante" setor privado?
(…)
No assegurar de liquidez,
onde teria estado a Banca se não existissem garantias públicas?
(…)
No emprego, como teriam
estado muitas empresas se não fosse a subvenção chamada lay-off ?
(…)
A capacidade demonstrada
pelo Estado (…) é o resultado da ação da esmagadora maioria dos trabalhadores
que ainda existem na Administração Pública.
À escala global, os
sectores mais conservadores e extremistas encontraram todos os condimentos
nestas lideranças [de Trump e Bolsonaro] para o reforço da simbologia associada
aos mais tenebrosos desígnios de demagogia, racismo, desinformação, agravamento
das desigualdades, supressão de direitos e tratados de criminologia ecológica.
(…)
Trump, em três anos, fez
terraplanagem do terreno para o que agora se vê nas ruas. Bolsonaro precisou de
apenas um ano e meio para esquartejar o Brasil em metades.
(…)
Assistimos a algo que não
tardará a transformar-se em ferro e fogo.
(…)
São essas condições de
injustiça que levam a que muitos pensem não ter outra alternativa senão a de
recorrer à rebelião.
[Desempregados] é o que
acontece com a maioria dos estudantes estrangeiros, a quem a pandemia e o
confinamento deixou numa situação muito angustiante
(…)
Há muito que o ensino
superior público deixou de cumprir em Portugal qualquer função democratizadora.
Manuel Loff, “Público” (sem link)
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