(…)
Como o programa daquela cadeira [de
Educação para a Cidadania e Desenvolvimento] são os direitos humanos, igualdade
de género, interculturalidade, desenvolvimento sustentável, educação ambiental
e saúde, para este pai isto é evidentemente a forma de impor o sexo.
(…)
O argumento é límpido, a cadeira decorre
de uma lei de bases aprovada pela esquerda e pelo PSD há mais de 30 anos, tudo
subversivos.
(…)
A direita está deslumbrada com esta
epopeia e, sem surpresa, os que ontem eram liberais passaram a repetir o mantra
da extrema-direita sem tirar nem pôr.
(…)
O precedente é o que vale. Imagina-se
que, assim, se um pai achar que a terra é plana ou que os meninos vêm de Paris
na cegonha, deve poder tirar as crianças de Geografia ou de Ciências Naturais.
(…)
Assim, ao renunciar à educação
democrática e universal, esta direita ganhou um tema mas desistiu dos seus
filhos.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Esta eleição [para a Presidência da
República] disputa ideias para Portugal, mas não o resultado final.
(…)
A eleição é importante (…) por ajudar a
situar os braços de ferro que hão de fazer a vida social.
(…)
Não há uma candidatura unificadora da
esquerda.
(…)
Desmontando a conflitualidade
cavaquista, o atual Presidente ocupou esse espaço sem ser contrariado.
(…)
Todas as candidaturas de esquerda serão
tribunícias, como agora se diz; nenhuma será tocada pelos anjos, e melhor seria
que não se sobrepusessem.
(…)
Há uma disputa à direita e, se esta é
uma oportunidade conveniente para Ventura, não será uma esquerda que imite os
seus temas que o atrapalhará.
(…)
A esquerda (…) precisa de saber onde
está o seu alvo, que é garantir segurança e proteção aos aflitos da crise.
(…)
Para definir respostas consistentes para
a gente, o medo do desemprego é mais importante do que os fogos de artifício
dos venturistas.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Como vai o governo justificar mais €900
milhões para o Novo Banco no Orçamento do Estado, a apresentar a meio do
próximo mês?
(…)
[Os ministros das Finanças e da
Economia] estão a preparar o país para o choque político que aí vem com o
Orçamento do Estado.
(…)
O Governo vai falhar quase todas as suas
previsões deste ano.
(…)
[Quanto ao Novo Banco] depois de 2014,
todos têm responsabilidades, governos de Passos e de Costa, Banco de Portugal e
— o que quase sempre é esquecido — Comissão Europeia.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
A democracia portuguesa vai ser sujeita
ao mais exigente teste de stresse da sua curta existência.
(…)
Um governo sem bases políticas sólidas
é, em si, uma ideia bizarra e uma idiossincrasia portuguesa.
(…)
Não faz sentido ir governando sem um
horizonte de estabilidade, que torne possível ter, por exemplo, um quadro
orçamental de médio prazo.
(…)
[Existe agora] a necessidade de novos
entendimentos [à esquerda] para fazer face à covid.
(…)
De certa forma, as respostas reparadoras
à covid, nas suas dimensões sociais e de saúde pública, podem estar para o
momento atual como a reposição de rendimentos esteve para o pós-passismo.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Sendo o PCP um partido, o critério para
a sua conduta é sempre político.
(…)
O cerco em que se deixou enfiar era
previsível. O PCP tinha o dever de conhecer o sentimento das pessoas e como o
medo é manipulável.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
As decisões que agora se
tomarem [no Orçamento de 2012] e o modo como forem executadas condicionarão a
vida dos portugueses por muitos anos.
(…)
Vão estar envolvidos
avultados e excepcionais financiamentos e, por outro, vão ser necessárias
mudanças estruturais.
(…)
Um governo [o de Passos
Coelho] que, tal como no primeiro período (1986), foi dominado pela obediência
cega à UE e mesmo pelo impulso de o governo querer ser mais papista que o papa.
(…)
[A partir de 2015 um
governo PS com apoio do PCP e do BE] foi uma aposta pragmática que teve êxito,
reabilitou o nome do país no contexto internacional e despertou a curiosidade
sobretudo numa Europa crescentemente dominada por forças de direita e de
ultra-direita.
(…)
[Em 2019 o PS] não quis
dar destaque a uma coligação com um partido dotado de uma capacidade técnica e
política, o BE, que, por enquanto, não tem a expressão eleitoral a que tal
capacidade devia dar direito.
(…)
A pandemia mostrou que em
tempos de crise grave os cidadãos procuram a protecção do Estado, não a dos
mercados, os quais, aliás, desaparecem como que por encanto.
(…)
É, pois, necessário pensar
numa reforma política e administrativa do Estado e dos serviços públicos que os
capacite para a centralidade que o novo período vai exigir.
(…)
Em função do razoável
êxito do período 2016-2020, estou certo que muitos portugueses esperarão que um
governo de esquerda é quem estará em melhores condições para não desiludir as suas
expectativas.
Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)
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