domingo, 6 de setembro de 2020

MAIS CITAÇÕES (98)


Os temas e tiques [da extrema-direita] estão a colonizar a direita clássica, que segue o flautista de Hamelin com esfuziante alegria.

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Como o programa daquela cadeira [de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento] são os direitos humanos, igualdade de género, interculturalidade, desenvolvimento sustentável, educação ambiental e saúde, para este pai isto é evidentemente a forma de impor o sexo.

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O argumento é límpido, a cadeira decorre de uma lei de bases aprovada pela esquerda e pelo PSD há mais de 30 anos, tudo subversivos.

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A direita está deslumbrada com esta epopeia e, sem surpresa, os que ontem eram liberais passaram a repetir o mantra da extrema-direita sem tirar nem pôr.

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O precedente é o que vale. Imagina-se que, assim, se um pai achar que a terra é plana ou que os meninos vêm de Paris na cegonha, deve poder tirar as crianças de Geografia ou de Ciências Naturais.

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Assim, ao renunciar à educação democrática e universal, esta direita ganhou um tema mas desistiu dos seus filhos.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Esta eleição [para a Presidência da República] disputa ideias para Portugal, mas não o resultado final.

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A eleição é importante (…) por ajudar a situar os braços de ferro que hão de fazer a vida social.

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Não há uma candidatura unificadora da esquerda.

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Desmontando a conflitualidade cavaquista, o atual Presidente ocupou esse espaço sem ser contrariado.

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Todas as candidaturas de esquerda serão tribunícias, como agora se diz; nenhuma será tocada pelos anjos, e melhor seria que não se sobrepusessem.

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Há uma disputa à direita e, se esta é uma oportunidade conveniente para Ventura, não será uma esquerda que imite os seus temas que o atrapalhará.

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A esquerda (…) precisa de saber onde está o seu alvo, que é garantir segurança e proteção aos aflitos da crise.

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Para definir respostas consistentes para a gente, o medo do desemprego é mais importante do que os fogos de artifício dos venturistas.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Como vai o governo justificar mais €900 milhões para o Novo Banco no Orçamento do Estado, a apresentar a meio do próximo mês?

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[Os ministros das Finanças e da Economia] estão a preparar o país para o choque político que aí vem com o Orçamento do Estado.

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O Governo vai falhar quase todas as suas previsões deste ano.

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[Quanto ao Novo Banco] depois de 2014, todos têm responsabilidades, governos de Passos e de Costa, Banco de Portugal e — o que quase sempre é esquecido — Comissão Europeia.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

A democracia portuguesa vai ser sujeita ao mais exigente teste de stresse da sua curta existência.

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Um governo sem bases políticas sólidas é, em si, uma ideia bizarra e uma idiossincrasia portuguesa.

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Não faz sentido ir governando sem um horizonte de estabilidade, que torne possível ter, por exemplo, um quadro orçamental de médio prazo.

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[Existe agora] a necessidade de novos entendimentos [à esquerda] para fazer face à covid.

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De certa forma, as respostas reparadoras à covid, nas suas dimensões sociais e de saúde pública, podem estar para o momento atual como a reposição de rendimentos esteve para o pós-passismo.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

Sendo o PCP um partido, o critério para a sua conduta é sempre político.

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O cerco em que se deixou enfiar era previsível. O PCP tinha o dever de conhecer o sentimento das pessoas e como o medo é manipulável.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

As decisões que agora se tomarem [no Orçamento de 2012] e o modo como forem executadas condicionarão a vida dos portugueses por muitos anos.

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Vão estar envolvidos avultados e excepcionais financiamentos e, por outro, vão ser necessárias mudanças estruturais.

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Um governo [o de Passos Coelho] que, tal como no primeiro período (1986), foi dominado pela obediência cega à UE e mesmo pelo impulso de o governo querer ser mais papista que o papa.

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[A partir de 2015 um governo PS com apoio do PCP e do BE] foi uma aposta pragmática que teve êxito, reabilitou o nome do país no contexto internacional e despertou a curiosidade sobretudo numa Europa crescentemente dominada por forças de direita e de ultra-direita.

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[Em 2019 o PS] não quis dar destaque a uma coligação com um partido dotado de uma capacidade técnica e política, o BE, que, por enquanto, não tem a expressão eleitoral a que tal capacidade devia dar direito.

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A pandemia mostrou que em tempos de crise grave os cidadãos procuram a protecção do Estado, não a dos mercados, os quais, aliás, desaparecem como que por encanto.

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É, pois, necessário pensar numa reforma política e administrativa do Estado e dos serviços públicos que os capacite para a centralidade que o novo período vai exigir. 

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Em função do razoável êxito do período 2016-2020, estou certo que muitos portugueses esperarão que um governo de esquerda é quem estará em melhores condições para não desiludir as suas expectativas.

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)


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