(…)
Até agora, nenhuma mudança
estrutural na proteção do emprego foi aceite pelo Governo.
(…)
A retoma do princípio de
contributividade no subsídio de desemprego (ou seja, o valor do subsídio ser
uma proporção do salário e não de um indexante social) foi rejeitada.
(…)
Em 2021, de acordo com a
proposta do Orçamento, vão manter-se os cortes da troika na duração do subsídio.
(…)
O Governo recusou até um
compromisso para a criação de uma “nova prestação social”, que chegou a ser
anunciada no verão por António Costa
(…)
Faz sentido que um
acordo à Esquerda assente, num ano como este, no compromisso de que nada muda
do que a Direita fez nas prestações de desemprego?
(…)
Nas novas questões
[sobre o trabalho e as suas regras], de que serve enunciar princípios pomposos
se logo se diz que eles podem ser afastados por contrato individual, imposto
pelo empregador?
(…)
Mas o futuro que a
esquerda tem a propor é a manutenção, sem fim à vista, do desequilíbrio que a
direita inscreveu na lei do trabalho?
José Soeiro, “Expresso” Diário
É
nestes momentos de instabilidade que a vida nos mostra os pilares fundamentais.
(…)
E
foi o trabalho de décadas, contra inúmeros cortes orçamentais e preconceitos
ideológicos vários, que permitiu ao SNS passar este desafio [da 1º vaga da
covid-19].
(…)
Ainda
não estava nos nossos horizontes a crise pandémica, mas havia a certeza de
precavermos as necessidades do país [em termos de saúde].
(…)
Chegou
a pandemia e aconteceu um movimento inesperado: no decorrer do ano o SNS perdeu
quase mil médicos.
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Da
promessa de garantir médicos de família a todas as pessoas ficamos com a dura
realidade de termos quase um milhão de pessoas sem médico de família devido à
saída de clínicos.
(…)
A
política de saúde deve ter a devida preparação. Não se esgota em concursos e
anúncios, tem de ter conteúdo e horizontes.
(…)
A
espinha dorsal do SNS são os seus profissionais.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Quando observamos a evolução do peso dos rendimentos do
trabalho no Produto Interno Bruto (PIB) constata-se uma queda da parte do
trabalho, quase contínua, durante duas décadas.
(…)
Só o Governo PSD/CDS, através da aplicação das receitas de
desvalorização interna recomendadas pela troika e ampliadas pelo próprio
Governo, impôs uma perda superior a cinco pontos percentuais entre 2010 (56,5)
e 2015 (51,5).
(…)
[O Governo] afirma preocupações sociais e adota
algumas medidas reparadoras, mas não prepara barreiras que impeçam uma nova
vaga de desvalorização salarial.
(…)
As políticas de baixos salários são apresentadas [pela
direita] como inevitáveis e necessárias.
(…)
[A procura interna e externa] e a constatação de que a
pobreza é impeditiva do desenvolvimento, reforçam a necessidade de um forte
combate à desvalorização salarial.
(…)
O Governo e o PS andam mal quando proclamam que os seus
interlocutores preferenciais são os partidos à sua Esquerda e, depois, afunilam
toda a discussão de políticas com eles em torno do Orçamento.
É fácil falar, é simples adiar, não vale é fazer de conta que
não se cumpriu com o prometido.
(…)
[No dossier da saúde] o Governo não cumpriu com muito do
prometido nos acordos à Esquerda que viabilizaram o OE20 e não pode pensar que
é possível incluir essas "velhas" medidas como novidades no OE21.
(…)
No SNS, o momento é dramático e terá consequências graves, a
curto prazo, se o caminho não for corrigido agora.
(…)
Há uma quebra de quase mil médicos entre Janeiro e Setembro
deste ano (264 médicos de carreira e 654 internos), mesmo contando com
contratações precárias de 4 meses.
(…)
Se nada for feito, no próximo ano o SNS perderá mais 1000
médicos devido à degradação das condições profissionais.
(…)
O Governo anda a contar uma meia-verdade sobre o SNS e quer,
à força, que os partidos à Esquerda a subscrevam.
A “escola dos livros” é
espaço nobre de construção do homem culto, da cultura humanística, da elevação
intelectual, do conhecimento aprofundado, do livre pensamento, do espírito
universal.
(…)
A direita antidemocrática,
dentro e fora dos EUA, replica, no essencial, o modelo estratégico do Führer, bem como de outros
construtores do totalitarismo gerador da organização social do Mal e associado
às grandes tragédias políticas da história.
(…)
Estamos a viver novo
momento de compilação das melhores receitas para a calamidade – com a agravante
de esse acontecer não estar ainda inscrito na consciência colectiva.
João Maria de Freitas-Branco, “Público” (sem link)
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