(…)
[Martin Wolf, desiludido com Friedaman
acha] que esta regra é antissocial e gera autoritarismo. Nas suas palavras, há
uma linha direta de Friedman para Trump.
(…)
Argumenta Wolf que, se o mundo fosse
unicamente um conjunto de empresas a lutar pelo seu lucro, teríamos um problema
— não haveria outra regra que não a destruição social.
(…)
Esse mundo desregulado é o de Trump, em
que um magnata falido pode arrogar-se o direito de não pagar impostos e usa a
política para se proteger a ferro e fogo.
(…)
Se não há responsabilidade social, tudo
é possível.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Somos o quinto país europeu no que toca
a subida dos preços do imobiliário durante a pandemia.
(…)
Os preços do imobiliário sobem porque a
taxa de juro é muito baixa (…); sobem porque a crise social só atinge, para já,
os trabalhadores mal pagos e a procura de habitação continua forte para quem
tem dinheiro.
(…)
A mais grave [consequência] é que preços
altos continuam a empurrar os jovens para as periferias.
(…)
Outro efeito deste deslumbramento com o
mercado é perder a oportunidade de reverter o alojamento local para
arrendamento de longa duração.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
As medidas [preconizadas pelo FMI para o
programa de ajustamento em Portugal (2008-2015)]
provocaram mais estragos do que o previsto e, mesmo para o efeito pretendido,
foram excessivas [reconhecido pela instituição].
(…)
Mesmo um liberal pode um dia entender
que a destruição económica não se festeja nem se recomenda.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
A polémica da semana no Tribunal de
Contas não pode caducar numa semana de polémica.
(…)
O Governo prefere cortar o mal pela raiz
cortando também o bem pela raiz.
(…)
Há tipicamente duas formas de combater a
corrupção: ou antes, prevenindo com regras, ou depois, combatendo com punição
grave.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Se há problema específico com os
dinheiros europeus é, precisamente, a dificuldade de execução ou equívocos na
escolha das prioridades.
(…)
Fazer generalizações de “roubalheira” ou
agitar o espectro de corrupção futura esquece a via-sacra de controlo a que estão
sujeitos os dinheiros europeus.
(…)
A cultura de monitorização, planeamento e
avaliação entrou nas políticas públicas portuguesas por influência do
financiamento europeu.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Usar a litigância para impedir que o
Estado ganhe com a concorrência é uma arte.
(…)
À conta de impugnações de concursos, a
CP gasta €7 milhões anuais a alugar comboios que já podia ter comprado.
(…)
Por todo o país perde-se dinheiro
público em nome do bom uso do dinheiro público.
(…)
Para quem queira tratar bem o dinheiro
público, há a ponderação entre a transparência e a eficácia.
(…)
A roubalheira dos fundos comunitários é
um mito nascido do tempo em que ela realmente acontecia, quando aderimos à CEE.
(…)
De lá para cá mudou muito na Europa e
não há gasto mais escrutinado do que este.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
O que não existe é um
estado “zero” de conflitualidade nem mesmo à força, nem nas democracias, nem
nas ditaduras, nem na anarquia, nem na teocracia, nem no comunismo nem na mais
pacífica, civilizada, ordeira, moderada, social-democracia.
(…)
A questão não está em não
existirem conflitos, está em saber como é que se formam os ciclos de conflito,
e como é que eles se tornam numa tempestade perfeita.
(…)
Mas o espaço para a
democracia alarga ou encolhe conforme os tempos, e agora
está a encolher, e não encolhe sempre da mesma
maneira.
(…)
Uma das coisas, não a
única, mas uma das mais poderosas como geradora de ressentimento, é a percepção
de muitos trabalhadores fabris de que é o seu trabalho que suporta a sociedade,
e não tem o reconhecimento que lhes é devido.
(…)
Quando Hillary Clinton os chamou de
“deploráveis”, num excelente exemplo de como uma única frase pode destruir uma campanha, transformou-os numa coisa que até então não existia: a
“base” de Trump.
(…)
A fractura eleitoral mais
aguda nos EUA nas eleições de 2020 é a que separa os eleitores brancos sem
escolaridade de todos os outros.
(…)
A escolaridade tornou-se
hoje mais do que um factor instrumental no acesso ao emprego e no valor do
salário, mas no local onde passa uma fractura social entre os que têm e os que
sentem que não têm ou não têm mesmo.
(…)
Parece irónico escrever-se
isto em Portugal quando por todo o lado se repete o lugar-comum da “geração
mais bem preparada”, num país onde os fenómenos populistas também crescem com
os mesmos mecanismos de ressentimento antielitista.
(…)
A questão é que o diploma
sem as vantagens económicas e sociais está longe de ser percebido como um
diploma, pelo que tê-lo é a mesma coisa ou pior do que não tê-lo, e não esbate
o sentimento de que na sociedade são eles [trabalhadores pouco escolarizados]
que fazem todo o trabalho duro e não uma elite com o “dr.” antes.
(…)
O lubrificante deste
ressentimento são as redes sociais, porque dão um meio de expressão e contacto
para todos aqueles que se sentem excluídos do discurso respeitável e encartado.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
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