Catarina Martins, Esquerda. net
No momento presente, a mais
candente ameaça [segundo QAnon] seria a conspiração de pedófilos e satânicos
que dirigem uma operação global de tráfico de crianças para exploração sexual.
(…)
Ora, como qualquer conspirador
sabe, se a uma ameaça delirante se juntar um conjunto de nomes famosos, a
atenção está garantida.
(…)
A presença do QAnon na
campanha presidencial norte-americana é muito visível.
(…)
[O FBI classificou] o QAnon
como a mais grave ameaça terrorista doméstica.
(…)
O QAnonismo [tem]
proliferado e dado origem aos movimentos “pela verdade”, que se multiplicam e
que procuram mobilizar o desgaste social: Médicos pela Verdade, Advogados pela
Verdade.
(…)
A maior inquietação perante
tudo isto é a de tentar perceber o que faz com que as pessoas acreditem nestas
bizarrias e por elas se mobilizem.
(…)
Algumas das consequências já
as conhecemos: a recusa da ciência e a proliferação de diversos negacionismos.
(…)
O QAnon é somente a voz
política de um mundo paralelo que sabe falar a linguagem dos medos de muitas
pessoas.
Francisco
Louçã, “Expresso” (sem link)
O Governo, que aqui e por aí
foi muitíssimo elogiado pela resposta rápidas na primeira vaga, e pela forma
como criou coesão e convocatória no país em torno de um inimigo comum, é o
mesmo que agora não sabe a quantas anda nem a quantos manda.
(…)
O Governo — e as
instituições públicas em geral — soube improvisar no início o que não soube
planear depois.
(…)
No Serviço Nacional de Saúde
repetem-se os alertas de saturação.
(…)
Cada semana que “fechamos” é
uma semana de mais recessão e desemprego.
(…)
Conseguiu-se dinheiro
comunitário e alívio para o défice orçamental, mas isso é útil para as
consequências da pandemia, não serve para substituir outra ação chamada pensar.
(…)
Mas o Governo tem de
recuperar a liderança no discurso e na ação, até para ser eficaz no
comprometimento dos cidadãos, muitos dos quais relaxaram comportamentos.
Pedro
Santos Guerreiro, “Expresso” (sem
link)
[A pandemia] está a ser uma
oportunidade para acentuar desigualdades e desequilibrar relações económicas e
de poder.
(…)
Talvez o dado mais
impressivo da singularidade nacional esteja no esforço das famílias portuguesas
com despesas de saúde (quase 30% da despesa total), muito acima dos nossos
parceiros europeus.
(…)
A pandemia não se pode
transformar numa oportunidade para os privados se financiarem, depauperando o
SNS.
(…)
A contratação de serviços
aos privados corresponde, de facto, à retirada de recursos ao SNS.
(…)
[O privado] tem resistido a
tratar doentes da pandemia.
Pedro
Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
[O Papa] quer impedir que a
Igreja Católica se transforme num reduto de ultraconservadores, incapaz de
lidar com a pluralidade dos seus fieis.
(…)
O Papa Francisco tenta
livrar a Igreja de uma guerra cultural que tem sido suicida para sectores
políticos tradicionais e que a entregaria a nichos fanatizados.
(…)
Tenta colocar a Igreja num
lugar mais próximo da radicalidade do cristianismo.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem link)
[A vida
portuguesa está transformada] num cerrado nevoeiro que impede de ver outros
caminhos além daquele que diariamente nos aconselham a seguir.
(…)
Cumpriu-se,
finalmente, a aspiração de todos quantos tanto fizeram para que o nevoeiro
fosse o estado natural da vida sobre a terra: deixámos de saber onde cada um
pode ser encontrado.
(…)
É
preciso subir bem alto, ao cume mais alto da montanha, para se perceber a
extensão do nevoeiro. Ele cobre toda a terra.
Cipriano Justo, “Público” (sem link)
Alguns
dos países cuja intervenção estatal é maciça são também aqueles em que o mesmo
Estado disponibiliza recursos gigantescos às empresas e as duas coisas estão
interligadas, como, por exemplo, a Turquia e os EUA.
(…)
Não se
estranhe incluir os EUA, cujo Estado gasta biliões para apoiar o sector privado
por via dos gastos militares, ou agora na indústria farmacêutica.
(…)
E desde
quando aumentar o salário mínimo, ou as prestações sociais, como fizeram
Marcelo Caetano, Sá Carneiro, Soares, Guterres, Cavaco, Sócrates, é
especialmente de esquerda?
(…)
Na
verdade, as chamadas “linhas vermelhas” do
Governo são todas na fronteira da economia capitalista.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
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