(…)
[EUA] é uma democracia que
distorce a representação popular, mas sempre foi assim.
(…)
Como mestre na bufonaria,
Trump procura sempre ocupar obsessivamente o espaço público, multiplicando
provocações e insultos que o tornem o centro das atenções.
(…)
As empresas das redes
sociais e mesmo a sua televisão favorita, a Fox News, lhe tiraram o tapete para
a sua fanfarra.
(…)
O erro que [Trump] cometeu
foi acreditar que quem o colocou no pedestal o ia apoiar sempre.
(…)
A sua televisão, a Fox News,
tomou a decisão espantosa de não apoiar a sua reivindicação de vitória e mesmo
de informar sobre o avanço de Biden.
(…)
[A Fox, o Facebook e o Twitter]
temem o efeito boomerang da sua instrumentalização política, mesmo que sempre a
tenham permitido.
(…)
O Facebook reconhece que
anula agora 17 milhões de contas falsas por dia, o dobro do que ocorria há três
anos.
(…)
Em 2020 já terão sido
retirados 22 milhões de posts por discurso de ódio, dez vezes mais do que em
2017.
(…)
Zuckerberg e a oligarquia
das redes estão com medo, e Trump passou a ser um fardo excessivo.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
A vulnerabilidade das redes
sociais a esta ecologia da morte é um dos factos marcantes na sociedade do
medo: o crime sai do segredo para exibir uma justificação, torna-se um poder
público.
(…)
A densa campanha de
responsabilização das empresas que gerem as redes sociais está a fazer alterar
o seu comportamento.
(…)
Dois terços da população
norte-americana reconhecerão agora que as redes podem ser perigosas.
(…)
O Facebook, a mais agressiva
dessas redes, começa a temer a viragem da opinião pública.
(…)
Como qualquer outro órgão de
comunicação, a rede social deve ser responsabilizável pela informação que
veicula, bem como a pessoa que a emite.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
Mais do que mentiroso, ele
[Trump] revela-se antidemocrata.
(…)
O seu incêndio na contagem
de votos visa destruir, pela vitimização e propagação da mentira, o sistema.
(…)
Os nossos sistemas estão
ameaçados porque falham na resposta à desigualdade e de falta de futuro
pressentida pelas sociedades.
(…)
Portugal não tem hoje
autonomia suficiente para se emancipar sozinho contra a desigualdade do sistema
económico.
(…)
Não basta proclamar os
valores da democracia se se relativiza a antidemocracia e se normaliza a
aberração.
(…)
[A democracia] regenera-se
ou esmaece através do combate às desigualdades e da inclusão do povo.
Pedro
Santos Guerreiro “Expresso” (sem
link)
O que se tem passado nas
últimas décadas, com um ímpeto imparável de criação de ordens para profissões
que não são exercidas em regime liberal, é do domínio do absurdo.
(…)
As ordens detêm um
privilégio que só pode prejudicar os mesmos utentes que, alegadamente, se
pretende defender.
Pedro
Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
A justiça não é eficaz se as
pessoas se convencerem que é injusta. A comunicação social é inútil
se a maioria achar que ela mente.
(…)
A democracia tem formas de
lidar com a suspeita e a irregularidade, não tem como combater a convicção
previamente fabricada de uma fraude por parte de quem sente que pode perder.
(…)
É evidente que as eleições
serão a próxima vítima dos ataques da extrema-direita às instituições
democráticas.
(…)
A desinformação a uma escala
nunca vista, com a definição quase científica dos seus alvos, permite uma
fanatização que se transformou na mais poderosa arma contra a democracia.
(…)
Dantes, os autoritários
usavam os militares para se imporem à vontade popular. Agora, usam zombies
fanatizados pelas redes sociais.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem link)
Se em vez de ser causa,
ele [Trump] fosse o efeito e a prova definitiva de que estamos a viver no
interior de um sistema em putrefacção, com uma dinâmica destrutiva, que é capaz
de produzir figuras que fazem perigar as democracias?
Victor
Belanciano, “Público” (sem
link)
Em 2018, o número de 180 violações por dia foi um recorde no Brasil.
Em Portugal, em 2017, a violação foi o crime violento que mais aumentou.
(…)
Nos crimes de violação,
mais do que uma presunção de inocência do agressor, assistimos muitas vezes a
uma presunção de culpabilidade da vítima.
Sara Miguéns Porteira,
“Público” (sem link)
Um estudo do Pew Research Center, divulgado em Setembro, mostra
que o número de países com uma opinião favorável dos Estados Unidos desceu para
o seu nível mais baixo desde que o centro começou a realizar sondagens sobre o
assunto há quase duas décadas.
(…)
A ideia dos EUA como líder
do mundo livre, uma ideia modelada pelo ensaio O Século Americano,
de Henry Luce, de 1941, está “a dissolver-se rapidamente” e com ele o
excepcionalismo americano.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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