sábado, 6 de fevereiro de 2021

CITAÇÕES

 
São 22 mil as pessoas que recebiam o subsídio social de desemprego em dezembro e que, em janeiro, ficaram sem qualquer apoio. 

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[Há muitas] mulheres, com crianças a seu cargo, que não têm como procurar emprego ou que foram descartadas precisamente por terem filhos. Estão no limite e não sabem já o que fazer.

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Se em 2020 o Orçamento Suplementar previu a prorrogação até ao fim do ano do subsídio social de desemprego para 33 mil pessoas, o Orçamento para 2021 deixou-as num vazio de proteção.

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Alertámos na altura, mas o importante nem é se tínhamos razão, mas sim a urgência de encontrar agora uma resposta para esta situação insuportável.

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Que resposta dá o Governo e o Orçamento? Remete-as para o “Apoio Extraordinário ao Rendimento dos Trabalhadores”, que só agora foi regulamentado e que ainda nem sequer pode ser requerido.

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Quando puderem pedi-lo, para a semana, estas desempregadas terão de seguir as instruções que constam de um guia com 65 slides que a Segurança Social disponibilizou e que implica um imenso calvário burocrático.

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As que couberem na apertada malha do “apoio extraordinário” receberão em muitos casos menos que o valor do subsídio social.

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As que vierem a ser contempladas com a medida que há meses o Governo anuncia, sabem também o que o presente lhes reserva: esperar semanas e semanas até saberem o resultado da candidatura.

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Além desta incompreensível ausência – que poderia ter sido facilmente evitada com a prorrogação automática, pelo menos por seis meses, de todos os subsídios sociais e subsídios de desemprego que estavam em pagamento em dezembro – há ainda a confusão instalada nos apoios aos recibos verdes.

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Para quê tanta confusão, tanta entropia, tanto ruído desnecessário, tanta sobrecarga de trabalho, tanto obstáculo, logo agora que precisávamos de soluções simples e generosas.

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Num momento de aflição como este, é compreensível que as pessoas tomem tudo isto como uma afronta.

José Soeiro, “Expresso” Diário

 

O triunfo ou a morte de uma empresa no mercado financeiro só depende do jogo das expectativas, é “o resultado das atividades de um casino”, explicava John Maynard Keynes em 1936. 

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Convenha-se que a comparação com a ciência de um casino é algo depreciativa, mas indica o risco deste mundo abissal.

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Ao longo dos últimos 20 anos, as operações de entrada em Bolsa renderam 657 mil milhões de dólares nos Estados Unidos. 

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A Bolsa é sempre um jogo de soma nula, o que uns ganham é o que outros perdem, e ela não pode ser vencida no seu próprio terreno.

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[A Bolsa é, um jogo de especulação] e de poder concentrado, dado que os 10% mais ricos nos EUA têm 84% do total das ações.

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O jogo financeiro é uma avenida de enriquecimento para quem tem poder.

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Está escrito, as propostas que procuram racionalizar este mercado contra bolhas explosivas, como uma taxa de 0,1% sobre as transações, para reduzir a alta frequência [ficará em vãs promessas].

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Ou seja, a iniciativa privada quer que o sector público lhe pague as despesas e lhe proteja o negócio. 

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Um operador político estende o chapéu ao Estado, não para que o ajude a singrar ou para colaborar numa urgência sanitária, mas para que os dinheiros públicos lhe prometam a caixa registadora.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A colocação das respostas a necessidades fundamentais dos cidadãos na gaveta funda, o egoísmo e a supremacia do deus lucro, são demolidores.

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Nas agendas dos países ricos, a preocupação com a saúde dos povos dos países pobres nem sequer merece um registo de rodapé.

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[Em Portugal], desde que se garanta o "bom" funcionamento do sistema financeiro, se assegure estabilidade a poderes dominantes, se executem as imposições comunitárias, se invoque que são opções para conter o défice e a dívida, tudo está certo: o povo que aguente.

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 Portugal é o terceiro país da Zona Euro que mais baixo apoio orçamental deu à economia em 2020 e dos que menos protegeram os cidadãos: o povo sofre, o Governo desacredita-se, a democracia enfraquece e o futuro torna-se mais negro, mas "poupamos".

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Há contextos em que um país tem mesmo de se endividar para poder investir.

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A tão festejada bazuca, 13,2 mil milhões, definida em meados do ano passado, não cobre sequer o aumento da dívida.

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Com o prolongamento da pandemia e o país em regime de gaveta funda, os problemas agravam-se e acentua-se a clivagem com os países ricos.

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Uma sociedade pobre e desigual é uma sociedade doente. Nela a democracia mirra e o chico-espertismo e o egoísmo imperam.

Carvalho da Silva, JN

 

O facto da esmagadora maioria dos cidadãos aceitarem prescindir, sem remoque, de parte fundamental dos seus direitos e liberdades em nome da saúde pública, confirma que a covid-19 é um agente agregador e que não está a matar a democracia. 

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Apesar do abrandamento e de, aparentemente, termos ultrapassado o pico da terceira vaga, continuamos destacadíssimos como exemplo do maior número de novos casos e novas mortes por milhão de habitantes.

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Entre a confiança, o cansaço, o sucesso e as dúvidas, o denominador comum a todo o processo de vacinação na UE é o indiscutível atraso.

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Enquanto se discutem os pequenos descuidos e os enormes abusos no processo de administração de vacinas em Portugal, a grande ilusão está na forma misteriosa como as empresas farmacêuticas driblam os acordos firmados.

Miguel Guedes, JN

 

Associado ao reaparecimento internacional da extrema-direita e dos nacionalismos, e bebendo grande parte do seu impacto nas estratégias do populismo, este coloca a democracia perante um desafio.

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O Bloco de Esquerda não pertence a este universo [da extrema-esquerda], já que atua essencialmente «dentro do sistema», embora com o objetivo de alterar e de reformar os seus aspetos negativos.

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[O inimigo da extrema-direita] não é, pois, uma ausente extrema-esquerda, mas a própria democracia.

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É ela [democracia] que, precisando ser ampliada e aperfeiçoada, tem em primeiro lugar de ser defendida contra os seus inimigos, que dela se servem para a procurarem destruir. 

Rui Bebiano, “Diário as beiras”

 

A luta contra a doença [covid-19] não pode ser feita suspendendo a luta pela democracia e substituindo o Estado de direito pelo estado de emergência.

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É evidente que o Governo perdeu o controlo da situação em matéria de Saúde e por aí arrastou as escolas para a capitulação.

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O que acontecer daqui para a frente não ficará a dever-se à capacidade do Governo para intervir. O seu tempo político foi gasto em mentiras e em bazófias de resultados próximos do zero.  

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A experiência do ensino remoto ou de emergência (que não à distância, como impropriamente é por vezes chamado) no ano passado foi má. Foi geradora de desigualdades, que deixou mais para trás os que já estavam mais atrás.

Santana Castilho, “Público” (sem link)


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