(…)
Ainda [o Almirante] nem se tinha instalado e os fura-filas
desapareceram [da imprensa].
(…)
Como há 216 inquéritos-crime a vacinações indevidas, sabemos que
continuaram. Deixaram é de interessar.
(…)
No dia em que Ramos se demitiu, Portugal era, com falta de
vacinas, o quinto país da UE em que mais pessoas tinham recebido pelo menos uma
dose, proporcionalmente.
(…)
Com Gouveia e Melo continuamos no pelotão da frente. Mas os
fura-filas deixaram de ser tema e é impensável fazer críticas.
(…)
[ Gouveia e Melo] passa serenidade e autoridade, tem
bons resultados e sentido político.
(…)
E o escrutínio que antes era um massacre recolheu obedientemente à
caserna.
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Francisco Ramos era político e o jornalismo acha que só escrutina
políticos, contribuindo para um desgaste desigual.
(…)
António Costa sabia que se livrava de polémicas se escolhesse um
militar.
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O perigo para a democracia está em nós, quando interiorizamos o
desprezo pelos políticos e uma farda é o que sobra para o Estado ter autoridade.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Vieira conseguiu livrar-se de vários processos judiciais e
continuar a ser presidente do Benfica.
(…)
Mas há uma coisa de que nem um presidente do Benfica consegue
safar-se: roubar o Benfica. Será isso que o fará tombar.
(…)
O que lhe retira o escudo, o elmo e a armadura é o aproveitamento
pessoal em negócios do Benfica.
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Vários testas de ferro tentaram primeiro um cambão para simular
vários interessados na Imosteps, conseguiram enganar o Novo Banco mas não o
Fundo de Resolução, que chumbou a tentativa de negócio.
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A vitimização já não pega. Depois das detenções de Berardo e de
Vieira, nunca mais ninguém irá às comissões de inquérito brincar com o pagode.
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Foi a queda de Salgado que acabou com a brincadeira.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
[Estamos] bem longe da imunidade de grupo e num quadro pandémico
muito preocupante. Apesar de tudo, com um ritmo de vacinação e uma operação
logística que nos surpreende positivamente.
(…)
[Estamos perante] uma capacidade de adaptação dos nossos serviços
públicos que tem sido notável em vários domínios da resposta à pandemia.
(…)
Era impossível vacinar a este ritmo se não existisse predisposição
da população para a vacinação (…), capacidade instalada e competências.
(…)
E, uma vez mais, as respostas públicas não são uma abstração, são
a concretização da disponibilidade concreta, do esforço e da competência dos
funcionários públicos.
(…)
E o país é bem mais competente do que nos querem fazer crer os
arautos da desgraça.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
[A memória] é em larga medida uma construção livre,
subjetiva, ancorada em evocações que chegam, se transformam e logo partem,
sempre pautadas por uma dose de incerteza.
(…)
É pela intervenção da memória, sobretudo daquela que
partilhamos com os outros, que se produz o nosso modo de olhar o mundo, o da
vida pessoal e o da comunidade que integramos.
(…)
Todavia, este processo intuitivo de ligação partilhada com o
passado nunca é imutável, transformando-se regularmente de acordo com
diferentes contextos.
(…)
A forma mais eficaz de impedir que o caráter móvel da memória
possa servir, com o apoio de mitos e falsidades, como perigoso instrumento de
manipulação do presente, é acompanhá-la, junto do cidadão comum e da opinião
pública, com um conhecimento sustentado e crítico do passado.
Rui Bebiano, “Diário as beiras”
Diferentes leituras do direito e da sua aplicação são fundamentais
para a inovação jurisprudencial e para o processo dinâmico de criação do
próprio direito.
(…)
A composição da maioria dos juízes de instrução dos tribunais de
comarca é de dois juízes e é expectável que tenham perspetivas diferentes sobre
a interpretação e aplicação da lei. Seria absurdo propor a sua extinção ou
fusão por esse motivo.
Boaventura Sousa Santos, “Expresso” (sem link)
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