(…)
E a
administração da TAP nunca mais poderá continuar a dizer que os trabalhadores
em greve põem em perigo uma empresa salva com dinheiros públicos depois de ter
estourado meio milhão para se ver livre de uma administradora.
(…)
As
legítimas dúvidas legais e a revolta popular com esta indemnização [a Alexandra
Reis] não o abandonariam [Pedro Nuno Santos].
(…)
Em
circunstâncias normais, Pedro Nuno Santos sairia chamuscado mas não precisaria
de se demitir.
(…)
Governar
[a TAP] sabendo que não se tem a solidariedade do primeiro-ministro é
insustentável.
(…)
[Pedro
Nuno Santos] sai assumindo a responsabilidade política do que acontece no seu
ministério.
(…)
Nem
todos podem ser Costa, que, com onze governantes demitidos em nove meses, nunca
assume as responsabilidades do que sabe, do que não sabe e do que prefere não
saber.
(…)
Foi
por causa dessa qualidade exterminadora, e não por ter cartão do PS, que
[Alexandra Reis] foi parar ao Governo.
(…)
[Quem
fala em “sociedade civil] está a pensar, na melhor das hipóteses, na academia
e, mais frequentemente, nas empresas.
(…)
Quem
consegue reduzir drasticamente a massa salarial e despedir com rapidez dará, em
princípio, uma boa secretária de Estado do Tesouro.
(…)
Se as
empresas públicas devem ser geridas como as privadas, a ideia de serviço
público faz pouco sentido.
(…)
Alexandra
Reis (e a TAP) limitou-se a seguir o critério da casta a que ela julga pertencer
e onde o Governo a foi buscar.
(…)
É
impressionante a diferença de critérios para a indemnização de um trabalhador
ao fim de uma vida numa empresa e de um gestor que por lá passa dois anos a
despedir pessoas.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
[Dentro da imigração] ha uma etnização de algumas nacionalidades que estão um pouco
presas dentro de um conjunto muito limitado de profissões como os
guineenses, os nepaleses, os chineses, e depois há populações tão grandes como
a brasileira que contêm de tudo um pouco.
(…)
Eu acho que já superámos os 800 mil estrangeiros residentes.
(…)
Uns e
outros [brasileiros e naturais do sudoeste asiático] são, na sua maioria,
migrantes económicos, ou seja, vêm para Portugal trabalhar a troco de um
rendimento superior ao que conseguiriam no seu país de origem. Portanto, irão
ficar algum tempo.
(…)
No
caso da população brasileira, haverá seguramente
maior rotação. No caso da migração do Sudoeste Asiático, será uma migração mais
permanente por falta de alternativas.
(…)
A
população jovem do Brasil é muito grande e o mercado de trabalho não está a
conseguir encaixar toda esta população que está a chegar a uma idade activa.
(…)
Se
olharmos para os dados da nossa demografia, vamos ser um país de imigração,
porque já não temos população nacional capaz de preencher todas as vagas no
mercado de trabalho.
(…)
Nas
próximas décadas, continuaremos a considerar normal que haja muitos portugueses
a circular por outros países da União Europeia e muitos cidadãos da União
Europeia que escolhem Portugal para residir e trabalhar.
(…)
Há
países onde as pensões de reforma são de tal forma parcas face ao custo de vida
que regressar a Portugal é uma racionalidade, como acontece na Suíça ou no
Luxemburgo.
(…)
Pensava-se
que a partir de 2050 pudéssemos ser menos de oito milhões, eventualmente a
população diminuirá para esse valor antes disso.
(…)
Os dados dos censos mostram-nos que, sem imigração, o país já
não sobrevive.
(…)
Penso que precisamos de ter um plano estratégico para as
migrações.
(…)
Temos
de fazer uma selecção dos imigrantes que a sociedade e a economia portuguesa
podem acolher e de que necessitam para o seu desenvolvimento.
(…)
O que
não podemos é continuar a conceder benefícios fiscais aos mais velhos que vêm
para Portugal como inactivos e penalizar fiscalmente os que estão a chegar em
idade jovem e activa.
(…)
Se os
imigrantes são necessários em zonas onde não há habitação, temos de ter planos
especiais para criar habitação nessas zonas, para que os imigrantes permaneçam
onde são necessários.
(…)
Talvez
os projectos de alojamento local tenham provocado uma disrupção maior nos
mercados locais de habitação do que os “vistos gold”.
(…)
[No caso dos
imigrantes do Sudoeste Asiático] aí seria importante, por
exemplo, promover um eficaz reagrupamento familiar, já que a grande maioria dos
trabalhadores são ainda homens sozinhos.
(…)
As
universidades têm uma estratégia de captação [de estudantes estrangeiros], mas
não têm uma estratégia de retenção porque acham que isso não faz parte dos seus
objectivos.
(…)
Nós também não conseguimos reter as segundas gerações de
filhos de imigrantes.
(…)
[A elevada percentagem de bebés nascidos de mães estrangeiras
constitui] um biombo que não nos permite ver a verdadeira dimensão da queda da
natalidade.
(…)
[Quando a cultura é distante] os desafios de integração
aumentam.
(…)
Em
Portugal, temos sido capazes de integrar os imigrantes, embora continuemos a
ter muito pouca participação dos estrangeiros residentes na nossa vida política.
(…)
E a integração destas pessoas no nosso sistema político tem
de acontecer muito rapidamente.
(…)
Vai
continuar a haver emprego na construção civil nos próximos tempos, bem como na
agricultura, onde algumas tarefas não são mecanizáveis.
(…)
Vamos continuar a alimentar esse mercado de trabalho [das
plataformas] com estrangeiros recém-chegados, que ficarão aí alguns meses
[até encontrarem outra profissão].
(…)
Nós
estamos aqui presos entre uma Europa que paga muito melhor do que Portugal e
todo um hemisfério sul que paga muito pior.
Pedro Góis, “Público” (entrevista)
Os governos capazes de resolver grandes problemas com que se deparam as
pessoas e os países não são suportados por maiorias absolutas, mas sim por
compromissos entre forças políticas portadoras de programas diferenciados,
dispostas a uma trabalhosa negociação contínua.
(…)
[Quando uma maioria absoluta é] tomada
para uma governação feita ao sabor de contextos de circunstância, num taticismo
contínuo, a estabilidade é posta em causa e a confiança esvai-se.
(…)
A falta de um programa político
estruturado e coerente dá lugar a compromissos desfocados da realidade, que
nada ou pouco dizem às pessoas e à economia.
(…)
O facilitismo da maioria levou para
governantes atores politicamente medíocres, enfraqueceu a análise crítica, a
atenção à transparência e fiscalização dos atos políticos.
(…)
O PS assumiu uma atitude de
desconsideração da Esquerda, que provocou uma sucessão de estilhaços e
fragilização da sua ação.
(…)
Se António Costa não definir um programa
e der qualidade ao Governo, o descontrolo prosseguirá.
(…)
A Direita continuará a não ter de expor
as políticas que tem em gaveta: basta-lhe a multiplicação de "casos"
e um presidente da República que os sabe espremer bem.