sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

CITAÇÕES

 
Deixou de ser preciso demonstrar como se gera esta bolha de favorecimento, os factos falam por si, mesmo que seja notório que o Governo tem um medo instintivo desta evidência e prefira a vaga de demissões.

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[O caso Alexandra Reis é] o resultado de uma construção meticulosa de redes de poder, ou de como uma casta se incrustou no uso do Estado.

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Essa casta é o passado de Portugal e quer ser o nosso futuro.

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É útil estudar como têm sido produzidos os governantes.

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Com dois colegas, João Teixeira Lopes e Jorge Costa (…) queríamos perceber como a hegemonia da burguesia sobre a economia e a reprodução social seleciona os governantes.

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O facto mais notável era a passagem posterior [de governantes] para as chefias de empresas. 

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[Até ao início da segunda década deste século] quase metade dos governantes emigrou para o topo de empresas da finança (248) e imobiliário (95).

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170 desses governantes foram para grandes grupos económicos, 107 para os que gerem parcerias público-privado.

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O seu circuito fundamental tem sido partido-Governo-empresas.

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Chegar ao topo destas empresas, seja como facilitador com o partido, seja para abrir uma nova carreira, não é de somenos. 

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No entanto, a formação de ligações de casta também segue outros caminhos. Há a corrupção.

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O processo sobre os pagamentos do BES a Manuel Pinho arrasta-se em tribunal, bem como outros. 

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Há ainda os vínculos do finan­ciamento declarado: em 2021, o IL recebeu dinheiro do CEO da EDP, que os Champalimauds e Mellos pagaram ao Chega e que o PS continua a receber donativos da gente fiel da Mota Engil.

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Tudo merece ser visto à luz da casta que ocupa e ocupará estes lugares. 

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Alexandra Reis não inventou nada. Reclamou para si a regra que protege os gestores, se forem despedidos recebem tudo.

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Disso benefi­ciou, achando que começaria uma carreira política sem que alguém questionasse o privilégio daquele pagamento.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Neste período de gestação de nove meses, de Sara Abrantes Ribeiro a Pedro Nuno Santos, contam-se 10 saídas do Governo maioritário de António Costa, umas mais impactantes do que outras. 

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A montanha não pariu um rato, deu à luz uma gestão em sobressalto e aos solavancos.

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Os portugueses perguntar-se-ão como, ainda este ano, entregaram uma maioria absoluta a António Costa pelo referencial de estabilidade e pelo receio da Direita que se perfilava.

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A estabilidade dos quatro anos de "geringonça" surpreendeu todos aqueles que olhavam com desconfiança para BE e PCP como forças de fiabilidade e de manutenção da estabilidade política.

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Agora, nove meses depois, o referencial de estabilidade que todos davam como garantido, esvai-se incompreensivelmente.

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Com mais uma remodelação governamental, a vertigem política começa a fazer um caminho paralelo à instabilidade.

Miguel Guedes, JN

 

Quando fazemos o balanço do ano político, no sentido lato do termo, é verdade que não temos grandes razões para regozijo e esperança no novo ano que aí vem.

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Existe debate entre visões mais otimistas e pessimistas do progresso da humanidade.

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Se medirmos o sucesso da nossa espécie pela sua disseminação, podemos ter razões para ser otimistas.

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Somos 8 mil milhões. Em 1800 éramos mil milhões.

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Para tal feito, contribuíram avanços consideráveis em termos de medicina e cuidados de saúde.

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Mas o sucesso de uma espécie, e nomeadamente da espécie humana, deve ser medido pelo seu número?

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Apesar de a quantidade ser também sinónimo, muitas vezes, de qualidade de vida, resta saber: qualidade de vida de quem? E saber quem sustenta a qualidade de vida dos outros?

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E como desviar os olhos do horizonte face a níveis astronómicos de discriminação e de desigualdade económica e social?

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Neste final de ano (…) podemos pelo menos não desesperar.

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A esperança terá de vir acompanhada pelo desejo e a imaginação, mas também a humildade de saber que há outro horizonte.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)

 

Do que se sabe, nenhum dos dois [ministros envolvidos – Pedro Nuno Santos e Fernando Medina) tinha esse conhecimento [do montante recebido por Alexandra Reis].

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Quem vai para a vida política não está apenas obrigado a cumprir a lei, tem também de acatar as regras de um código, muito exigente, de conduta e de aparências, que constitui uma malha apertada pela qual poucos conseguem passar.

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As suas [de Marcelo] palavras relativamente à demissão de Alexandra Reis deixavam adivinhar que mais demissões estavam para vir.

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É certo que apenas resultados eleitorais diferentes dos alcançados nas últimas legislativas, sobretudo no que diz respeito à maioria absoluta do PS, legitimariam a decisão (radical) de dissolver o Parlamento.

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As coisas correm muito mal à governação socialista, mas o descalabro tem sido tão rápido que a própria direita (…) não está preparada para ele.

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Um dia perceberemos que foi um erro deixar estar na vida democrática quem [leia-se o Chega] quer acabar com ela e se revigora cada vez que ela fraqueja.

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A governação do PS acabou por proporcionar a Marcelo verdadeiro protagonismo e por colocá-lo no olho do furacão.

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Nem todos os que votaram PS ficaram contentes com a maioria absoluta, mas diria que não ficaram com vontade de repetir eleições.

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Não acredito que os portugueses aceitem tolerar mais trapalhadas. Acabou.

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E quem conseguiu a proeza de fazer tremer uma maioria absoluta? Os mesmos que a conquistaram.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

As causas mais óbvias da generosidade aparecem associadas a razões sociais de cultura, religião e tradição.

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Outro aspecto interessante, que facilmente intuímos no Natal, é que as acções de caridade são largamente influenciadas pela publicidade e pela recompensa social da aprovação por terceiros.

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[Há estudos que nos dizem que] a nossa generosidade não é só determinada por sentimentos altruístas.

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É igualmente movida por interesses egoístas, de obtenção de benefícios físicos e psicológicos próprios e de aprovação social.

Manuel Soares, “Público” (sem link)


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