sábado, 31 de dezembro de 2022

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Como iria uma secretária de Estado do Tesouro que custou meio milhão ao Estado explicar que, apesar dos excedentes orçamentais, não há dinheiro para travar a degradação de serviços públicos? 

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E a administração da TAP nunca mais poderá conti­nuar a dizer que os trabalhadores em greve põem em perigo uma empresa salva com dinheiros públicos depois de ter estourado meio milhão para se ver livre de uma administradora.

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As legítimas dúvidas legais e a revolta popular com esta indemnização [a Alexandra Reis] não o abandonariam [Pedro Nuno Santos].

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Em circunstâncias normais, Pedro Nuno Santos sairia chamuscado mas não precisaria de se demitir.

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Governar [a TAP] sabendo que não se tem a solidariedade do primeiro-ministro é insustentável.

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[Pedro Nuno Santos] sai assumindo a responsabilidade política do que acontece no seu ministério.

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Nem todos podem ser Costa, que, com onze governantes demitidos em nove meses, nunca assume as responsabilidades do que sabe, do que não sabe e do que prefere não saber.

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Foi por causa dessa qualidade exterminadora, e não por ter cartão do PS, que [Alexandra Reis] foi parar ao Governo. 

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[Quem fala em “sociedade civil] está a pensar, na melhor das hipóteses, na academia e, mais frequentemente, nas empresas.

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Quem consegue reduzir drasticamente a massa salarial e despedir com rapidez dará, em princípio, uma boa secretária de Estado do Tesouro.

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Se as empresas públicas devem ser geridas como as privadas, a ideia de serviço público faz pouco sentido.

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Alexandra Reis (e a TAP) limitou-se a seguir o critério da casta a que ela julga pertencer e onde o Governo a foi buscar.

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É impressionante a diferença de critérios para a indemnização de um trabalhador ao fim de uma vida numa empresa e de um gestor que por lá passa dois anos a despedir pessoas.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

[Dentro da imigração] ha uma etnização de algumas nacionalidades que estão um pouco presas dentro de um conjunto muito limitado de profissões como os guineenses, os nepaleses, os chineses, e depois há populações tão grandes como a brasileira que contêm de tudo um pouco.

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Eu acho que já superámos os 800 mil estrangeiros residentes.

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Uns e outros [brasileiros e naturais do sudoeste asiático] são, na sua maioria, migrantes económicos, ou seja, vêm para Portugal trabalhar a troco de um rendimento superior ao que conseguiriam no seu país de origem. Portanto, irão ficar algum tempo.

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No caso da população brasileira, haverá seguramente maior rotação. No caso da migração do Sudoeste Asiático, será uma migração mais permanente por falta de alternativas.

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A população jovem do Brasil é muito grande e o mercado de trabalho não está a conseguir encaixar toda esta população que está a chegar a uma idade activa.

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Se olharmos para os dados da nossa demografia, vamos ser um país de imigração, porque já não temos população nacional capaz de preencher todas as vagas no mercado de trabalho.

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Nas próximas décadas, continuaremos a considerar normal que haja muitos portugueses a circular por outros países da União Europeia e muitos cidadãos da União Europeia que escolhem Portugal para residir e trabalhar.

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Há países onde as pensões de reforma são de tal forma parcas face ao custo de vida que regressar a Portugal é uma racionalidade, como acontece na Suíça ou no Luxemburgo.

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Pensava-se que a partir de 2050 pudéssemos ser menos de oito milhões, eventualmente a população diminuirá para esse valor antes disso.

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Os dados dos censos mostram-nos que, sem imigração, o país já não sobrevive.

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Penso que precisamos de ter um plano estratégico para as migrações.

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Temos de fazer uma selecção dos imigrantes que a sociedade e a economia portuguesa podem acolher e de que necessitam para o seu desenvolvimento.

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O que não podemos é continuar a conceder benefícios fiscais aos mais velhos que vêm para Portugal como inactivos e penalizar fiscalmente os que estão a chegar em idade jovem e activa.

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Se os imigrantes são necessários em zonas onde não há habitação, temos de ter planos especiais para criar habitação nessas zonas, para que os imigrantes permaneçam onde são necessários.

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Talvez os projectos de alojamento local tenham provocado uma disrupção maior nos mercados locais de habitação do que os “vistos gold”.

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[No caso dos imigrantes do Sudoeste Asiático] aí seria importante, por exemplo, promover um eficaz reagrupamento familiar, já que a grande maioria dos trabalhadores são ainda homens sozinhos.

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As universidades têm uma estratégia de captação [de estudantes estrangeiros], mas não têm uma estratégia de retenção porque acham que isso não faz parte dos seus objectivos.

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Nós também não conseguimos reter as segundas gerações de filhos de imigrantes.

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[A elevada percentagem de bebés nascidos de mães estrangeiras constitui] um biombo que não nos permite ver a verdadeira dimensão da queda da natalidade.

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[Quando a cultura é distante] os desafios de integração aumentam.

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Em Portugal, temos sido capazes de integrar os imigrantes, embora continuemos a ter muito pouca participação dos estrangeiros residentes na nossa vida política.

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E a integração destas pessoas no nosso sistema político tem de acontecer muito rapidamente.

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Vai continuar a haver emprego na construção civil nos próximos tempos, bem como na agricultura, onde algumas tarefas não são mecanizáveis.

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Vamos continuar a alimentar esse mercado de trabalho [das plataformas] com estrangeiros recém-chegados, que ficarão aí alguns meses [até encontrarem outra profissão].

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Nós estamos aqui presos entre uma Europa que paga muito melhor do que Portugal e todo um hemisfério sul que paga muito pior.

Pedro Góis, “Público” (entrevista)

 

Os governos capazes de resolver grandes problemas com que se deparam as pessoas e os países não são suportados por maiorias absolutas, mas sim por compromissos entre forças políticas portadoras de programas diferenciados, dispostas a uma trabalhosa negociação contínua.

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[Quando uma maioria absoluta é] tomada para uma governação feita ao sabor de contextos de circunstância, num taticismo contínuo, a estabilidade é posta em causa e a confiança esvai-se.

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A falta de um programa político estruturado e coerente dá lugar a compromissos desfocados da realidade, que nada ou pouco dizem às pessoas e à economia.

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O facilitismo da maioria levou para governantes atores politicamente medíocres, enfraqueceu a análise crítica, a atenção à transparência e fiscalização dos atos políticos.

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O PS assumiu uma atitude de desconsideração da Esquerda, que provocou uma sucessão de estilhaços e fragilização da sua ação.

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Se António Costa não definir um programa e der qualidade ao Governo, o descontrolo prosseguirá.

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A Direita continuará a não ter de expor as políticas que tem em gaveta: basta-lhe a multiplicação de "casos" e um presidente da República que os sabe espremer bem.

Carvalho da Silva, JN


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