(…)
O teste diagnóstico ao "elevador social" não passa do
rés-do-chão: há um problema grave de exclusão dos mais pobres do Ensino
Superior que eterniza o ciclo reprodutivo da pobreza.
(…)
A bolsa de estudo, uma ajuda devida, não
evita o caminho árduo e, tantas vezes, implacável para lá chegar.
(…)
Em famílias pobres com pais cujas
qualificações não vão além do 9.º ano, apenas um em cada 10 filhos consegue
concluir o Ensino Superior. Só Itália ostenta piores resultados que Portugal.
(…)
Portugal fica abaixo da média da OCDE no
investimento do PIB no Ensino Superior
(…)
A despesa total por estudante, no nosso
país, é apenas 68% da média dos países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico.
[Nos últimos anos] três
países dos mais populosos, abrangendo um terço da população mundial, foram
governados pela extrema-direita (EUA, Brasil e Índia).
(…)
Entretanto,
o que esta vertigem deixa na sombra é como partidos do centro também se estão a
deslocar para a direita.
(…)
[O Governo
de Sánchez], tendo a tutela legal da última colónia de África, o Sara
Ocidental, entregou-a às tropas marroquinas e permitiu o descaso em relação à
decisão da ONU de aí realizar um referendo e veio agora reconhecer a legalidade
dessa violação do direito.
(…)
Soube-se
agora que os eurodeputados socialistas foram instruídos para apoiarem para o
Prémio Sakharov uma personalidade boliviana proposta pelo Voxx espanhol
[extrema-direita], Jeanine Yañez.
(…)
[Jeanine
Yañez], está a ser julgada por violações dos direitos humanos, para
deste modo bloquearem a candidatura de uma ativista saraui. A escolha diz tudo.
(…)
[Depois
do tempo constrangedor da “geringonça] Costa abordou a maioria absoluta com uma
alegria libertadora.
(…)
[Isso]
permitiu decisões que antes seriam inusitadas.
(…)
A mais
simbólica (…) foi a mudança da regra da dedução dos prejuízos das empresas, que
deixaram de ter limite temporal.
(…)
Uma
empresa que tenha a diligência suficiente, e serão todas as maiores,
transferirá para o sistema fiscal todos os prejuízos que jamais venham a
ocorrer.
(…)
Nunca
foi proposta em programas eleitorais nem foi exigida pela troika.
(…)
A
medida não só agrava a assimetria do sistema tributário como evidencia uma
devoção política a práticas de má gestão e de planeamento de gastos que
contrasta com qualquer discurso de rigor.
(…)
Vai no
mesmo sentido a persistência ministerial em proteger regimes de privilégio a
“residentes não-habituais”.
(…)
Só
esse regime de não-residentes custa anualmente quatro vezes mais do que o
ajustamento em IRS feito este ano.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia” (sem link)
Por um
lado, há uma parte da inflação que vem do poder de mercado das empresas, e não
apenas do aumento dos custos de produção, energéticos e outros.
(…)
Por outro lado, as empresas têm poder para transferir custos
para os consumidores.
(…)
A
nossa forma de vida está ameaçada pela guerra num país candidato à União
Europeia, levada a cabo por um autocrata corrupto, que financia políticos pouco
escrupulosos no seio das nossas democracias.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
No
quinto maior país emissor de gás metano [Brasil], cerca de 40% do lixo apodrece
ao ar livre, libertando para atmosfera um dos gases que mais contribuem para as
alterações climáticas.
(…)
Desde 2010 que o Brasil está a aplicar um plano para
substituir 2800 lixeiras informais por aterros sanitários até 2024.
(…)
No
entanto, como em todas as coisas, muita gente é favorável a grandes projectos
que contribuam para melhorar o ambiente, desde que sejam instalados na cidade
dos outros.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
[Segundo
a Agência Europeia de Guardas Fronteiriços e
Guardas Costeiros] o tráfico de resíduos ilegais é um negócio
lucrativo e com baixo risco que se tornou muito popular nas zonas fronteiriças
da União Europeia.
(…)
O lixo
é levado para a Europa do Leste e central, Ásia e África, para ser abandonado,
queimado ou disperso, provocando graves danos ambientais.
(…)
Em
Junho, um relatório da Europol referia que os crimes ambientais – em que se
inclui o tráfico de resíduos – continuam a gerar milhões de euros de lucro.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Durante anos [o setor da recolha domlixo] foi o patinho feio
do investimento público, com os seus profissionais mal pagos e desmoralizados.
(…)
Porém,
nos meses mais agudos da pandemia, a visão do lixo a amontoar-se nas ruas das
cidades mudou a percepção sobre o trabalho dos técnicos sanitários.
(…)
Hoje
já se percebeu que estes trabalhadores são essenciais para o funcionamento da
sociedade e não funcionários públicos de segunda categoria, a quem se
entregavam as sobras orçamentais depois de financiadas as prioridades.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A
literatura de qualidade nunca somou muitos leitores. Alguns vão mais longe e
inquirem: Existe literatura de qualidade? E de punhos cerrados: Prove-o!
(…)
2022
foi o ano em que ficou de novo provado que, apesar de tantas inocuidades dadas
à estampa por esse mundo fora, escrever continua a ser uma actividade de risco.
(…)
O ataque a Salman
Rushdie em Agosto, 33 anos depois de Khomeini ter lançado
uma fatwa apelando
ao seu assassinato, acabou por deixar o escritor cego de um olho e com uma mão
incapacitada.
Ana Cristina Leonardo, “Público” (sem link)
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