quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (34)

 
Com o meio milhão recebido da TAP, a sua [de Alexandra Reis] autoridade era próxima de nula, num Governo que utiliza a retórica dos “sacrifícios” por conta da inflação.

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Mas mesmo após a demissão, a história continua a ser exemplar.

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Porque o meio milhão não passou a bater certo depois das explicações.

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Se o contrato cessava por decisão da empresa, o valor legal não seria necessariamente aquele.

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Não foi esta a regra que se aplicou, está à vista, mas sim um regime excecional de privilégio.

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Por outro lado, se a saída fosse por iniciativa da própria (…), então a "renúncia" não daria direito a nada.

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Já se percebeu que não estamos no domínio das regras gerais, nem das que se aplicam aos trabalhadores pelo direito laboral privado, nem das que regem a administração pública.

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Estamos no puro reino das regras da gestão privada, da sua arbitrariedade e da sua lógica de desigualdade.

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Nas empresas do PSI-20, que têm de divulgar estes dados, as desigualdades não têm parado de crescer nos últimos anos e é tido como “normal” os gestores ganharem 15, 20, 100, 150 vezes mais do que outros trabalhadores da mesma empresa.

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Haver leques salariais máximos, também no setor privado e no setor empresarial do Estado, é uma questão de decência.

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[Os gestores que pregam aos trabalhadores os “sacrifícios” em “nome da empresa” encontram] sempre para si formas de proteção muito mais “rígidas” e “protetoras” do que a própria lei que se aplica a quem trabalha. 

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[As compensações por despedimento com valores miseráveis] só são boas para os outros…

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O secretismo e a ausência de transparência, que é o “modus operandi” do privado.

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Oxalá a indignação mais que justa com o meio milhão ilegítimo de Alexandra Reis (e vai devolvê-lo?) nos faça questionar a falta de transparência e de racionalidade deste tipo de gestão privada.

José Soeiro, “Expresso” online

 

A legalidade da abundância [da indemnização recebida por Alexandra Reis] e a sua não devolução foi o argumento que ela própria veio escrever (…), em todo o caso tendo sido deixada sozinha, não vá a coisa complicar-se. 

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Como é que alguém que sai de uma administração tem o direito a receber todos os salários de todo o mandato, regra que não se aplica em mais nenhum posto na sociedade portuguesa?

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Porque é que nos tentam entreter com meandros comunicacionais, como se nisto houvesse algum mistério que exige longos dias de investigação?

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O governo não tem como explicar, (…), que governantes têm para consigo próprios um critério espantosamente mais generoso e a que se lhe agarram como se fosse o seu direito divino.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

O Senhor Starlink [Elon MusK] é a metáfora perfeita para o maior dos desafios que esperam todo o mundo, incluindo Portugal, já no próximo ano.

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Mais importante que trabalhar a favor de qualquer um dos 17 estimáveis objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 (…) é defender a democracia.

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E Musk representa, vamos acreditar ainda que sem eventual dolo, a maior ameaça que sobre ela paira.

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[Na agenda sustentável não é referida] a palavra democracia.

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Esquecimento ou compromisso, a omissão é grave.

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A democracia é a matriz fundadora, a matriz principal, mas não está nomeada.

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O seu desaparecimento desta agenda cria a perigosa ilusão de que ela não é fundamental.

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O empresário de Marte chama para a sua narrativa os condimentos da política, até agora apenas disponíveis nos sistemas constitucionalmente elencados.

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E foi sob a égide dessa constitucionalidade que a democracia – e as suas instituições – se mostraram fortes.

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Mas onde a democracia não está aparada pela lei isso não acontece.

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Ao contrário de Trump, ou Bolsonaro, Elon Musk é hoje um político que não foi eleito, e por isso, muito mais perigoso que aqueles que a democracia pode derrotar.

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Se a defesa da democracia não for pautada, ela não vai sobreviver.

José Manuel Diogo, “Diário de Coimbra” (sem link)

 

Costa e o seu Governo são tão incompetentes que nem sabem o passado de quem escolhem, ainda por cima para a Secretaria de Estado do Tesouro.

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A incompetência compensa. Alexandra diz ter sido demitida e não ter renunciado ao cargo.

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Medina falhou, pois se a escolha foi partilhada com o primeiro-ministro, como é normal, como é possível ignorar o passado tão recente de Alexandra?

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Antigamente, a vida de um putativo candidato a governante era passada a pente fino.

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Agora a displicência é tal, é tal a sensação de mando absoluto que ou não se procede a esta investigação ou ela é leviana.

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Costa e seus apaniguados não têm mais base de recrutamento, ou seja, cada vez menos gente aceita integrar governos seus.

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Os valores da saída de Alexandra foram, como é habitual e legal, negociados entre duas sociedades de advogados.

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Medina convida Alexandra para secretária de Estado, com o acordo de Costa.

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[Medina] é já reincidente, pois havia um tal ex-director da TVI que iria ganhar mais que ele, soube-se, estalou a bronca, e a versão oficial é que o jornalista teve mais vergonha na cara que Medina e saiu.

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Ainda que legal, é absolutamente imoral e até porco que, por se sair de uma empresa em que os contribuintes já injectaram milhões de euros, se ganhe meio milhão por se ter sido despedida.

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[Devíamos vir] para a rua exigir que não nos tomem por parvos! 

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Tudo ficará na mesma e os políticos tirarão mais uma ilação: asneira da grossa é para ser feita na semana entre o Natal e a passagem de ano.

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Se o povo saísse à rua, em massa, mesmo uma maioria absoluta, com tanta asneirada seguida, vinha abaixo.

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O efeito anestesiante tomou completamente conta da moribunda dignidade do povo português. Paz à sua alma!

André Lamas Leite, “Público” (sem link)


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