(…)
Com a
aquisição [do Twitter], Elon Musk consegue condicionar a política. Este é um
negócio de poder, e o interesse da direita americana é compreensível.
(…)
Ao
contrário de carros e foguetes espaciais, gerir uma rede social é gerir uma
complexa teia de interações humanas.
(…)
Para
distrair da incompetência e da censura, Elon Musk lançou um inquérito aos
utilizadores para saber se queriam que deixasse de ser o CEO. O “sim” venceu.
(…)
A
apologia do “jornalismo-cidadão” esconde a dificuldade de Musk lidar com o
escrutínio do jornalismo profissional.
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No dia
seguinte à publicação dos “Twitter Files”, Musk condenou o silêncio dos
principais jornais.
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Num
país polarizado e com uma longa história de violência política, Musk espalha as
teorias de conspiração que Trump adorava com o mesmo efeito pavloviano nas
massas que o veneram.
(…)
Musk é
tão perigoso como Trump para a democracia. Mas a uma escala global.
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Depois
de chamar “marionetas sem vergonha” aos reguladores que apontam o dedo às suas
práticas empresariais, Musk suspendeu contas de meia dúzia de jornalistas que
há vários anos escreviam sobre ele.
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Em
poucas semanas, Musk passou de intransigente defensor da liberdade de expressão
para a suspensão de jornalistas, proibição de links para outras plataformas.
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Sabemos
que a concentração de poder político leva à tirania. Passa-se o mesmo com o
poder económico.
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Quando
os bilionários falam de liberdade, defendam as democracias. Porque só a sua
própria liberdade, sem limites, os preocupa.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
O Gabinete de Estatísticas da União Europeia
disponibilizou dados que colocam Portugal em 17.º lugar no ranking dos salários
brutos médios anuais de quem trabalha a tempo inteiro.
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Os nossos 19 300 euros anuais ficam a
mais de 52 000 do salário mais alto, o do Luxemburgo (72 200 euros).
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Continuaremos a disputar o campeonato dos
últimos.
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Os nossos salários são muito baixos para
o custo de vida que temos.
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Ao mesmo tempo, alguns dos nossos
direitos sociais fundamentais estão a minguar.
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O fundamental das causas que transformam
a vida de milhões de portugueses num pesadelo situa-se nas contradições
profundas entre o que o Governo e outras instituições do poder anunciam como
objetivos e as políticas que adotam.
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A 31 de dezembro de 2023 os salários
reais dos portugueses, nos setores público e privado, serão piores que os de
hoje.
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[A política de baixos salários] é um
problema cada vez mais estrutural que condicionará no pior sentido a resolução
da sensível questão demográfica.
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[Em Portugal é precisa] uma política
salarial e laboral que não favoreça o aumento de atividades de baixo valor acrescentado.
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[O Governo] desconsidera as organizações
sindicais e incentiva o marasmo na contratação coletiva.
A
migração não é crime, contudo, tendemos a criminalizar as pessoas que migram,
rotulamos os que nos chegam irregulares como “ilegais”, enquanto lhes negamos
os seus direitos e lhes renunciamos passagens seguras.
(…)
A migração irregular acontece tantas vezes porque as pessoas
não têm outra escolha a não ser utilizar canais irregulares.
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Não há vidas ilegais. Nenhum ser humano é ilegal.
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Utilizarmos a palavra ilegal ameaça também a solidariedade e
origina a criminalização da ajuda humanitária.
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[O] mar Mediterrâneo, a fronteira mais mortífera do mundo. E
quando aqui chegaram, retirámos-lhes a igualdade de direitos.
(…)
Criminalizámos
e criminalizamos a migração, com políticas que repudiam a mobilidade enquanto
direito humano consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Patrícia Caeiros, “Público” (sem link)
Desde
Setembro, o regime prendeu mais de 14 mil pessoas. Muitos são rapazes e
raparigas. Há estudantes universitários e empregados de mesa, médicos e
operários.
(…)
Estão
na rua a protestar contra o regime e não querem que a morte de Mahsa Amini, de
22 anos, seja em vão.
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E
Mahsa Peyravi, de 25 anos, presa em Outubro por ter tirado o lenço da cabeça e
tê-lo rodado no ar, que acaba de ser condenada a dez anos de prisão por
“incentivo à corrupção, depravação” e “imoralidade”, está a ser torturada?
Bárbara Reis, “Público” (sem link)
A Agência das Nações
Unidas para os Refugiados estima que o “deslocamento forçado global”
tenha atingido 103 milhões de pessoas em meados de 2022.
Graça Castanheira, “Público” (sem link)
No Afeganistão as mulheres foram proibidas de frequentar o
ensino universitário.
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Desde que os taliban assumiram a governação do Afeganistão em
Agosto de 2021, é um novo arranque da luta feminista.
(…)
Neste
momento muitas mulheres afegãs estão nas ruas e manifestam-se contra a opressão
taliban. Olhar para a sua coragem e rebeldia é absolutamente comovente.
(…)
Há
quem defenda que, durante os 20 anos de ocupação do país pelos Estados Unidos e
seus aliados, a causa feminista viveu um grande momento porque mais mulheres
frequentaram estabelecimentos de ensino, e chegaram mesmo a formar-se.
(…)
Os direitos e liberdades são conquistas, não costumam ser
oferecidos às mulheres.
(…)
Sobretudo os direitos das mulheres não devem chegar
acompanhados de bombardeamentos.
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A
narrativa de guerra dos Estados Unidos tem um enorme talento e no caso do
Afeganistão este destacou-se. A libertação das mulheres foi, desde o início
daquela ação militar, invocada para a legitimar.
(…)
Obviamente
que aquela invasão militar [do Afeganistão pelos EUA] não teve nada a ver com a
vontade de libertar as mulheres afegãs e a sua opressão pelos taliban foi usada
contra ela.
(…)
Como é que ainda não aprendemos que a
ocupação de países por forças militares externas gera o aparecimento, e o
fortalecimento, de grupos e movimentos extremistas como se fossem um gás
irredutível?
(…)
A luta
feminista está a acontecer no Afeganistão. Mulheres que resistiram a quase tudo
não desistem de conquistar o seu espaço.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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