sábado, 5 de fevereiro de 2022

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Entre as reações ao resultado das eleições, a mais surpreendente será porventura a dos principais dirigentes das confederações patronais e dos banqueiros mediatizáveis. Encontraram uma serena felicidade! Quase afirmam que a maioria absoluta é deles.

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Então, a quem virá a pertencer a maioria absoluta? Que programa político será executado com ela? O das confederações patronais e dos banqueiros?

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A Direita, quando propagandeia as "grandes reformas sempre adiadas", nunca expõe com clareza e verdade a sua substância.

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Contudo, quando consegue espoletar a sua aplicação, o que emerge é a harmonização no retrocesso na área social e no trabalho, instabilidade na vida da esmagadora maioria das pessoas e o cavar de desigualdades e injustiças.

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António Costa e o PS comprometeram-se, fundamentalmente, com outra "continuação": de urgente valorização salarial; de criação de emprego qualificado e combate à precariedade; de utilização de recursos do PRR e outros em sintonia com prioridades nacionais; de sistema de pensões público e de repartição, não dependente das bolsas de valores; de um Serviço Nacional de Saúde robustecido e liberto dos oligopólios do setor.

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Há uma grande parte da sociedade que está atenta, que não cultiva ilusões, nem se submete a subversão de compromissos.

Carvalho da Silva, JN

 

Para a bolha mediática, Rui Rio ter-se-ia reinventado no dia em que venceu as eleições internas.

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Nas legislativas a esquerda foi a correr votar no PS porque julgou que isto podia ser perdido.

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E aconteceu uma maioria absoluta que duvido que tenha sido desejada.

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Na noite eleitoral, Rui rio desarmou o sorriso postiço que o acompanhou no último mês.

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[Rio] fez a melhor campanha que podia ter feito em contrate com um Costa errático.

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O PSD estará colado a Passos Coelho, que, tendo muitos viúvos na bolha mediática, tem muitos traumatizados no país.

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Quando sente que eles podem voltar, a maioria mobiliza-se.

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O PS conseguiu ficar com todos os louros da “geringonça”.

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Não há maiorias de Governo sem partilha d poder ou um programa comum.

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Depois das eleições de 2019, [Costa] renegou qualquer apoio do PSD ou acordo de legislatura à esquerda, deixando a porta aberta para uma crise política.

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Este será um Governo onde Costa se sente melhor: na companhia do sei ideólogo, o balirista Augusto Santos Silva.

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Com o PSD persistentemente fraco e pressionado por xenófobos e radicais liberais, o centro ficará vazio.

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Esqueçam uma maioria absoluta de diálogo. Isso nunca aconteceu em lado algum.

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As maiorias absolutas trazem arrogância.

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Aqueles 20deputados do Chega e da IL serão um bálsamo para Costa, que pode manter vivo o perigo real da direita.

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É bom lembrar que a vitória do PS se fez exclusivamente á custa dos seus antigos parceiros.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O alerta da seca acaba de ser reforçado pelo IPMA.

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Os avisos já são antigos, convergentes, dramatizados e não suscitam controvérsia.

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Em todo o Sul Ibérico a água corre cada vez menos e cai cada vez menos, situação que se agravará no futuro.

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Mais de dois terços dos crescentes consumos de água são para uso agrícola.

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[Não] se viu uma política integrada entre os dois países [ibéricos] para ponderar o aumento das exigências de água par a agricultura intensiva.

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Mas o facto é que algo paralisa as medidas urgentes que, coordenadamente, Portugal e Espanha têm de criar para gerir em conjunto o recurso água.

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O clima tem vindo a dar grandes lições políticas ao mundo, a começar pela justiça, como tão bem tem lembrado o Papa Francisco.

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Há governanças que obrigam claramente os países a pensar-se cada vez mais uns nos outros. A da água é uma delas e a situação é de alarme.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

Porventura explicação para a maioria absoluta está menos na dinâmica de campanha e mais em fatores que já estavam presentes.

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Os portugueses não desjavam a crise, não queriam eleições e defendiam a estabilidade.

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O alimentar a bipolarização provocou, por sua vez, uma mobilização reativa perante o risco de uma maioria de direita.

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Uma vez mais, ficou exposto a nu o enorme défice de sensatez de muito do que se ouve no debate público.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

A ironia da actual situação pós-eleitoral é que os partidos que com mais veemência criticavam o “socialismo”, a “venezuelização”, a “ditadura do PS” e outros qualificativos cheios de horror com António Costa estão muito mais contentes com o desastre do PSD e a eventual queda de Rui Rio do que preocupados com a maioria absoluta do PS.

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[No Chega] são demasiado “de baixo”, demasiado grosseiros, não sabem comer à mesa, enquanto os elegantes modernos da Iniciativa Liberal sabem.

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Os seus mentores [da IL] pouco querem saber das causas dos “brutos” do Chega, mas sabem quem os obriga a ter essas coisas “iliberais”.

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O resultado mais importante das últimas eleições para eles [novos yuppies das start-ups] são os deputados da IL e do Chega e, muito mais decisivo, é que o PSD está outra vez “a saque”.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

As recentes eleições legislativas demonstraram que há uma realidade nova em Portugal, representada pela saída do armário do velho fascismo, até aqui latente e envergonhado, e encarnado no Chega e em André Ventura.

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André Ventura, inventado por Passos Coelho para destruir o CDS de Paulo Portas, com o apoio do Correio da Manhã, representa bem - bem de mais - esta dimensão portuguesa do neofascismo. 

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Não é substancialmente diferente dos demais neofascismos europeus, na verdade. Em Portugal, André Ventura encontrou os ciganos (em França, seriam os "árabes"), os habitantes negros de bairros sociais e os titulares de cargos públicos como alvos no seu arremesso. 

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Há assim uma dimensão adicional de oportunismo barato, que apela aos instintos mais básicos de uma ideia de maioria consistente e uniforme, que só se verifica com inimigos externos, reais ou não.

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O Chega é a negação da política, no sentido em que esta pressupõe a ultrapassagem de uma situação pessoal, sempre aparente e circunscrita, e exige a assunção de um dever coletivo.

Miguel Romão, DN


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