sexta-feira, 11 de março de 2022

CITAÇÕES

 
Nesta guerra, nenhuma das partes parece querer uma solução razoável, com base na retirada das tropas invasoras, a reconstrução com a compensação pelos danos causados, a neutralidade que proteja a soberania da Ucrânia e a aplicação do Acordo de Minsk para regular a autonomia das regiões russófonas.

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Putin não aceita qualquer solução que não seja a integração no império, recuar seria uma derrota com um preço interno incalculável.

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Zelensky parece querer acelerar a inclusão na NATO, embora tenha dado alguns sinais contraditórios sobre a questão, ao sentir dificuldade.

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A NATO aposta na sua extensão na fronteira russa, sabendo que o seu tempo já é longo.

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De todos, um perderá em todos os cenários. É Putin.

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Não conseguirá manter um exército na Ucrânia.

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A Rússia não tem capacidade para sustentar uma economia autárcica.

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A China também não dispõe de um sistema de pagamentos interbancário alternativo ao swift.

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O default do Estado russo será inevitável, mas o fecho da sua economia tem um custo social que pode pôr o regime em causa.

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Ora, essa é a escolha da renovada aliança Washington-Berlim.

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O prémio da destruição da economia russa tem um custo, a recessão na Europa.

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O mundo tornou-se um lugar mais perigoso, que não evita, antes prefere os caminhos para o inferno.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

Já há quem pense que pode impunemente insinuar que quem recusa a invasão putinesca e defende o direito soberano da Ucrânia está assim a demonstrar o seu disfarçado apoio ao Kremlin.

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Mais terra a terra, a deputada da extrema-direita apela a que se “exorcizem os demónios vermelhos”.

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Para agravar o caso, os tais infiéis alegam em sua defesa a Constituição da República.

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Maldita Constituição, que não foi exorcizada de tais demónios e ainda defende o fim dos blocos político-militares.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

A dor inflige às vítimas os mais básicos instintos de protecção que, supostamente, as protegem dos agressores.

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O estado de negação nos agressores é toda uma outra realidade que mais não faz do que tentar vender e sistematizar uma mentira "ad aeternum" para os livros de História ou enquanto for conveniente.

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O discurso oficial do Estado [russo] incorporou um estado de negação absolutamente ofensivo, abusando da mentira no seu esplendor.

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Sergei Lavrov e Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, multiplicam-se em insinuações de guerra para com a União Europeia e a NATO.

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O espectro de liderança e de necessidade do reforço do poder na NATO que Vladimir Putin entregou de mão beijada aos EUA é apenas isso mesmo, um espectro. 

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A China pode esperar, mas não se importará de antecipar a sua liderança mundial em meia dúzia de anos.

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Entretanto, o melhor que se pode desejar é que a lucidez não faça escalar a guerra para o fim de linha químico ou nuclear.

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Um estatuto de neutralidade com garantias para a Ucrânia parece ser a única solução imediata. 

Miguel Guedes, JN

 

A educação para a paz assenta no desenvolvimento de valores.

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Importa criar condições para que os valores sejam aprendidos, através de vivências de cidadania democrática.

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A paz está para a guerra como a saúde para a doença. Só são valorizadas quando estão ameaçadas.

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Ao contrário das gerações mais velhas, que ainda se lembram da guerra, as gerações mais novas naturalizaram a paz.

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 É a existência [da guerra] que leva a pensar no valor inestimável da paz e nos valores que a sustentam.

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Pensar na paz é pensar em como educar para a paz.

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Educa-se para a paz, tal como se educa para os valores [pelo exemplo].

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O mote do “faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço” tem pouca ou nenhuma eficácia educativa.

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Modelagem dos adultos de referência das crianças, sejam pais, professores ou outros familiares, seja tão relevante.

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Os valores não se ensinam; cria-se condições para que se aprendam.

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É fundamental que na escola [as crianças] participem na construção das regras através das quais regem os seus comportamentos, para que as interiorizem e desejem cumprir.

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A matéria-prima para o desenvolvimento de valores humanistas está ao nosso alcance.

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O facto de haver um delay entre o acontecimento e a discussão do mesmo constitui uma oportunidade para desarmadilhar o gatilho da emoção.

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Trabalhar a dimensão do aprender a ser é um papel do qual a escola, enquanto laboratório de relações humanas de proximidade, não pode demitir-se.

Elsa Barros, “Público” (sem link)

 

[Os atuais lideres europeus] ficarão na história como as lideranças mais medíocres que a Europa teve desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

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E não foram capazes de defender [os povos] da guerra que, pelo menos desde 2014, germinava dentro de casa.

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As democracias europeias acabam de provar que governam sem o povo.

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Esta guerra estava a ser preparada há muito tempo tanto pela Rússia como pelos EUA.

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No mundo das superpotências não há bons nem maus, há interesses estratégicos que devem ser acomodados.

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Os EUA buscam consolidar zonas de influência a todo o custo, que garantam facilidades comerciais para as suas empresas e o acesso às matérias-primas.

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A expansão da NATO para leste, contra o que tinha sido acordado com Gorbatchov em 1990, foi a peça-chave inicial da provocação.

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Quanto à Europa, o princípio é consolidar a condição de parceiro menor que não se aventure a perturbar a política das zonas de influência.

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A estratégia do parceiro menor exige que se aprofunde a dependência europeia, não só no plano militar (já garantido pela NATO) mas também no plano económico, nomeadamente no plano energético.

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Os seus [dos EUA] objectivos são manter o mundo em guerra e criar maior dependência dos fornecimentos norte-americanos, sobretudo de armas.

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A dependência energética da Europa em relação à Rússia era algo inaceitável.

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A Europa empobrece e desestabiliza-se por não ter tido líderes à altura do momento.

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[As negociações de paz] deviam ser entre a Rússia e EUA/NATO/União Europeia.

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Só [com o desmantelamento da NATO] a UE poderia ter criado uma política e uma força militar de defesa que respondesse aos seus interesses, e não aos interesses dos EUA. 

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)


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