(…)
Putin
não aceita qualquer solução que não seja a integração no império, recuar seria
uma derrota com um preço interno incalculável.
(…)
Zelensky
parece querer acelerar a inclusão na NATO, embora tenha dado alguns sinais
contraditórios sobre a questão, ao sentir dificuldade.
(…)
A NATO
aposta na sua extensão na fronteira russa, sabendo que o seu tempo já é longo.
(…)
De
todos, um perderá em todos os cenários. É Putin.
(…)
Não
conseguirá manter um exército na Ucrânia.
(…)
A
Rússia não tem capacidade para sustentar uma economia autárcica.
(…)
A
China também não dispõe de um sistema de pagamentos interbancário alternativo
ao swift.
(…)
O
default do Estado russo será inevitável, mas o fecho da sua economia tem um
custo social que pode pôr o regime em causa.
(…)
Ora,
essa é a escolha da renovada aliança Washington-Berlim.
(…)
O
prémio da destruição da economia russa tem um custo, a recessão na Europa.
(…)
O
mundo tornou-se um lugar mais perigoso, que não evita, antes prefere os
caminhos para o inferno.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
Já há
quem pense que pode impunemente insinuar que quem recusa a invasão putinesca e
defende o direito soberano da Ucrânia está assim a demonstrar o seu disfarçado apoio
ao Kremlin.
(…)
Mais
terra a terra, a deputada da extrema-direita apela a que se “exorcizem os
demónios vermelhos”.
(…)
Para
agravar o caso, os tais infiéis alegam em sua defesa a Constituição da
República.
(…)
Maldita
Constituição, que não foi exorcizada de tais demónios e ainda defende o fim dos
blocos político-militares.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
A dor inflige às vítimas os mais básicos
instintos de protecção que, supostamente, as protegem dos agressores.
(…)
O estado de negação nos agressores é toda
uma outra realidade que mais não faz do que tentar vender e sistematizar uma
mentira "ad aeternum" para os livros de História ou enquanto for
conveniente.
(…)
O discurso oficial do Estado [russo]
incorporou um estado de negação absolutamente ofensivo, abusando da mentira no
seu esplendor.
(…)
Sergei Lavrov e Maria Zakharova,
porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, multiplicam-se em
insinuações de guerra para com a União Europeia e a NATO.
(…)
O espectro de liderança e de necessidade
do reforço do poder na NATO que Vladimir Putin entregou de mão beijada aos EUA
é apenas isso mesmo, um espectro.
(…)
A China pode esperar, mas não se
importará de antecipar a sua liderança mundial em meia dúzia de anos.
(…)
Entretanto, o melhor que se pode desejar
é que a lucidez não faça escalar a guerra para o fim de linha químico ou
nuclear.
(…)
Um estatuto de neutralidade com garantias
para a Ucrânia parece ser a única solução imediata.
A educação para a paz assenta no desenvolvimento de valores.
(…)
Importa criar condições para que os valores sejam aprendidos,
através de vivências de cidadania democrática.
(…)
A paz está para a guerra como a saúde para a doença. Só são
valorizadas quando estão ameaçadas.
(…)
Ao contrário das gerações mais velhas, que ainda se lembram
da guerra, as gerações mais novas naturalizaram a paz.
(…)
É a existência [da guerra] que leva a pensar no valor
inestimável da paz e nos valores que a sustentam.
(…)
Pensar na paz é pensar em como educar para a paz.
(…)
Educa-se para a paz, tal como se educa para os valores [pelo
exemplo].
(…)
O mote
do “faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço” tem pouca ou nenhuma
eficácia educativa.
(…)
Modelagem
dos adultos de referência das crianças, sejam pais, professores ou outros
familiares, seja tão relevante.
(…)
Os valores não se ensinam; cria-se condições para que se
aprendam.
(…)
É
fundamental que na escola [as crianças] participem na construção das regras
através das quais regem os seus comportamentos, para que as interiorizem e
desejem cumprir.
(…)
A matéria-prima para o desenvolvimento de valores humanistas
está ao nosso alcance.
(…)
O
facto de haver um delay entre
o acontecimento e a discussão do mesmo constitui uma oportunidade para
desarmadilhar o gatilho da emoção.
(…)
Trabalhar
a dimensão do aprender a ser é um papel do qual a escola, enquanto laboratório
de relações humanas de proximidade, não pode demitir-se.
Elsa Barros, “Público” (sem link)
[Os atuais lideres europeus] ficarão na história como as
lideranças mais medíocres que a Europa teve desde o fim da Segunda Guerra
Mundial.
(…)
E não foram capazes de defender [os povos] da guerra que,
pelo menos desde 2014, germinava dentro de casa.
(…)
As democracias europeias acabam de provar que governam sem o
povo.
(…)
Esta guerra estava a ser preparada há muito tempo tanto pela
Rússia como pelos EUA.
(…)
No mundo das superpotências não há bons nem maus, há
interesses estratégicos que devem ser acomodados.
(…)
Os EUA
buscam consolidar zonas de influência a todo o custo, que garantam facilidades
comerciais para as suas empresas e o acesso às matérias-primas.
(…)
A
expansão da NATO para leste, contra o que tinha sido acordado com Gorbatchov em
1990, foi a peça-chave inicial da provocação.
(…)
Quanto
à Europa, o princípio é consolidar a condição de parceiro menor que não se
aventure a perturbar a política das zonas de influência.
(…)
A
estratégia do parceiro menor exige que se aprofunde a dependência europeia, não
só no plano militar (já garantido pela NATO) mas também no plano económico,
nomeadamente no plano energético.
(…)
Os seus [dos
EUA] objectivos são manter o mundo em guerra e criar maior dependência dos
fornecimentos norte-americanos, sobretudo de armas.
(…)
A dependência energética da Europa em relação à Rússia era
algo inaceitável.
(…)
A Europa empobrece e desestabiliza-se por não ter tido
líderes à altura do momento.
(…)
[As negociações de paz] deviam ser entre a Rússia e
EUA/NATO/União Europeia.
(…)
Só
[com o desmantelamento da NATO] a UE poderia ter criado uma política e uma
força militar de defesa que respondesse aos seus interesses, e não aos
interesses dos EUA.
Boaventura Sousa Santos, “Público”
(sem link)
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