O Parlamento Europeu aprovou ontem (1 de Março) uma resolução de condenação
da invasão russa e apoio à Ucrânia, que contou com o voto favorável do Bloco.
Ontem e hoje surgiram notícias, artigos e publicações segundo as quais o Bloco
se teria abstido.
Antes de mais, ata da votação abaixo (img1), para que não haja dúvidas.
Trata-se da primeira resolução do Parlamento Europeu na resposta à guerra, que
condena a invasão da Rússia, defende várias medidas de apoio à Ucrânia de
enfraquecimento da capacidade ofensiva da Rússia. BE a favor.
Nos dias anteriores e no próprio dia desta votação, Rui Rocha (IL), Ricardo
Baptista Leite (PSD), André Ventura (Chega) e Nuno Melo (CDS) fizeram
publicações sobre a votação do Programa de assistência macrofinanceira à
Ucrânia, ocorrida 14 dias antes (img2). Três destes representantes (exceção foi
Rui Rocha) não referem a data da primeira votação ou sequer que ocorreu antes
da guerra. Pelo contrário, apostam ativamente na descontextualização e na
transmissão da ideia de que se trata da resposta do Bloco à guerra. Esse voto
do Bloco prendeu-se, não com a assistência à Ucrânia, que apoiámos, mas com as
condições do FMI e da UE associadas a esse empréstimo. Mais informação aqui:
https://twitter.com/joseggusmao/status/1498392361369485316
Por ironia do destino, a resolução de ontem renova o apelo a assistência
financeira à Ucrânia, mas agora sem qualquer referência a condições (img3), ou
seja, exatamente a posição que o Bloco tinha tomado duas semanas antes. Aliás,
a assistência agora deverá (espero) ser a fundo perdido.
No dia da votação desta resolução (ontem), o Público fez uma notícia
baseada num curioso critério editorial. Faz título e destaque sobre uma votação
decorrida duas semanas antes (img4). Só refere a votação que ocorreu nesse
mesmo dia no último de 9 parágrafos, tapado pela paywall. Na sequência dessa
notícia, a CNN noticia que o Bloco se absteve "esta terça-feira"
(img5). Aqui entramos no domínio de informação puramente falsa. A notícia foi
corrigida referindo a data da anterior votação e continuando a não referir a
votação "desta terça-feira".
Já hoje, a editora do Diário de Notícias, Joana Petiz escreve um editorial
(img6) com, não uma, mas três mentiras. Essa e outras duas: que o Bloco não
tinha participado na manifestação de Lisboa e que não tinha condenado a
invasão.
O círculo fecha-se com mais publicações nas redes em que a confusão e a
manipulação se tornam em mentira pura, engano ou confusão (img7). Agora, a
abstenção do Bloco já não é sobre o Programa de Assistência Macrofinanceira
duas semanas antes, mas na resolução de condenação da invasão.
Já há algum tempo que vivemos na era da desinformação. Com uma guerra, a
coisa fica pior. A combinação de campanhas desonestas, mau jornalismo e
reprodução acrítica ou mal intencionada de fontes pouco fiáveis agrava tudo.
Tenham cuidado com o que lêem. Obrigado a todos os que se vieram esclarecer
connosco antes de espalharem mentiras e obrigado a todos os que foram
divulgando os esclarecimentos noutras publicações. Ajudem a esclarecer quem
quer ser esclarecido. (Bloco de Esquerda)
Sem comentários:
Enviar um comentário