sábado, 12 de março de 2022

MAIS CITAÇÕES (172)

 
A maioria dos russos só conhece a versão de Putin [sobre a guerra].

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O acesso ao Facebook, ao Twitter e a muitos sites internacionais e nacionais foi bloqueado, rádios foram encerradas.

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Do lado de cá, em vez de reforçarmos o que nos distingue do ditador, encerrámos a RT e a Sputnik, por serem focos de desinformação. 

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Não houve um sobressalto perante a decisão sumária, perigosa e sem precedentes da Comissão Europeia.

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Sujeitos à ameaça de perseguições, muitos órgãos de comunicação social internacionais saíram de Moscovo e ficámos mais cegos para o lado de lá.

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Sobra-nos a propaganda ucraniana e dos Governos ocidentais — todos a têm, em todas as guerras. 

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Este ambiente autorizou os jornalistas a lidarem com a posição inexplicável e imoral do PCP, que trata a ocupação como mera consequência de provocações dos EUA, com hostilidade militante.

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Militares que têm feito comentários desalinhados são postos numa espécie de índex, para ouvir com cautela.

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A Ucrânia está a ganhar [a guerra mediática].

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O problema não é o discurso moral que baliza as nossas posições sobre este conflito e percebe que há um ocupante especialmente violento e um ocupado.

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O problema é esse discurso moral esmagar qualquer análise racional. Ao ponto de haver factos inaceitáveis. É aí que nos aproximamos do mundo mental de Putin.

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Opiniões públicas mal informadas e inebriadas pela emoção pressionam os Governos a decisões insensatas, como a criação de uma zona de exclusão aérea, que nos poderia levar a um conflito nuclear.

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O isolamento internacional dos intelectuais reforça o poder de Putin. 

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Sei quem é o ocupante e o ocupado. Desde os seus crimes em Grozni e Alepo que sei que Putin é um perigoso assassino.

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Não me engano quanto ao lado em que estou. Sei quem resiste e quem devemos apoiar.

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Mas gosto de ser tratado como um adulto. Não preciso de ser convencido, preciso de ser informado.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Portugal precisa de recuperação socioeconómica face a problemas deixados por políticas austeritárias, aos impactos da pandemia e a efeitos da escalada da guerra

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Há que assegurar níveis de investimento público muito superiores aos que se verificaram na última dúzia de anos.

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Em Portugal não se dá a importância necessária à racionalidade organizacional e ao planeamento.

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O planeamento exige, a todos, cultura do conhecimento e da sua disponibilização transparente. 

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Ao Estado exige-se uma cultura de articulação de políticas, evitando atuações isoladas de ministérios ou secretarias de Estado, e um mapa institucional que não mude a cada Governo.

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O Estado não pode continuar depauperado na sua capacidade de planear.

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Como é possível, por exemplo, reforçar e qualificar o Serviço Nacional de Saúde se o respetivo Ministério não tem uma estrutura de planeamento estratégico?

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Os problemas só serão ultrapassados com melhor oferta salarial aos quadros que é preciso recrutar e se o trabalho for feito com tempo.

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Sem planeamento não existe correta formulação de políticas públicas.

Carvalho da Silva, JN

 

A projeção de imagens da guerra corresponde sempre à exposição dramática de rostos concretos, face aos quais não podemos deixar de ter empatia. 

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Os ucranianos são parte do nosso quotidiano.

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Ou seja, a presença dos ucranianos é constante nos espaços que todos frequentamos.

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Em democracia, em nenhum outro momento tenhamos tido um conflito que nos dissesse tanto e do qual nos sentíssemos humanamente tão próximos.

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De um [lado, temos] uma comunicação com rostos, olhares e um quotidiano sofrido.

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De outro, uma ofensiva sem rostos.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

Nestes anos, de 1999 a 2014, a política dos EUA e da NATO tem uma contradição de fundo: (…) foi-se aceitando uma expansão para leste que tinha que ser vista como ameaçadora para a Federação Russa.

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Por isso, olhando pelos olhos de Putin, há muitas razões para preocupação, mas nenhuma para a invasão.

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A resposta completamente desproporcionada muda os termos da questão, e transforma a insegurança invocada com a expansão da NATO num pretexto, e não numa razão. 

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E aqui é que é preciso ver a situação com os olhos dos países do Leste da Europa com fronteira com a Federação Russa.

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Não há hoje dúvidas para ninguém de que os países encostados à Rússia precisam de uma defesa sólida porque têm um agressor à porta.

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A organização da Guerra Fria recebeu uma forte dose de legitimidade política.

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Mais: uma “vitória” militar na Ucrânia seguida de uma ocupação de tipo colonial é como uma gangrena: não fecha e envenena tudo à sua volta.

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Estamos em “tempos interessantes”, e o desejo de que os vivamos é mesmo uma maldição.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Segundo uma conhecida organização que regista as mortes em guerra em todo o mundo, eis a estatística do período inicial da invasão da Ucrânia (20 de fevereiro-4 de Março): 114 (Ucrânia), 23 (Iraque), 511 Iémen, 187, Síria, 192, Mali, 527, Nigéria, 155 (República Democrática do Congo), 180 (Somália), 112 (Burkina Faso). O facto de nenhuma das outras tragédias ter merecido qualquer atenção dos meios de comunicação não tem para mim outro significado ou interesse senão o de me permitir conhecer os mecanismos sociológicos da formação do pânico moral e da indignação pública.

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)


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