sexta-feira, 13 de maio de 2022

CITAÇÕES

 
A guerra tem um efeito virtuoso na Europa, multiplicando um jorro de discursos pomposos, logo saudados pelos divulgadores como oratória capaz de magicar uma nova era.

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[Macron] prossegue o desmantelamento metódico da política do seu país e favorece assim as condições para o maior ascenso da extrema-direita num dos países centrais do continente.

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Foi dele que nasceu a promessa, na campanha para a sua primeira eleição, de que todos os outros Estados-membros realizariam em poucos meses uma convenção para redesenhar a Europa.

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Cinco anos depois, perante uma segunda campanha francesa, lá se reinventou o tema com uma Conferência para o Futuro da Europa, encerrada esta semana com palavras valentes.

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Macron fez a festa com o seu discurso.

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A União 1.0 não tem qualquer solução para estes problemas [transportes, segurança, energia, circulação de pessoas], menos teria uma inexistente União 2.0.

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À boca pequena, os responsáveis europeus não alimentam qualquer dúvida: o consórcio já é ingovernável.

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Daqui resulta uma equação irrefutável: quanto mais emproados os discursos visionários, maior a incapacidade que mascaram. 

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Mesmo que o suplemento de alma garantido pela autointoxicação macroniana seja simplesmente para esquecer.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A faltar-lhe a maioria absoluta, [Marta Temido] teria cuidado das suas palavras e resolveria o assunto de uma penada, em vez de o arrastar na confusão.

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A bravata da ministra só tem como única justificação o seu poder absoluto.

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O que a ministra sublinhou foi que, como ela é que manda, o Parlamento e a opinião pública não se devem atrever a fazer perguntas. O Governo mudou mesmo.

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A ministra, ao prolongar o mistério, deu ao país um exemplo de como não funciona a noção do incentivo económico para gerir os atos de saúde.

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Embora não pague nem queira pagar salários que atraiam médicos de família, a ministra permitiu deste modo a ideia de que a confiança entre o médico e a utente pode ser substituída por prémios avulsos aos profissionais pelas decisões que cabem às mulheres.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Lembrou a técnicos especialistas de saúde [a ideia de que o critério de ausência da interrupção voluntária da gravidez poderia servir para calcular a componente remuneratória variável dos profissionais das Unidades de Saúde Familiar].

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Em nenhum momento, a vontade e o direito de uma mulher abortar se pode confundir com lacunas ou ausência de planeamento familiar.

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A violência que se passaria a exercer em cada USF se esta proposta fizesse caminho seria insustentável e diária. 

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Este processo é um bom exemplo onde a consciência e a pressão da sociedade civil foram um bem civilizacional que impediu uma disfunção técnica e um retrocesso castrador.

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Marta Temido, depois de ter sido tudo menos convincente na Assembleia da República, disse-o: o grupo técnico recuou na proposta para responder ao "sentir social".

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[Corremos o risco de] começar a tomar conhecimento da forma como uma maioria absoluta envolta em pareceres técnicos se torna lassa, pouco crítica ou nada atenta em relação a questões fracturantes e fundamentais.

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Actualmente, olhar para o tema do aborto em alguns países de Leste ou nos EUA, onde os políticos adestram os técnicos, é assustador.

Miguel Guedes, JN

 

O planeamento familiar (PF), em que se inclui a prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (IST), é dirigido a homens e mulheres. Quer homens quer mulheres são responsáveis pela sua saúde sexual e reprodutiva.

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A eficácia do planeamento familiar não se mede pelo número de Interrupções Voluntárias da Gravidez (IVG).

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A maioria das IVG são feitas em mulheres muito jovens, com baixos rendimentos e níveis elevados de iliteracia. 

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O indicador agora sugerido [segundo o qual os médicos de família podem ser penalizados se tiverem utentes que recorram a IVG] pode ter um efeito perverso na tentativa de se atingir resultados favoráveis, levando a reduzir o acesso à IVG e fazendo com que os médicos sejam tentados a interferir numa escolha que não é sua.

Isabel Santos e outras especialistas em Medicina Geral e familiar, “Público” (sem link)

 

Para grande parte da direita, o bem comum só pode ser entendido como o somatório do bem-estar dos indivíduos mas não como valor coletivo.

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[A direita acredita] que o mercado à solta funcionará tão bem que a riqueza que vai gerar chegará para todos.

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As questões ideológicas estão em crise e há cada vez mais pessoas que se declaram fartas da dicotomia.

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Só que nunca se encontrou uma forma de lhe fugir. Os problemas têm quase sempre uma tradução de classe.

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O melhor a que se conseguiu chegar, a nível global, foi precisamente às sociais-democracias do norte da Europa.

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Quando falamos de esquerda e de direita, falamos de propostas para melhorar as condições de vida das pessoas numa democracia liberal e no mercado.

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Uma grande parte dos jovens portugueses parece inclinar-se para soluções de direita como resposta às suas preocupações.

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[Assiste-se a uma] adesão a uma versão radical da diminuição de carga fiscal; alheia às necessidades do Estado social de que beneficiaram e ainda beneficiam.

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Houve aqui uma mudança: a maior parte da juventude tendia à luta, às vezes também radical, contra a precariedade, e contra os salários baixos.

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A esquerda hoje surge como proposta para atenuar as consequências do funcionamento dos sistemas liberais.

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A esquerda apresenta-se como lutando contra o liberalismo, mas o que faz é torná-lo suportável. É a esquerda que o salva do fracasso absoluto, que o corrige, que o compõe.

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O liberalismo apresenta-se como lutando contra a esquerda mas precisa dela para se proteger daquilo que cria.

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O radicalismo que ela [esquerda] hoje consegue apresentar fica aquém da regular social-democracia da década de setenta.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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