quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (37)

 
Creio que há alguma coisa a dizer em defesa da dignidade desta mobilização [leia-se greve dos professores].

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Essa dignidade saiu à rua no sábado, sob o mote levantado pela multidão: "Professores a lutar também estão a ensinar.”

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Este barril de pólvora [crise existencial da escola e o problema estrutural da falta de docentes] tem muitas causas, mas a sua explosão recente resulta simplesmente da incapacidade do PS.

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O ministro da Educação, aceitando finalmente negociar, não deixou de colocar na mesa propostas que sabia serem inaceitáveis. 

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A falta de professores nas escolas não se deve às greves. Deve-se a um Governo que desistiu de resolver os problemas.

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O alerta que finalmente soou é o mais importante fator de esperança para a Escola Pública.

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As costas dos professores são largas, mas não chegam para carregar as culpas do fracasso do Governo. 

Joana Mortágua, “Público” (sem link)

 

Não é por expulsar pessoas de um território e ameaçar com prisão os “drogados” (…) que se resolvem problemas sociais.

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Quando Portugal criminalizava o consumo [de drogas] este era mais problemático e eram maiores os problemas de segurança e de saúde públicas.

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O tráfico [de droga] nunca deixou de ser crime em Portugal.

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E o consumo na rua é hoje proibido e punível por lei.

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[A proposta de Rui Moreira] é um puro statement político a favor do regresso ao modelo da criminalização. Só que esse modelo já foi experimentado.

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Durante décadas, Portugal tratou o problema da droga como uma questão de polícia e de prisão. Os resultados foram um fiasco. 

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Canalizar as forças policiais para a repressão dos utilizadores desviava a ação policial do combate aos traficantes e impedia uma abordagem às vítimas do consumo centrada na saúde.

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Do ponto de vista legal, a grande transformação operada [em 2000] foi precisamente a descriminalização do consumo.

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[O consumo] passou a ser tratado como um problema de saúde pública, deixando à polícia o fenómeno do tráfico.

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O modelo português foi um exemplo mundial, ainda hoje elogiado e tomado como referência.

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Desde então, a população afetada pelo fenómeno decresceu para menos de um terço, diminuiu-se na mesma proporção os consumos problemáticos, caiu a pique a infeção por HIV, hepatite ou tuberculose relacionada com drogas injetáveis.

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As mortes por overdose são sete vezes menos do que eram.

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A criminalidade e o sentimento de insegurança foram também drasticamente reduzidos.

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Os que defendiam o modelo da criminalização do consumo foram derrotados pelos factos.

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Que o PS, partido que, com o Bloco, esteve profundamente comprometido com a mudança de paradigma que ocorreu em Portugal, [tenha votado] favoravelmente a proposta de [Rui] Moreira, é chocante.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Repetindo exatamente a cartilha da anterior maioria absoluta do PS, o Governo faz da escola o seu palco de batalha contra o sindicalismo.

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Acrescentou-se ainda uma novidade mais recente, que é a repressão salarial.

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[Pode começar] uma ronda negocial com sindicatos de professores, mas quem manda e faz questão de lembrar que manda, as Finanças, nem precisa de se sentar na mesa para informar que não vale a pena o diálogo.

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O Governo anuncia ceder no modelo de recrutamento. Mas cuidado com as letras pequenas.

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O Governo mais depressa finge ceder do que aceita ajustar o seu plano. 

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A vinculação só funcionará se abranger todas as pessoas contratadas, um quarto do total dos professores.

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Só haverá professores na escola com progressão.

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O recrutamento, a vinculação e a progressão dependem simplesmente do fim da repressão salarial, incluindo do sequestro do tempo de serviço. 

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[O ministro das Finanças] percebeu tudo e por isso quer evitar que seja no salário que se comece a desfazer o novelo da crise da educação.

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[É curioso que seja] o governo de Portugal o tão bom aluno que continue a fazer da redução do poder de compra o alfa e o ómega da sua política. 

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Não esquecer as outras profissões da escola. 

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[O Governo] começou a perceber que tem pela frente uma massa de gente zangada e que não se deixará levar.

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É melhor que sinta que agora é tempo exigente em que todas as questões essenciais da vida das escolas têm de ser resolvidas.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Estas lutas [dos professores] têm um longo lastro histórico que começa sobretudo com o Governo Sócrates I (2005-2009), com maioria absoluta.

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É falso que os professores não quisessem ser avaliados, rejeitavam isso sim a avaliação nos moldes burocráticos e enviesados então propostos.

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A relação dos professores com o PS ficou irremediavelmente beliscada, até porque as "guerras" dos governos do PS com os professores continuaram.

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No primeiro Governo de António Costa (2015-19), em aliança com a esquerda radical, foram repostos os cortes de salários e pensões, mas, no setor público, excetuando uma categoria profissional, ninguém teve qualquer aumento salarial
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E ficou célebre mais uma "guerra" do Governo do PS (Costa I) com os professores, que incluiu ameaça de demissão e tudo, impedindo a justa contagem do tempo de serviço aos professores (os célebres 6 anos, 6 meses e 23 dias, ostensivamente ignorados na carreira dos professores.

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Ficou escancarada a dualidade de critérios do Governo PS, no tratamento dos servidores públicos, e uma nova "guerra" com os professores.

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Os professores ganham tão mal (uma amiga dizia-me: ao fim de 25 anos, vinculada, ganha 1400 brutos), sejam os do quadro, sejam sobretudo os contratados.

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Sabemos bem, no ensino superior, o que são os recrutamentos por perfis: editais com fotografia permeáveis ao nepotismo e ao clientelismo.

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É fundamental termos professores bem pagos, com estabilidade no emprego e com carreiras com efetivas condições de progressão.

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E o ano de 2023 afigura-se igualmente desastroso, sobretudo para as classes médias assalariadas mais qualificadas.

André Freire, “Público” (sem link)


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