(…)
Ninguém melhor
contribui para esta lenta degradação do que o primeiro-ministro, que permite
tudo na expectativa de que o caso seguinte apague o anterior.
(…)
Não aplaudo que agentes
da justiça façam chamar “buscas” à recolha de atas de uma assembleia municipal.
(…)
Essas técnicas
alimentam a irritação dos magistrados que querem justiça e também as teorias de
conspiração.
(…)
Os problemas estão
mesmo no Governo. Do uso de 300 mil euros para pagar a renda de um pavilhão
inexistente em terreno inexistente só é responsável o autarca que foi escolhido
para braço direito de Costa na coordenação do Governo.
(…)
De uma deputada
portuguesa, secretária nacional do PS, ter ao mesmo tempo atuado como lobista
oficial da REN no Parlamento Europeu.
(…)
[Costa] antecipa que
outros membros do Governo serão arguidos em processos e está a prevenir o
prejuízo. Isto vai piorar.
(…)
Estava escrito: é assim
mesmo uma maioria absoluta.
(…)
É o sistema mais
instável e perigoso, pois revela imediatamente como funcionam estes partidos e
retira baias aos seus governantes.
(…)
Uma maioria absoluta
acha-se a palavra absoluta.
(…)
E a imposição
autoritária do empobrecimento.
(…)
Governo não quer
resolver o problema da educação, só cede nos escalões aos professores precários
por ser obrigado por Bruxelas.
(…)
[O Governo] resiste a
um SNS com carreiras profissionais dignas e basta-se com remendar os rombos que
vai criando.
(…)
[O Governo] destrói
qualquer política de habitação promovendo a especulação.
(…)
Ou seja, a maioria
absoluta, no discurso e na política, é um perigo.
(…)
[Onde há um problema, o
questionário que é uma farsa resolve], foi sempre tudo uma farsa para afogar em
moralismo a crise do dia anterior.
(…)
Assim, a maioria
absoluta já só se disfarça para deixar passar o tempo.
(…)
A maioria absoluta,
como tinha que ser, serviu para paralisar o país.
(…)
[Mas] o que há de novo
em 2023 é que o choque da realidade traz multidões para a rua.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Um
palco que custa mais de cinco
milhões de euros, por amor de Deus.
(…)
É muito dinheiro,
sobretudo para construir um palco que se destina à realização de um evento num
país que não é certamente rico e em que uma parte significativa da população
vive mal.
(…)
Esta
semana, Carlos Moedas afirmou que a responsabilidade pelo custo do
palco é da Igreja.
(…)
Mas
como pode ser responsabilidade da Igreja, se é o erário público a pagar?
(…)
[O
patriarcado] negou ter quaisquer responsabilidades na solução encontrada.
(…)
Também
informou que Marcelo
Rebelo de Sousa estava a par da situação, ao contrário do que o próprio
tinha avançado.
(…)
Existiu um primeiro
esboço, do anterior executivo camarário, que tinha um custo estimado de pouco
mais de um milhão de euros.
(…)
Ainda em maio do ano
passado, a CML tinha um projeto para o palco em questão com uma estimativa de
custos de três milhões.
(…)
Está tudo a postos.
Como já não há tempo para concursos, terá de ser mediante ajuste direto e assim
daremos início a mais uma construção megalómana.
(…)
As
pessoas não estão contentes com estes números e os políticos sacodem a água do
capote.
(…)
Arrisco dizer que este
Papa não seria favorável a um despesismo desta natureza num contexto em que
milhões de pessoas vivem dificuldades para pagar a renda, ou a prestação, da
casa, a fatura da eletricidade e a própria alimentação.
(…)
O
documento [“Evangelii Gaudium”] é o programa do Papa Francisco para a Igreja e foi o
próprio que o considerou assim.
(…)
Trata
de reformas dentro da Igreja e de mudanças na sociedade, capitalista e de
consumo, que o Papa critica duramente.
(…)
[Escreveu Jorge Mario Bergoglio
que] não
estamos aqui perante a habitual visão assistencialista aos pobres, mas sim
perante uma proposta revolucionária dirigida a todos os crentes: a de se
posicionarem ao lado dos pobres.
(…)
[O Papa vai pousar numa estrutura] cujo custo serviria para fazer
a diferença na vida de muitas pessoas e que representa o paradigma oposto
àquele que o mesmo defende.
Carmo
Afonso, “Público” (sem link)
A parcimónia veste muitos sinais e materializa-se em diversas
formas. Uma delas, na dimensão do exemplo.
(…)
O que está em causa no custo do palco [onde o Papa celebrará
a missa final da Jornada Mundial da Juventude] ultrapassa em muito o acessório:
funda-se no absurdo.
(…)
Não há argumento que sustente um despesismo deste tipo numa
estrutura funcional e (por mais que o neguem) não permanente, muito menos num
palco, lugar de nobreza e arte, trabalho e representação do Mundo.
(…)
Tal como está a ser encarado, [o altar-palco] é um bem
supérfluo ou de ostentação, a própria jóia da coroa que se sobrepõe ao título
e, que se sabe, a dimensão espiritual do Papa Francisco não permite usar.
(…)
Curiosamente, a Igreja Católica parece ser a menos culpada de
uma escolha que se reconduz a uma opção eminentemente política e económica.
(…)
Que se envolva, tanto quanto possa, na identificação de
contradições insanáveis entre o exemplo e a demonstração.
[Em pleno século XXI], o grande exército dos negacionistas de
tudo (de Darwin a Galileu, dos factos à democracia) inventou no século XXI a
“morte súbita” como orgasmo argumentativo para a sua sanha contra as vacinas.
(…)
Segundo os rumorejar
das redes sociais, a morte súbita de gente mais ou menos jovem sem problemas de
saúde seria em resultado das vacinas contra a covid.
(…)
São tantos os arautos
das conspirações, messias só de nome, que houve até um que chegou a Presidente
no Brasil para combater a invasão comunista que ele próprio inventou.
(…)
Não viesse um ressuscitado
cefalópode político [leia-se Lula da Silva] para o tirar do cargo e quem teria
morrido era a democracia brasileira: subitamente e com estrondo.
António
Rodrigues, “Público” (sem link)
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