sábado, 21 de janeiro de 2023

MAIS CITAÇÕES (216)

 
Os mesmos que agora demonstram uma enorme com­preensão com a indignação dos docentes criticaram, na altura (2019), a irresponsabilidade de lhes querer dar o que lhes era devido.

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Mas a estabilidade política paga-se, às vezes, em instabilidade social no futuro. 

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Os professores têm direito aos seis anos e meio perdidos.

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O desprezo dos Governos pelos professores alimentou o ressentimento.

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Depois de anos a serem tratados como burros de carga, é natural que os professores não estejam muito disponíveis para a autonomia das escolas, que tem de passar pela autonomia contratual.

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A experiência faz a consciência. 

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20% dos professores são precários e podem demorar quase duas décadas a aceder ao quadro, vinculando-se, em média, depois dos 46 anos e com mais de 16 anos de serviço. 

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Como a evolução na carreira é afunilada burocraticamente no 5º e 7º escalões, o topo é uma miragem mesmo para bons professores. 

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[A explosão de protesto] também resulta de um sistema burocrático e pesado que foi fazendo vítimas e criando ressentimentos

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O roubo das carreiras e o atual mecanismo de colocação dos professores têm provocado silvos saídos de uma panela de pressão que está prestes a explodir. 

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Durante as duas últimas décadas, à direita e no PS, as exigências da Fenprof foram tomadas como sinal de intransigência e radicalismo.

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 Todos os Governos, incluindo os de esquerda, passaram as últimas décadas a tirar poder ao sindicalismo.

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Agora, têm de lidar com explosões mais difíceis de gerir.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A palavra “respeito” tem tido um papel relevante no protesto dos professores, representando um pedido e um protesto que está muito para além das reivindicações salariais e de carreira.

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Há poucas décadas, a escola competia com a família na socialização dos alunos e, nalgumas áreas mais pobres, competia com a rua.

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Havia nas escolas o que sempre houve, uma considerável violência e, também como sempre, não era a mesma coisa viver numa casa com livros, com espaço e razoável conforto, ou num bairro degradado, pobres no meio de pobres.

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A educação reproduzia as desigualdades sociais, embora fosse ela própria um dos raros mecanismos de elevador social num país muito desigual.

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Tudo isto era tão antigo e tão denso como era o nosso atraso nacional.

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Sobre este fundo veio a “tempestade perfeita” que ameaça seriamente o papel da escola, incapaz de competir com uma ecologia social cada vez mais hostil, que põe em causa a capacidade da escola de ser um factor eficaz de socialização, já para não falar de aprendizagem.

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Ninguém sabe disso melhor do que os professores.

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Por isso, têm razão em pedir “respeito”, se o sentido desse pedido implicar a enorme dificuldade que hoje é ser professor e o reconhecimento que a sociedade lhes deve.

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Muitos professores já foram “educados” na mesma ecologia que torna os seus alunos impossíveis de educar.

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O problema complementar é que muitos pais são exactamente iguais.

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Há muito poucos factores qualitativos a “puxar para cima”, mesmo que fosse pouco, o que já seria uma enorme vantagem.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Para surpresa de muita gente, Fernando Medina apareceu esta quinta-feira, sem qualquer hesitação, a assumir a responsabilidade pela escolha de Joaquim Morão para fazer o que fez (ou não fez) na Câmara de Lisboa.

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Não tinha qualquer espécie de formação em “monitorização” de obras.

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Os responsáveis [pela Câmara de Lisboa] resolveram, no meio da trapalhada que o Ministério Público está a investigar, ir buscar o homem de Castelo Branco. Porquê?

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Só se sabe que ele era um ex-bancário que se tinha tornado uma figura grada do velho PS.

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De onde terá vindo então a ideia de esquecer os mil e um quadros superiores da Câmara e ir buscar o cacique de Castelo Branco para “monitorizar” as obras de Lisboa.

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Quem mandava directamente nas obras da cidade desde o final de 2007 era o arquitecto Manuel Salgado.

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Foi ao atelier de arquitectura de Salgado, (…), que o mesmo Morão, então autarca de Castelo Branco, adjudicou um concurso público de 194 mil euros lançado no início de 2008.

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Foi ao mesmo atelier que, em 2012, a pretexto de discutíveis direitos de autor, Morão adjudicou sem qualquer concurso um outro contrato de 179 mil euros.

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E o seu sucessor ainda lhe adjudicou, na mesma lógica, um terceiro e um quarto (…)

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Tudo, num total de 446 mil euros.

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[Fernando Media veio agora] dizer que a escolha de Morão foi dele. Terá sido mesmo?

José António Cerejo, Público” (sem link)

 

No maniqueísmo de que se alimentam as teses neoliberais, tudo o que é planeado distorce o sagrado mercado. 

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Planeamento não é algo que só incumba ao Estado, mas não existe boa governação sem ele.

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O objetivo do planeamento democrático é o desenvolvimento humano na sua plenitude social económica e política. 

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Ao contrário do que parece, o neoliberalismo não dispensa o planeamento. Contudo, pratica-o de forma sorrateira e incremental. 

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Por fim, tudo é transformado em mercado: até o "combate à pobreza".

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No planeamento neoliberal, ao contrário do que acontece no planeamento democrático, não há espaço para salvaguardar os direitos laborais, sociais e democráticos.

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Sem rumo, o Estado perde-se na negociação com interesses poderosos.

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O Governo tem de abrir os olhos para a realidade, e assumir que para termos um bom futuro temos de tratar eficazmente o presente.

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Há que garantir a participação dos portugueses nos processos de deliberação pública e barrar caminho a compadrios de qualquer tipo.

Carvalho da Silva, JN

 

É certo que a promiscuidade entre política e interesses materiais é tão antiga quanto a história humana, pelo menos, como demonstrou Friedrich Engels, desde a formação das classes sociais.

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Um exemplo da relação perniciosa entre política e negócios é aquele que reúne aquelas carreiras políticas que, após algum tempo de exercício, dão lugar, muitas vezes no resto da vida ativa, a importantes cargos na administração de empresas públicas ou privadas.

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Em algumas situações, aliás, esta relação inicia-se ainda durante o exercício deste cargo, embora a ligação raramente seja visível. 

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Os proventos dos que a ela se entregam funcionam então como acréscimo aos que auferem pelo cargo, residindo aqui a fonte do seu rápido e desmesurado enriquecimento.

Rui Bebiano, “Diário as beiras”


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