quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (38)

 
[Tal como já aconteceu noutros países] também Portugal deve proibir a venda de casas a não residentes.

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[É preciso] travar a transformação de casas em mercadorias de valorização do capital financeiro, em vez de lugares para habitar.

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Em 2022, os preços das casas atingiram um novo recorde em Portugal.

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É preciso travar um processo especulativo conduzido pelo capital internacional. 

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O nosso país tornou-se um inferno para quem procura casa para viver.

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Na última década, os preços das casas em Portugal aumentaram 80% e as rendas quase 30%.

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Cada vez mais, é impossível a quem receba um salário médio arrendar uma casa nos principais centros urbanos.

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É o efeito combinado de décadas de políticas que entregaram a habitação ao mercado liberalizado.

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[Proibir a venda de casas a não residentes] pode ajudar, particularmente se combinada com outras políticas corajosas que estão em falta.

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A percentagem de habitação pública na Europa é de 15%. Em Portugal, continuamos com uns míseros 2%.

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Se continuarmos a não ter respostas urgentes, o desespero vai generalizar-se.

José Soeiro, “Expresso” online

 

O projeto [chamado CelZa] serve principalmente para expandir a infraestrutura de gás fóssil na Europa e em Portugal.

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O segundo objetivo é favorecer os interesses dos acionistas da Galp, da EDP e da REN em particular, criando um novo negócio que é queimar gás para produzir hidrogénio para exportação.

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Um terceiro objetivo é criar desde já a capacidade de exportar eletricidade produzida a partir de renováveis, apesar das mesmas não conseguirem sequer suprir as nossas necessidades elétricas atuais.

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[Este projeto] não reduz nem faz parte de qualquer plano de eliminação de combustíveis fósseis.

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Em nada contribui para a eletrificação da economia em Portugal.

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Produz inovação no sentido de perverter estímulos à descarbonização para entregá-los às empresas fósseis.

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Nada acrescenta em termos de segurança energética.

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Todas as cidades, aldeias e campos no percurso por onde passará este gasoduto não terão qualquer benefício e, pelo contrário, ocorrerão expropriações, destruição e devastação.

João Camargo, “Expresso” online

 

O teatro é representação e se passasse a ser a apresentação das vidas das atrizes seria outra coisa, mas não seria teatro.

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Quem representa disfarça-se, veste roupas que não são suas, usa a voz da personagem, representa sempre outra pessoa – sempre.

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Mas a única forma de combater no campo da arte tais diferenças de poder é criar representações que façam o público viver essas dimensões.

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O que o teatro, o cinema e a música mostraram – sendo lugares de poder e o poder discrimina – é que há arte que pode vencer essa barreira.

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Se a arte, já tão atingida pelas censuras, pelo controlo económico, pela seleção social, pela ideologia dos poderes, aceitasse deixar de desafiar todos esses poderes e abdicasse de representar tudo o que é humano, toda a gente perderia uma parte essencial da sua vida.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

Usar a tragédia de pessoas [toxicodependentes] como pano de fundo para a promessa de as punir ilustra a ausência de mínimos de sensibilidade humana.

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Quanta simpatia pensa [Rui] Moreira ter lucrado com a utilização da desgraça e da doença para defender uma via securitária? Bastante, provavelmente.

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A proposta lá avançou. Rui Moreira quer regressar à abordagem do passado, tratando não apenas o pequeno tráfico, mas o consumo público, como crime. 

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A solução inútil, com provas dadas da sua inutilidade, é a mão pesada. 

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Fica claro, pelo balanço que [Rui Moreira] faz da lei [num artigo], que quer regressar ao passado muito para lá da via pública.

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Moreira quer o que sempre quis: popularidade fácil.

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Qual a opinião da IL, que apoiou Moreira e tem autarcas à sua boleia, sobre esta posição? 

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O consumo de drogas foi descriminalizado em Portugal, em 2000, entrando a lei em vigor em 2001.

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Em vez de delinquente, o dependente é tratado como um doente.

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O número de pessoas em programas de desabituação subiu, numa década, quase 50%. Os utilizadores de heroína passaram de 100 mil, em 2001, para 25 mil, em 2017. 

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Os óbitos por overdose caíram em mais de 85%. Em 2017, a mortalidade por overdose era a mais baixa da Europa Ocidental.

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São os próprios protagonistas desta mudança a defender que é preciso melhorar muito o que se fez.

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Sempre temi que chegasse o momento em que um populista usasse a tragédia para, em vez de melhorar (…), deitasse tudo a perder.

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[Rui Moreira] já muitas vezes nos revelou este seu traço político, geralmente com bons resultados para si mesmo.

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Como o populismo assusta, dois deputados do PS (…) votaram a favor de uma recomendação para recuar. 

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São quase sempre os oportunistas e os medrosos que se agacham perante eles [os extremistas].

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Segundo o The Guardian, saíram do mercado de drogas ilegais, graças à lei portuguesa, cerca de 400 milhões de euros.

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Discursos a pedir mão pesada contra consumidores nunca tiraram um grama de droga da rua.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

Enquanto jovem de 22 anos, é matematicamente óbvio que não vivi a Revolução do 25 de Abril de 1974.

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[Não sou] contra revolucionários, mas porque a necessidade dos mesmos existirem pressupõe a inexistência de liberdade.

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A minha geração teve a sorte de herdar apenas os valores de Abril e não a luta de Abril.

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A minha geração teve a sorte de não viver em ditadura, apenas de a estudar e de ouvir falar dela através dos membros mais velhos da família.

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Portugal era um país atrasado, sem liberdade, sem desenvolvimento económico, com péssimas taxas de literacia e educação, com condições de habitação indignas para a maioria da população, sem inovação científica relevante para o melhoramento dos cuidados de saúde.

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O 25 de Abril, ainda que nos anos consequentes tenha gerado instabilidade — natural de qualquer período pós-revolucionário —, trouxe um novo mundo a Portugal.

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Abril está também nesta crónica; está em quem discordar dela.

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Cabe agora à minha geração garantir que não caminhamos para trás. Resta-nos apenas uma tarefa, ainda que hercúlea: defender a democracia e a liberdade.

Luís Rodrigues, “Público” (sem link)


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