sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

CITAÇÕES

 
[Segunda-feira] não tive aulas, porque todos os meus professores estavam, em frente à escola, em protesto.

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Não podia deixar de estar solidária. Qualquer aluno que acredite na escola pública, está, ou pelo menos deveria estar, solidário.

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E, acima de tudo, mais importante do que qualquer outra coisa, solidário com o serviço público.

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[A minha mãe] acredita profundamente, como muitos, no serviço público. No entanto, depois de 30 anos de uma carreira valorosa, recorda o congelamento do salário, da carreira e a sujeição a normas injustas.

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Tenho 16 anos. Em breve terei 18. Acredito, enquanto jovem e enquanto futura contribuinte, que um dos pilares da construção de um estado é o serviço público.

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Pergunto-me como me posso tornar uma cidadã de pleno direito, num país que caminha para a desvalorização extrema do serviço público.

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Segunda-feira passada não tive aulas em homenagem ao serviço público.

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[Um dia de aulas] acima de tudo, em nome do futuro do meu país.

Rebeca Martins, “Público” (sem link)

 

Desde então [assinatura do Tratado de Adesão às Comunidades Europeias], a Europa tem representado para sucessivas gerações de jovens portugueses uma fonte de oportunidades pelos contributos económicos, educacionais, sociais e culturais que representa.

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Desde a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, é inegável a melhoria global das condições de vida dos portugueses, particularmente dos grupos mais vulneráveis.

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Para os diferentes grupos profissionais que lidam com os grupos mais vulneráveis, a Europa tem representado um auxiliar formativo importantíssimo.

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[Portugal] deslocou o modo de combater a pobreza de um paradigma baseado eminentemente na assistência imediatista e caritativa dos cidadãos para um patamar superior de acção social, centrada nos direitos humanos.

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Contudo, 38 anos passados há muito por cumprir, designadamente quando se pensa na acção junto dos grupos etários mais jovens, e em particular quando falamos dos grupos de crianças mais vulneráveis às situações de pobreza e de exclusão.

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Os relatórios anuais apresentados pela rede europeia Eurochild propõem-se analisar a situação dos direitos da criança nos diferentes países europeus.

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Aqui encontramos uma ferramenta auxiliar para conhecer o que se tem feito em países como Portugal no que à promoção dos direitos da criança no quadro da Europa diz respeito.

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À data da elaboração deste relatório [“(In)visible Children – Eurochild 2022 Report on Children in Need Across Europe”], 12 estados-membros da União, entre os quais se inclui Portugal, ainda não tinham apresentado os seus planos de acção nacionais para a Garantia para a Infância, que deveriam ter sido apresentados até Março de 2022.

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O FSE + permite, entre outros, grandes investimentos em programas que apoiam os direitos da criança e a luta contra a pobreza infantil num contexto actual.

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Portugal representa há longo tempo um caso particularmente sensível nestas matérias, com a agravante de em 2021 a pobreza das crianças ter aumentado para 22,9%.

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É essencial que o Governo garanta com clareza, por todos os meios e com a maior celeridade possível, que a prevenção e o combate à pobreza infantil e à exclusão social são uma prioridade nacional.

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[Quanto à situação do sistema nacional de acolhimento de crianças e jovens] a ausência de uma estratégia clara para a desinstitucionalização de crianças e jovens é preocupante.

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As recomendações globais da Eurochild e dos seus membros aos governos dos estados europeus relativamente às várias situações nacionais são oito.

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Promover o acesso à educação pré-escolar e os cuidados na primeira infância, sobretudo às crianças em maior risco de pobreza e de exclusão social.

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Investir de modo a oferecer acesso gratuito e igualitário de serviços de saúde, designadamente na área da saúde mental. 

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Lançar programas de alimentação gratuita nas escolas e melhorar as iniciativas de acesso à habitação social e a medidas de protecção social.

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Proteger os direitos das crianças online offline

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Reconhecer as crianças como agentes de mudança por direito próprio.

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Superar as dificuldades de acesso aos fundos europeus.

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A Europa progrediu na promoção da desinstitucionalização, excepto em países como Portugal.

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Colocar os Direitos da Criança no centro do Ciclo do Semestre Europeu.

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Falta ainda cumprir muito do Portugal prometido pelos pais da adesão à então CEE.

Sérgio Costa Araújo, “Público” (sem link)

 

A inteligência artificial (IA) e a automação dos processos de certificação, distribuição e controlo dos apoios sociais estão a assassinar a Segurança Social — e o crime já avançou muito caminho.

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A transformação dos serviços de Segurança Social pela automação conduzida pela IA já tem vários anos e tem progredido rapidamente.

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Como a máquina tem sempre razão e, em qualquer caso, o seu poder é absoluto, nem se incomoda com as consequências da sua decisão.

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[O jornal britânico “The Guardian”] descobriu que, na Austrália, a automação dos subsídios de desemprego elevou as suspensões de pagamento de 2018 para 2019 de 1,5 para 2,7 milhões de casos. 

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Isso excluiu 55 mil pessoas sem-abrigo (estavam registadas 60 mil) e 85% das mães solteiras com crianças de menos de cinco anos.

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No mesmo país, o escândalo da “robô dívida” comprovou que o Fisco estava a reclamar dívidas inexistentes, o algoritmo estava errado.

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No Michigan, Estados Unidos, foi introduzido em 2013 um sistema automatizado no apoio aos desempregados, que nesse ano excluiu cinco vezes mais pessoas do que em 2012. 

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No Illinois, milhares de pessoas foram intimidadas pela máquina a pagar 30 anos de dívidas fiscais que não existiam.

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A distopia digital é por isso estudada em organizações sem poder de coerção, mas que controlam informação pessoal e podem reconfigurar as redes de sociabilidade.

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O conformismo perante o poder algorítmico se tornou a forma deste pesadelo distópico.

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As máquinas de IA decidem e só nos resta aceitar.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

A não aplicação do questionário de escrutínio aos actuais governantes é, a todos os títulos, injustificável, sobretudo se atendermos às razões que presidiram à sua criação.

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Rejeitar a aplicação do inquérito ao actual Governo é uma dupla prova de ineficácia, pelo que sublinha sobre a sua ineficácia e pelo que demonstra sobre a sua irrelevância.

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A salvaguarda da confiança dos cidadãos nos seus eleitos é um bem escasso e exige respeito pela universalidade dos meios escolhidos para a defender.

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[O questionário] nasce desenquadrado de uma política mais vasta de transparência no acesso a cargos públicos, de regulamentação do lóbi, fim das portas giratórias e do combate às incompatibilidades e à corrupção.

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Mas se [o questionário] é um manual de auto-ajuda, elucidação e consciência em causa própria, pelo menos que não fujam dele.

Miguel Guedes, JN


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