(…)
Um
olhar atento sobre os factos mostra como governos que se inflamam na defesa
retórica da ordem internacional fundada em regras frequentemente violam as
regras mais elementares dessa ordem.
(…)
Vejam o que se está a passar com o Sara Ocidental.
(…)
Em
fins de 2020, a Administração Trump declarou reconhecer
a soberania do ocupante marroquino sobre aquele território, violando
flagrantemente as regras básicas do direito internacional.
(…)
Dois anos depois, o Governo de Madrid decidiu
seguir os passos de Trump.
(…)
A
regra elementar do direito dos povos à autodeterminação foi flagrantemente
preterida pelas conveniências do jogo político e da diplomacia dos negócios.
(…)
Dois anos mais e temos agora Macron a imitar
Sánchez.
(…)
Defesa
inflamada no caso da Ucrânia, silêncio cúmplice no caso da Palestina,
alinhamento com o trumpismo no caso do Sara Ocidental.
(…)
O Sara
Ocidental é a última colónia que ainda não alcançou a sua liberdade e o único
caminho para cumprir as regras básicas do direito internacional é levar a cabo
um referendo de autodeterminação.
(…)
Vai o
Governo português defender coerentemente a ordem internacional fundada em
regras ou vai afinar pelo diapasão trumpista de Madrid e de Paris?
José Manuel Pureza, “Público” (sem link)
Joe Biden será,
possivelmente, o presidente dos E.U.A. que mais dissabores acumulou num curto
espaço de tempo.
(…)
A sua saída de cena vai
deixar um país e o mundo muito mais perigosos para viver, onde o espetro da
catástrofe espreita no horizonte.
(…)
A sua vergonhosa retirada
da corrida presidencial a um segundo mandato (…) foi fruto das enormes
pressões por parte da elite de alto escalão e de doadores proeminentes do
Partido Democrata.
(…)
Joe Biden assistiu no
início do seu mandato, sem nada poder fazer, a uma das maiores derrotas
política, militar e ideológica do império que tutelava. A queda de Cabul para
os obscurantistas talibãs, em 15 de agosto de 2021.
(…)
A velocidade com que os
talibãs ocuparam o país foi impressionante, conduzindo ao colapso em poucos
dias do exército afegão.
(…)
Nenhum dos objetivos
“libertadores” anunciados pelos EUA com a invasão do Afeganistão foram cumpridos:
liberdade e democracia, direitos iguais para as mulheres e destruição dos
talibãs.
(…)
Desde 2001 o número de
soldados norte-americanos que lutaram no Afeganistão ascendeu a 775.000.
(…)
O número de refugiados
situou-se nos 2,7 milhões, enquanto que 4 milhões tiveram de se deslocar
internamente.
(…)
Os gastos com a invasão e
ocupação do Afeganistão foram colossais, atingindo 2.226 milhões de dólares
segundo o Projeto Custo de Guerra.
(…)
Putin deu início, em
fevereiro de 2022, à invasão ilegal e criminosa da Ucrânia.
(…)
Os EUA e a NATO
aproveitaram o acontecimento para se refazerem da derrota sofrida no
Afeganistão e para se reforçarem.
(…)
Passaram a apostar numa
derrota estratégica da Federação Russa, sem importar o preço a pagar.
(…)
Joe Biden assumiu-se como
o timoneiro desta frente guerreira a caminho do Armagedão, o que ainda não foi
afastado.
(…)
Um dos legados de Joe
Biden é deixar um mundo mais perigoso, incluindo o reforço da extrema-direita,
em particular na Europa.
(…)
O outro legado de Joe
Biden – dramático, terrível e bárbaro – tem a ver com o que se passa no Médio
Oriente, mais propriamente nas terras da Palestina.
(…)
O objetivo [do estado
criminoso de Israel] é o extermínio da população de Gaza (e depois de toda a
Palestina) visando a criação de um super-Estado sionista.
(…)
O apoio e incentivo [de
Biden] tem sido total e continuou a fornecer a Israel todo o tipo de armamento.
(…)
[Os governos europeus] são
co-responsáveis e têm as mãos sujas de sangue, tal como Biden e o governo dos
EUA, pela tragédia que se vive em Gaza.
A
atual crise das urgências obstétricas vinca no espaço público uma forte pressão
sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que não é nova.
(…)
Acompanhando esta desqualificação simbólica do
SNS, assiste-se, em paralelo, a um crescimento exponencial dos seguros de
saúde.
(…)
Adivinha-se a contração do SNS até ao ponto de
se tornar um sistema de saúde apenas para indigentes.
(…)
[Há
que] defender o Serviço Nacional de Saúde (SNS), provavelmente a mais
extraordinária instituição pública que, sem o 25 de abril de 1974, não teria
sido criada.
(…)
O SNS
tem de ser protegido das forças mercantis que, direta e indiretamente,
propulsionam a sua conversão numa “oferta de práticas clínicas limitada para
indigentes”.
(…)
Há gente que resiste de dentro do sistema a
esta doce revolução mercantil.
(…)
Resistamos
também de fora,
procurando-o quando precisamos, em vez de investirmos em seguros de saúde que
subordinam a saúde pública a interesses privados de grandes grupos económicos.
João Sedas Nunes, “Público” (sem link)
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