quarta-feira, 14 de agosto de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (116)

 
Há pessoas com esse talento eufórico que dissolve fronteiras entre a arte a vida, que as faz nunca desperdiçar uma oportunidade de performance, que sabem fazer explodir cada instante propício, com uma impressionante energia vital, que são caóticas e criativas e excessivas e generosas e nos mostram como o quotidiano pode ser um abismo de vida verdadeira.

José Soeiro, “Expresso” online

 

É 6 de dezembro de 2023. Reunem-se milhares de líderes mundiais e representantes de empresas emissoras na conferência de clima da ONU que virá a ser, pela vigésima-oitava vez, incapaz de vincular uma diminuição das emissões globais.

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Centenas viajaram para o local, o Dubai, de jato privado. O mesmo meio de transporte capaz de poluir numa só viagem de Portugal para os Emirados Árabes mais que uma família média portuguesa num ano.

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Dia 6, um grupo de pessoas, eu entre elas, acorrentava os seus corpos a um jato privado em protesto à realidade acima.

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Há algo hilariante, mas nada engraçado — algo absurdo sobre denunciar as emissões de jatos privados e as decisões evidentemente letais de um grupo muito pequeno de pessoas, e encontrares-te a ti no banco dos réus.

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É suposto culparmo-nos apenas individualmente por um problema global, e ao mesmo tempo concordar que o dono de um jato privado possa poluir mais num ano de voos que uma pessoa comum numa vida inteira.

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Acabamos – pelo menos eu acabo – cada ciclo de notícias sobre clima à procura de esperança, quando esperança sem ação é um veículo sem motor.

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Daqui a 30 anos (…) vou dizer que tentei tudo, que tentámos tudo [até me acorrentei] algumas horas a um jato privado.

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Por todo o mundo a urgência espalha-se, e a normalidade pune quem soa o alarme ao invés dos culpados pela emergência.

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Há poucas semanas, no Reino Unido, cinco ativistas foram condenados (…) por recusar o deserto, por ousar tornar esta crise impossível de ignorar, como serão o fogo ou as cheias ou a fome em qualquer território.

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É agora o segundo ano consecutivo em que cada mês bate o seu recorde de temperatura, estabelecido apenas no ano anterior.

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Há uma diferença, claro, entre um jato que larga bombas para matar, e um jato privado que emite gases com efeito de estufa por luxo no meio de uma crise climática. 

Noah Zino, “Expresso” online

 

Na passada quarta-feira, o grupo Habeas Corpus — grupo de extrema-direita, obviamente anti-LGBTQIA+ e anti-feminista — partilhou nas suas redes sociais uma lista de "terroristas LGBTQIA+ (…).

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Esta lista, como seria de esperar, tem como incentivo a violência contra as pessoas que nela se encontram.

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Como já seria de esperar, a informação falsa vem sempre como sufixo das partilhas do grupo, ligando sempre a sua luta à corrupção do desvio do “dinheiro dos impostos dos portugueses”.

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Estes atos de violência vindos de grupos de extrema-direita, infelizmente, já não são novidade.

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Criam uma fixação em pessoas com uma presença pública só porque estas últimas acreditam que a orientação sexual não é um defeito nem doença, mas sim uma mera característica.

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O clima de perigo está no ar, com um sentimento de perseguição latente para quem defende, meramente, o direito a amar quem se ama, independentemente do género.

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A orientação sexual não é contagiosa. Não se pega, não se ensina.

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Não é por uma criança ler um livro em que há um casal gay que se torna gay.

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Não existe lobby homossexual

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O que há, sim, é um lobby de grupos anti-LGBT e anti-feministas que propagam e incentivam o ódio tendo como desculpa “a proteção das crianças”.

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Uma coisa é certa, se uma criança LGBTQIA+ nascer numa família que é anti-LGBTQIA+, a possibilidade dessa criança passar na sua vida por uma tremenda dor é garantida.

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A estrondosa maioria da representação de amor nas novelas, nos livros, é heterossexual. 

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O amor não é menos válido por não ser heterossexual.

Clara Não, “Expresso” online

 

O capitão Paul Watson percorre há décadas de forma incansável os mares do mundo para defender as baleias.

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A caça à baleia foi oficialmente proibida desde a entrada em vigor de uma moratória adoptada pela Comissão Baleeira Internacional (CBI), em 1986.

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[A CBI] já terá, até hoje, ajudado a salvar mais de 5000 cetáceos!

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Actualmente, apenas três países estão determinados a não cumprir a moratória: a Islândiaa Noruega o Japão

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O Japão já foi condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça, em 2014, pelas suas actividades baleeiras.

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O famoso capitão, que é objecto de um mandado de captura internacional, emitido por Tóquio por "conspiração para cometer uma colisão", foi detido a 21 de Julho pelas autoridades dinamarquesas.

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A opinião pública internacional tem-se mobilizado para exigir a libertação de Paul Watson, nomeadamente através de uma petição lançada pelo jornalista Hugo Clément, que conta com mais de 700.000 assinaturas.

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A caça à baleia, bem como a perseguição que é feita aos activistas que a protegem, é cada vez mais incompreensível, uma vez que estamos perante uma actividade que não só é ilegal, como vai muito além da protecção de uma espécie.

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As estimativas indicam que a capacidade de uma baleia para capturar carbono da atmosfera é igual à de milhares de árvores.

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As baleias são parte essencial de uma solução para a crise climática.

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A captura de dióxido de carbono é cerca de 30 a 40 vezes mais eficiente no meio marinho, no qual as baleias desempenham um papel fundamental.

Álvaro Vasconcelos, Filipe Duarte Santos e outros, “Público” (sem link)


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