(…)
Haverá um antes e um depois de Paris.
(…)
Ao tirar a cerimónia (e as competições) dos estádios, França
exibiu a fragilidade e a força da democracia, que se move no que existe, não em
construções desenhadas pelo poder.
(…)
Para fazer de Paris palco da glória democrática teve de se
suspender a vida de milhões de cidadãos, com menos respeito pelo seu quotidiano
do que se tudo acontecesse num estádio.
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A chama foi acesa por dois atletas negros. E houve muitas
drag queens e símbolos LGBT, gatilho infalível para excitar conservadores.
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A França real é chauvinista e segregada. Mas a mensagem de
Macron era mostrar que é a extrema-direita que quer a França transformada numa
pequena aldeia.
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[A simbologia da abertura dos Jogos Olímpicos] tenta
reconstruir a imagem de França, fazendo da diferença a sua orgulhosa identidade.
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Para quem acha que a ofensa com a liberdade artística foi uma
invenção woke fica o lembrete: ela une os beatos de todas as religiões há
séculos.
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Se, de Trump a Ventura, toda a extrema-direita esperneou,
Marine Le Pen calou-se.
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A democracia vive do dissenso e da autocrítica. É frágil
porque a sua regra é fragilizar o poder.
(…)
[A democracia] precisa de mais impacto simbólico,
instituições mais fortes e maior gravitas do que as ditaduras.
(…)
É por falta de espetáculo que a democracia está frágil e a
França à beira de entregar a presidência à extrema-direita? Não.
(…)
Macron é, aliás, uma boa imagem do seu fracasso, como revela
a sua impopularidade.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A macerada e traumatizada paisagem portuguesa não aguentava
mais decisões precipitadas e sem planeamento na localização de infraestruturas
públicas e o Estado fez [em 2022] o que lhe compete: encomendar a corpos
técnicos autorizados estudos que fundamentassem a escolha para a melhor
localização das centrais solares.
(…)
Apesar de o estudo ter sido feito e posteriormente ajustado,
até hoje o licenciamento das centrais solares continua a ignorar aquilo que,
por uma vez, parecia uma sucessão exemplar de etapas planeadas para a decisão
política.
(…)
As empresas promotoras de centrais solares procuram terrenos
onde lhes dá jeito, a eles e aos proprietários que lhos arrendam, sujeitando-se
apenas às tímidas Declarações de Impacto Ambiental da APA.
(…)
Estão a ser tomadas decisões gravíssimas sobre os patrimónios
natural e cultural do país num alvoroço de fim de feira.
(…)
Onde é que está o estudo do LNEG que mapeia as áreas onde é
mais conveniente ao país e ao seu futuro implantar centrais solares?
(…)
[Imagine-se que o Estado se prepara] para consentir a
instalação de mais de 750 mil painéis fotovoltaicos numa extensão de 650
hectares. Contrariando, aliás, o estudo do LNEG.
(…)
O escândalo motivou já a criação de uma plataforma cidadã e
de um movimento social em Évora e no país, para obstar a que em Graça do Divor
se cometa um erro que deixará destruição patente aos olhos das gerações futuras.
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A transição energética é que não pode ficar refém da má
qualidade das decisões governativas.
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Teremos nós de ficar condenados à asneira e ao erro?
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Vai-se continuar a teimar em decisões erradas e lesivas para
o país e para a própria adesão ao solar como fonte abundante de energia limpa?
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
O tempo pesa na Justiça e é mais insuportável quando esta não
se concretiza no tempo.
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O que se exige à Justiça é que não seja um permanente
simulacro dela mesma. Só existe Justiça quando esta se desvincula da
oportunidade.
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Por factos que remontam a 2016, escritas 11 mil páginas após
anos de inactividade inconclusiva, eis que o vulcão da Operação Tutti Frutti
dispara para todo o lado do Bloco Central, em mais um megaprocesso.
(…)
Tudo num mesmo saco, o depósito conjunto de indignidade que
até dá nome ao processo.
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Com epicentro em sete juntas de freguesia de Lisboa, o
esquema alastra ao país.
(…)
Eis uma amálgama que consegue incluir facturas falsas,
adjudicações públicas, escutas a André Ventura ou cunhas de Luís Filipe Vieira
para isenção de IMI e apoios de 200 mil euros a um campo de rugby em Belém.
De acordo com um estudo encomendado pelo
Governo do Brasil (…) deveria ser cobrado no mínimo uma taxa
generalizada a nível global de 2% aos multimilionários.
(…)
Isso
permitiria arrecadar anualmente 250 mil milhões de dólares (230,9 mil milhões
de euros) para combater a pobreza ou as alterações climáticas.
(…)
Mas é
difícil tentar convencer as maiores economias do planeta de que a justiça
tributária no mundo para ser alcançada precisa de um esforço à escala globa
(…)
O
ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, conseguiu [ainda assim] incluir na declaração final da
reunião dos ministros das Finanças do G20 a intensificação da colaboração
internacional na justiça
tributária.
(…)
Os EUA
têm mais de 800 dos mais de 2700 multimilionários do mundo segundo a Forbes
e no país onde a política necessita de angariar muito dinheiro para as
campanhas eleitorais, percebe-se por que razão o Governo é relutante em aceitar
essa proposta em ano eleitoral.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A
China é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, com poder de veto assim como os Estados Unidos, e seu apoio à
reconciliação e unidade política das lideranças palestinianas poderá vir a ser
um contra-peso importante no futuro das negociações de paz, que um dia terão
certamente de ser reativadas.
Joana Ricarte, “Público” (sem link)
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