sexta-feira, 9 de agosto de 2024

CITAÇÕES

 
Do bárbaro esfaquea­mento de três crianças em Southport nasceu uma onda de boatos, a que hoje chamamos fake news.

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O alvo foram os muçulmanos, novos judeus da Europa, que podem ser insultados e coletivamente culpados.

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[A proteção da identidade do agressor] chegou para que se espalhasse que se tratava de um imigrante indocumentado requerente de asilo que constaria de uma lista de observação de terroristas islâmicos.

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Da mentira viral nada espontânea nasceram manifestações violentas manipuladas pela extrema-direita, com ataques a mesquitas e fogo posto num hotel que abrigaria refugiados.

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[Afinal, o criminoso é] filho de ruandeses, nasceu em Cardiff e não é muçulmano.

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Quem pense que há espontaneidade nestas ondas de desinformação deve prestar atenção ao bullying sobre Imane Khelif, uma pugilista que nasceu mulher — com útero e vagina — e sempre se identificou como tal.

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O poder da mentira não resulta apenas da “polarização das nossas sociedades”. Tem nomes e responsáveis que continuam a acumular poder.

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Enquanto a Europa e os EUA resistem militarmente a Putin, entregam as suas democracias a sinistros sociopatas como Elon Musk.

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[Elon Musk] anuncia que a “guerra civil é inevitável” no Reino Unido.

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Um presságio que é um desejo, porque a expansão do seu poder depende de democracias cada vez mais frágeis. 

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No Reino Unido, jornais como o “Daily Mail” trabalham há anos para a islamofobia e o racismo. O medo é um bom negócio.

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[As ondas de fake news] resultam de uma ofensiva organizada pela extrema-direita contra as democracias.

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Há mentiras de todas as cores. A novidade são os poderosos instrumentos e a enorme quantidade de dinheiro ao serviço das mentiras de uma dessas cores. 

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O novo capital tem uma velha ideologia.

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Paralisada por dentro pelos seus inimigos, a democracia é mansa perante quem a ataca. 

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Rui Fonseca e Castro, candidato de extrema-direita às eleições europeias, avisou que ia impedir o lançamento de um livro infantil sobre identidade de género, em Idanha-a-Nova.

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Assim o fez, na companhia de “gorilas” que entraram na sala a gritar “acabou!”, como se fossem a verdadeira autoridade.

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A GNR estava à espera, mas não o deteve. Preferiu tirar a autora da sala.

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Porque a democracia sente-se fraca e teme os seus inimigos.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Enquanto houver bancos, haverá crises bancárias e escândalos a condizer.

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Lembrar-se-á assim que o Presidente Cavaco assegurava uns dias antes da falência que o banco era sólido.

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E será que se aprendeu alguma coisa? Uma vez declarada a resolução do banco, tanto o Governo como Carlos Costa vieram assegurar que a operação “não implica custos para o erário público”.

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Aquele retrato de manipulação de contas, de operações de biombo e de venda de produtos tóxicos aos clientes só pode ser compreendido no contexto de um monumento de incompetência ou adaptação por parte das autoridades, ou os dois.

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Acresce que não faltaram as denúncias sobre casos concretos. Lembre-se quem lê estas linhas do caso dos submarinos, processados pela Escom, um dos tentáculos daquele império.

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Em 2006, a polícia espanhola fez um raid no BES-Espanha numa investigação sobre branqueamento de capitais.

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Em 2010 foi a Operação Furacão em Portugal.

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Lembre-se ainda de terem sido divulgadas as conclusões de um relatório do Congresso norte-americano que indiciava uma das sucursais do BES pela ocultação da fortuna que o ditador Pinochet tinha roubado no Chile.

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Os governos e o Banco de Portugal sempre souberam.

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As autoridades políticas e de supervisão entenderam que este era o funcionamento normal do sistema financeiro, que a produção de papéis tóxicos era “inovação financeira” e que vendas a descoberto ou seguros sobre fracassos em benefício do infrator eram boas práticas.

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Este sistema foi favorecido pela desregulação, anunciada como o melhor dos mundos, era o prémio do mérito da aventura financeira.

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As almofadas de capital eram mínimas e dançava-se no fio da navalha.

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Como os bancos tendiam a ser cada vez mais alavancados, o risco era iminente.

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[Em vésperas da crise de 2008 a] alavancagem disponibilizava enormes oportunidades que exigiam a criação de instrumentos artificiosos para captarem poupanças e para alimentarem o circuito.

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A grande crise de 2008 foi precisamente o colapso de um setor da finança-sombra, a especulação imobiliária nos Estados Unidos.

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Em Portugal, tudo isso era BES.

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Descobrimos sem surpresa que em todos os governos, com uma única excepção (o de Maria de Lourdes Pintasilgo), se sentaram representantes do BES no Conselho de Ministros.

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A finança-sombra já voltou a dominar a criação de crédito e o BES foi simplesmente substituído por outros agentes.

Francisco Louçã, “Público” (sem link)

 

Entre o dia de hoje e a próxima quarta-feira é conveniente não nascer na margem sul do Tejo. 

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O afastamento supersónico de Fernando Araújo e da sua equipa, independentemente da vontade das partes, foi um erro crasso que um balanço mais alargado julgará.

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Ana Paula Martins, foi apenas um penso rápido para algo que ninguém consegue explicar: o agravamento da situação nas urgências e o desaparecimento sem combate de António Gandra, actual director-executivo do SNS.

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Em campanha, com pompa e circunstância e mais olhos do que barriga, Luís Montenegro pediu 60 dias para resolver muitos dos problemas do SNS através de um plano de emergência onde acabou por elencar 54 medidas fundamentais. 

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A política do reencaminhamento na Saúde parece estar a ser um caso sério, substituto integral de um plano de emergência incumprível.

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O processo de destruição do SNS pode ganhar velocidade à medida que cresce a dimensão do insólito, enquanto somos testemunhas de pensos aleatórios e reencaminhamento de chamadas.

Miguel Guedes, JN


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