(…)
O alvo foram os muçulmanos, novos judeus da
Europa, que podem ser insultados e coletivamente culpados.
(…)
[A proteção da identidade do agressor] chegou
para que se espalhasse que se tratava de um imigrante indocumentado requerente
de asilo que constaria de uma lista de observação de terroristas islâmicos.
(…)
Da mentira viral nada espontânea nasceram
manifestações violentas manipuladas pela extrema-direita, com ataques a
mesquitas e fogo posto num hotel que abrigaria refugiados.
(…)
[Afinal, o criminoso é] filho de ruandeses,
nasceu em Cardiff e não é muçulmano.
(…)
Quem pense que há espontaneidade nestas ondas
de desinformação deve prestar atenção ao bullying sobre Imane Khelif, uma
pugilista que nasceu mulher — com útero e vagina — e sempre se identificou como
tal.
(…)
O poder da mentira não resulta apenas da
“polarização das nossas sociedades”. Tem nomes e responsáveis que continuam a
acumular poder.
(…)
Enquanto a Europa e os EUA resistem
militarmente a Putin, entregam as suas democracias a sinistros sociopatas como
Elon Musk.
(…)
[Elon Musk] anuncia que a “guerra civil é
inevitável” no Reino Unido.
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Um presságio que é um desejo, porque a expansão
do seu poder depende de democracias cada vez mais frágeis.
(…)
No Reino Unido, jornais como o “Daily Mail”
trabalham há anos para a islamofobia e o racismo. O medo é um bom negócio.
(…)
[As ondas de fake news] resultam de uma
ofensiva organizada pela extrema-direita contra as democracias.
(…)
Há mentiras de todas as cores. A novidade são
os poderosos instrumentos e a enorme quantidade de dinheiro ao serviço das
mentiras de uma dessas cores.
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O novo capital tem uma velha ideologia.
(…)
Paralisada por dentro pelos seus inimigos, a
democracia é mansa perante quem a ataca.
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Rui Fonseca e Castro, candidato de
extrema-direita às eleições europeias, avisou que ia impedir o lançamento de um
livro infantil sobre identidade de género, em Idanha-a-Nova.
(…)
Assim o fez, na companhia de “gorilas” que
entraram na sala a gritar “acabou!”, como se fossem a verdadeira autoridade.
(…)
A GNR estava à espera, mas não o deteve.
Preferiu tirar a autora da sala.
(…)
Porque a democracia sente-se fraca e teme os
seus inimigos.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
Enquanto houver bancos, haverá crises bancárias
e escândalos a condizer.
(…)
Lembrar-se-á assim que o Presidente Cavaco
assegurava uns dias antes da falência que o banco era sólido.
(…)
E
será que se aprendeu alguma coisa? Uma vez declarada a resolução do banco,
tanto o Governo como Carlos Costa vieram assegurar que a operação “não implica
custos para o erário público”.
(…)
Aquele
retrato de manipulação de contas, de operações de biombo e de venda de produtos
tóxicos aos clientes só pode ser compreendido no contexto de um monumento de
incompetência ou adaptação por parte das autoridades, ou os dois.
(…)
Acresce
que não faltaram as denúncias sobre casos concretos. Lembre-se quem lê estas
linhas do caso dos submarinos, processados pela Escom, um dos tentáculos
daquele império.
(…)
Em 2006, a polícia espanhola fez um raid no BES-Espanha numa investigação sobre branqueamento de
capitais.
(…)
Em 2010 foi a Operação Furacão em Portugal.
(…)
Lembre-se
ainda de terem sido divulgadas as conclusões de um relatório do Congresso
norte-americano que indiciava uma das sucursais do BES pela ocultação da
fortuna que o ditador Pinochet tinha roubado no Chile.
(…)
Os governos e o Banco de Portugal sempre
souberam.
(…)
As
autoridades políticas e de supervisão entenderam que este era o funcionamento
normal do sistema financeiro, que a produção de papéis tóxicos era “inovação
financeira” e que vendas a descoberto ou seguros sobre fracassos em benefício do
infrator eram boas práticas.
(…)
Este sistema foi favorecido pela desregulação,
anunciada como o melhor dos mundos, era o prémio do mérito da aventura financeira.
(…)
As almofadas de capital eram mínimas e
dançava-se no fio da navalha.
(…)
Como os bancos tendiam a ser cada vez mais
alavancados, o risco era iminente.
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[Em vésperas da crise de 2008 a] alavancagem
disponibilizava enormes oportunidades que exigiam a criação de instrumentos artificiosos
para captarem poupanças e para alimentarem o circuito.
(…)
A grande crise de 2008 foi precisamente o
colapso de um setor da finança-sombra, a especulação imobiliária nos Estados
Unidos.
(…)
Em Portugal, tudo isso era BES.
(…)
Descobrimos
sem surpresa que em todos os governos, com uma única excepção (o de Maria de
Lourdes Pintasilgo), se sentaram representantes do BES no Conselho de
Ministros.
(…)
A finança-sombra já voltou a dominar a criação
de crédito e o BES foi simplesmente substituído por outros agentes.
Francisco Louçã, “Público”
(sem link)
Entre o dia de hoje e a próxima quarta-feira é conveniente
não nascer na margem sul do Tejo.
(…)
O afastamento supersónico de Fernando Araújo e da sua equipa,
independentemente da vontade das partes, foi um erro crasso que um balanço mais
alargado julgará.
(…)
Ana Paula Martins, foi apenas um penso rápido para algo que
ninguém consegue explicar: o agravamento da situação nas urgências e o
desaparecimento sem combate de António Gandra, actual director-executivo do SNS.
(…)
Em campanha, com pompa e circunstância e mais olhos do que
barriga, Luís Montenegro pediu 60 dias para resolver muitos dos problemas do SNS
através de um plano de emergência onde acabou por elencar 54 medidas
fundamentais.
(…)
A política do reencaminhamento na Saúde parece estar a ser um
caso sério, substituto integral de um plano de emergência incumprível.
(…)
O processo de destruição do SNS pode ganhar velocidade à
medida que cresce a dimensão do insólito, enquanto somos testemunhas de pensos
aleatórios e reencaminhamento de chamadas.
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